Político ucraniano pró-Rússia é assassinado na Espanha
21 de maio de 2025
Andriy Portnov, de 51 anos, foi morto com vários tiros diante de uma escola. Ele foi um dos mais importantes assessores de Viktor Yanukovych, um antigo aliado de Putin e que foi presidente da Ucrânia entre 2010 e 2014.
Jurista de formação, Portnov foi um dos protagonistas da resposta do então governo ucraniano à revolta de MaidanFoto: REUTERS
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Um antigo assessor do ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovych foi morto a tiros nesta quarta-feira (21/05) numa rua de Pozuelo de Alarcón, na região de Madri, segundo a polícia espanhola.
A vítima é Andriy Portnov, de 51 anos, que, segundo vários meios de comunicação espanhóis, tinha acabado de deixar seus filhos no Colégio Americano de Madri, uma escola americana localizada na elegante área residencial, quando foi morto.
Por volta das 9h15 locais, Portnov preparava-se para entrar no seu carro quando vários homens se aproximaram e o atingiram ao menos três vezes com disparos na cabeça e nas costas. Os autores dos tiros fugiram e são procurados pela polícia.
Portnov preparava-se para entrar no seu carro quando vários homens se aproximaram e o atingiram com disparos na cabeça e nas costasFoto: Paul White/AP Photo/picture alliance
Opositor do atual presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, Portnov foi um dos mais importantes assessores de Yanukovych, que era próximo do regime de Vladimir Putin e que foi presidente da Ucrânia entre 2010 e 2014. Hoje, Yanukovych vive no exílio na Rússia, após fugir da Ucrânia em meio à onda de protestos que ficou conhecida como Euromaidan.
Portnov foi investigado por corrupção e violação de direitos humanos, tendo sido alvo de sanções por parte da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos.
Queda de Yanukovych
Jurista de formação, Portnov foi um dos protagonistas da resposta do então governo ucraniano ao levante popular de 2014, contra a aproximação à Rússia, que ficou conhecido como a "revolta de Maidan".
Portnov teria se envolvido, de acordo com a imprensa ucraniana, na elaboração da legislação aprovada em 16 de janeiro de 2014 pelo parlamento ucraniano para conter os protestos de rua que começaram em novembro do ano anterior, quando Yanukovych decidira não assinar um acordo de associação com a UE para não desagradar a Rússia. À época, Yanukovych, conhecido pelo estilo de vida opulento e recorrentes acusações de corrupção, era denunciado por adversários como um "fantoche" de Putin.
Em novembro de 2013, Yanukovych havia anunciado a suspensão, por pressão de Moscou, do acordo de associação com a UE – dependente da aplicação de um pacote de medidas, incluindo privatizações e reforma das leis trabalhistas – justificando que ele prejudicaria a Ucrânia.
A decisão desencadeou uma onda de protestos que durou meses. Mais de duas centenas de pessoas morreram nas manifestações, que incluíram confrontos de rua entre os manifestantes e forças de segurança e resultaram na queda de Yanukovych, em fevereiro de 2014.
Portnov, Yanukovych e outros altos funcionários daquele governo fugiram da Ucrânia para buscar refúgio na Rússia, diante da crescente pressão das ruas. De acordo com várias publicações ucranianas, Portnov mais tarde mudou-se para Viena.
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Sanções dos EUA
Segundo o meio de comunicação ucraniano Hromadske, que Portnov processou no ano passado por apontar seu suposto papel na tomada da Crimeia pela Rússia, o ex-assessor de Yanukovych foi um dos 18 ucranianos sancionados pela UE por corrupção e violações de direitos humanos em 2014. Portnov foi, no entanto, removido dessa lista de sanções um ano depois por decisão do Tribunal de Justiça Europeu.
Ao contrário de outros altos funcionários da era Yanukovych – como o próprio ex-presidente, que tem várias condenações à revelia na Ucrânia – Portnov permaneceu em contato com sua terra natal, chegando a retornar a ela em 2019.
Em 2021, foram os Estados Unidos que impuseram sanções contra ele, desta vez por "alegações confiáveis de uso de sua influência" para corromper os tribunais e "minar os esforços para reformar" a Ucrânia.
Série de crimes na Espanha
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, ocorreram diversos crimes de alto perfil relacionados à Rússia e à Ucrânia na Espanha, que possui comunidades significativas de expatriados de ambos os países.
Em 2022, um funcionário público espanhol aposentado enviou seis cartas-bomba a alvos em toda a Espanha, incluindo o primeiro-ministro Pedro Sánchez, as embaixadas ucranianas e americanas e escritórios governamentais. Ele foi condenado e preso pelos crimes no ano passado.
Em fevereiro de 2024, um piloto russo que havia desertado para a Ucrânia com seu helicóptero foi encontrado morto com múltiplos ferimentos de bala no estacionamento de seu prédio perto de Alicante, no sudeste da Espanha.
as (Efe, AFP, Reuters)
O mês de maio em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Francesco Sforza/REUTERS
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Salão Oval vira, mais uma vez, palco de "emboscada"
O presidente dos EUA, Donald Trump, aproveitou a visita do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, para apresentar supostas provas de um "genocídio" contra fazendeiros brancos sul-africanos, teoria propagada por Elon Musk. O mal-estar diplomático foi transmitido ao vivo. Jovens negros são as maiores vítimas da violência na África do Sul, que ainda enfrenta marcas do apartheid. (21/05)
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Após avisar que tomaria "ações concretas" contra a escalada das operações israelenses em Gaza, o Reino Unido interrompeu as negociações sobre um acordo de livre comércio com Israel, convocou a embaixadora do país para prestar esclarecimentos e impôs novas sanções contra colonos da Cisjordânia. Já a UE disse estar aberta a revisar um acordo de associação com Israel. (20/05)
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Quase nove anos depois de votar pelo Brexit, o Reino Unido chegou a um amplo acordo com a União Europeia que vai redefinir seus laços comerciais e de defesa. O pacto viabiliza investimentos militares, reduz controles de fronteira e compartilha controle comercial marítimo. (19/05)
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Leão 14 celebra missa inaugural de seu pontificado
O papa Leão 14 celebrou sua missa de entronização, que inaugura seu pontificado e marca oficialmente o início de seu período à frente do Vaticano e da Igreja Católica. Na homilia, o papa pediu união e amor à humanidade, e condenou o sistema econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os pobres (18/05)
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O festival Eurovision 2025 chegou ao fim com a vitória de Johannes Pietsch, conhecido como JJ, da Áustria, que apresentou a canção "Wasted Love". O cantor de ópera foi o vencedor com um total de 436 pontos, 154 dos quais obtidos através do voto popular. (17/05)
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Surto de gripe aviária no Brasil
A confirmação do primeiro surto de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil levou alguns países como China e Argentina a interromperem a compra de carne de frango brasileira, pressionando o mercado bilionário de exportação do produto. Governo afirma que as medidas de contenção e erradicação para debelar a doença e manter a capacidade produtiva do setor já foram tomadas. (16/05)
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Israel intensifica ataques enquanto mantem bloqueio a Gaza
Defesa Civil palestina relatou mais de 100 mortes em apenas um dia em ataques israelenses à Faixa de Gaza, onde a crise humanitária e a escassez de recursos atingem níveis cada vez mais alarmantes. ONU alerta que estoques de alimentos, água potável, combustíveis e medicamentos atingiram níveis extremamente baixos. (15/05)
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Alemanha prende três por planejarem atos de sabotagem
O Ministério Público da Alemanha anunciou a prisão de três cidadãos ucranianos, dois deles na Alemanha e um na Suíça, por suspeita de atuarem como agentes da Rússia para realizar atos de sabotagem com explosivos no transporte de cargas alemão. (14/05)
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Morre "Pepe" Mujica, o presidente mais humilde do mundo
O ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica morreu aos 89 anos. Ele estava em estágio terminal de um câncer de esôfago e recebia cuidados paliativos. Sua morte foi informada pelo atual líder do país sul-americano, Yamandu Orsi. Líderes do mundo inteiro se despediram do ex-guerrilheiro uruguaio. (13/05)
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Hamas anuncia libertação de refém israelense-americano
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Foto: Ohad Zwigenberg/AP/dpa/picture alliance
Primeira bênção dominical do papa Leão 14
Em sua primeira bênção dominical na Praça de São Pedro, o papa Leão 14 pediu uma paz genuína e justa na Ucrânia e um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. "Depois desse cenário dramático de uma terceira guerra mundial em pedaços, como tantas vezes afirmou o papa Francisco, eu me dirijo também aos grandes do mundo, repetindo o apelo sempre atual: nunca mais a guerra", afirmou o pontífice. (11/05)
Foto: Vatican Media/ZUMA Press/IMAGO
Macron, Merz, Starmer e Tusk visitam Kiev
Os líderes do Reino Unido, Keir Starmer, da França, Emmanuel Macron, da Alemanha, Friedrich Merz, e da Polônia, Donald Tusk, se encontraram com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em Kiev, uma demonstração conjunta de apoio à Ucrânia. A visita ocorre um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, receber aliados no evento que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra em Moscou. (10/05)
Foto: LUDOVIC MARIN/POOL/AFP/Getty Images
Leão 14 celebra sua 1ª missa como novo papa
O papa Leão 14 celebrou sua primeira missa após ter sido escolhido como o novo líder da Igreja Católica. O missionário agostiniano retornou à Capela Sistina, onde ocorreu o conclave, para celebrar a missa na presença dos cardeais. Na homilia, disse que foi eleito para que a Igreja possa ser um "farol" para iluminar as regiões do mundo onde haja falta de fé. (09/05)
Foto: VATICAN MEDIA/Handout/AFP
Cardeal americano Robert Prevost é eleito novo papa
O conclave elegeu o cardeal americano Robert Prevost, de 69 anos, como o 267º papa da Igreja Católica. Missionário agostiniano, ele é o primeiro pontífice nascido nos EUA da história. Em seu primeiro discurso aos fiéis, homenageou o papa Francisco, pediu construção de pontos e paz a todos os povos. (08/05)
Foto: Guglielmo Mangiapane/REUTERS
Começa o conclave que irá eleger o novo papa
Cardeais de todo o mundo estão reunidos no Vaticano para eleger o próximo líder da Igreja Católica.133 cardeais de 71 países estão aptos a votar no maior e mais geograficamente diverso conclave em 2 mil anos de história. Ao fim do primeiro dia, fumaça preta na chaminé da Capela Sistina indicou que não houve consenso em torno de um novo nome. (07/05)
Foto: Gregorio Borgia/AP/picture alliance
Merz toma posse após tropeço histórico no Bundestag
O Bundestag (Parlamento) elegeu oficialmente, em segunda votação, o conservador Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), como o novo chanceler federal do país Ele é o terceiro membro da CDU a chefiar o governo alemão desde a reunificação do país, em 1990. O conservador conseguiu o feito inédito de não conseguir se eleger na primeira rodada de votação (06/05).
Foto: Lisi Niesner/REUTERS
Israel se prepara para ampliar ofensiva militar em Gaza
O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para expandir as operações militares em Gaza, incluindo a "conquista" do território palestino e a pressão para que residentes se desloquem para o sul. No domingo, militares israelenses já haviam iniciado uma convocação em massa de reservistas para ampliar a ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza. (05/05)
Foto: Omar Ashtawy/ZUMAPRESS.com/picture alliance
Míssil disparado do Iêmen cai perto do aeroporto de Tel Aviv
O Aeroporto Internacional de Ben Gurion, na região de Tel Aviv, foi alvo de um ataque de míssil. Os rebeldes Houthis, do Iêmen, grupo aliado do Hamas, reivindicaram a autoria do ataque, que causou interrupção no tráfego aéreo. O exército israelense reconheceu que não conseguiu interceptar o míssil. (04/05)
Foto: Ohad Zwingenberg/AP/dpa/picture alliance
Austrália: esquerda reelege premiê em meio a onda anti-Trump
O primeiro-ministro da Austrália, o trabalhista Anthony Albanese, proclamou a vitória de seu partido nas eleições gerais. Ele se tornou, assim, o primeiro chefe de governo a conquistar um segundo mandato consecutivo de três anos em 21 anos. "Os australianos escolheram enfrentar os desafios globais do jeito australiano, cuidando uns dos outros e construindo o futuro", disse Albanese. (03/05)
Foto: Rick Rycroft/AP Photo/picture alliance
Inteligência alemã classifica AfD como extremista de direita
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Foto: dts Nachrichtenagentur/IMAGO
Trabalhadores ao redor do mundo protestam no 1º de Maio
Redução de jornada, garantia de direitos e melhoria do ambiente de trabalho foram algumas das reivindicações de manifestações em todo o mundo no Dia do Trabalhador, como nesta em Daca, capital de Bangladesh. A data remonta ao início de uma greve em Detroit ocorrida em 1886, que resultou na prisão e morte de trabalhadores. (01/05)