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Políticos alemães advertem: expulsar Irã da ONU pode ser pior

(rw)29 de outubro de 2005

Representantes da política externa do futuro governo de coalizão em Berlim advertem contra precipitações numa punição do Irã. Protesto antiisraelense tem contramanifestação em Berlim.

Manifestações contra Israel no IrãFoto: AP

Apesar das duras críticas européias às ameaças contra Israel feitas esta semana pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, os peritos em política externa do Partido Social Democrata (SPD) e da aliança entre União Democrata Cristã e União Social Cristã (CDU/CSU) advertiram contra medidas apressadas como sanções contra Teerã.

O vice-líder da bancada do SPD no Parlamento, Gernot Erler, manifestou-se contra a exclusão do Irã da Organização das Nações Unidas, pois segundo ele "é justamente na ONU que o Irã precisa ser cobrado". O especialista em política externa da CDU/CSU, Friedbert Pflüger, exigiu medidas severas da comunidade internacional. "A Alemanha não pode agir sozinha e, sim, em parceria com a União Européia", disse. Ele ainda acha muito cedo para falar em sanções.

Indignação e protestos do mundo ocidental

Mahmoud Ahmadinejad falou em conferência na capital iranianaFoto: AP

O governo alemão condenou com veemência o pronunciamento do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad sobre Israel e imediatamente havia convocado o representante diplomático do Irã em Berlim a comparecer ao Ministério das Relações Exteriores. Numa conferência intitulada "O mundo sem o sionismo", Ahmadinejad disse que Israel "deve ser eliminado do mapa". Em reação, o vice-primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, exigiu que o Irã seja excluído da Organização das Nações Unidas.

A afirmação de Ahmadinejad causou indignação e protestos em todo o mundo ocidental. Os chefes de governo e de Estado da União Européia a condenaram como inconciliável com a pretensão do Irã de ser um membro responsável na comunidade internacional. O Ministério do Exterior britânico também convocou um diplomata iraniano.

O pronunciamento é profundamente inquietante e reforça as restrições ao pragrama nuclear do Irã, declarou um porta-voz do ministério em Londres.

Sanções seriam ruins para as empresas

O setor econômico teme a imposição de sanções pelas Nações Unidas contra Teerã, pois trariam conseqüências negativas às empresas alemãs. "As citações do presidente iraniano não servem de argumento para evitar as ameaças de sanções pelas Nações Unidas", argumentou o perito em Oriente Médio da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Jochen Clausnitzer.

"Acho muito provável que o tema seja levado ao Conselho de Segurança da ONU, que é o lugar que lhe compete", disse o social-democrata Gernot Erler. As declarações de Ahmadinejad "são uma provocação a toda a comunidade internacional. Caso o Irã não coopere, se isolará de todo o mundo".

Respeito mútuo entre os povos

O embaixador israelense em Berlim, Shimon Stein, defendeu ser necessário "mostrar ao Irã que ele ultrapassou uma linha vermelha". A comunidade internacional agora tem de assumir uma posição, completou. Já para o diretor do Instituto para Estudos do Oriente, de Essen, Udo Steinbach, as palavras do presidente iraniano estão sendo superstimadas.

O Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha condenou as afirmações do chefe de governo do Irã. "Esta afirmação é inaceitável e prejudica a busca de soluções para o conflito no Oriente Médio", disse o presidente da organização, Nadeem Elyas. Numa entrevista ao jornal Bild am Sonntag, ele destacou que os muçulmanos na Alemanha esperam que todos os países aceitem o Direito internacional e que respeitem os direitos de outros povos à vida. "Isto vale tanto para Israel em relação ao povo palestino como para o Irã em relação a Israel", afirmou Elyas.

Wolfgang SchäubleFoto: dpa

Wolfgang Schäuble, que deve assumir a pasta do Interior no futuro governo alemão, conceituou como "preocupantes as afirmações de Ahmadinejad". Referindo-se ao polêmico programa nuclear iraniano, Schäuble disse numa entrevista ao Bild am Sonntag: "Não podemos ter ilusões sobre a periculosidade do Irã".

Manifestação em Berlim

Cerca de 350 pessoas participaram de uma tradicional manifestação (Dia Al-Qud) contra Israel no bairro de Charlottenburg, em Berlim, neste sábado (29/10). Segundo a polícia, não ocorreram incidentes. A manifestação havia sido permitida pelas autoridades alemãs, desde que não fossem repetidos os lemas do presidente iraniano.

Ao mesmo tempo, cerca de 200 pessoas protestaram contra a manifestação, entre as quais o presidente do Partido Verde, Reinhard Bütikofer, e o presidente da Confederação Alemã de Sindicatos, Michael Sommer.

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