Políticos de cidade alemã querem restringir venda de kebab
12 de agosto de 2024
Além do lanche icônico com raízes na Turquia, conservadores de Heilbronn querem restringir outros comércios frequentemente ligados à comunidade turca, como barbearias e salões de manicure, em prol da "diversidade".
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Foi-se o tempo em que a dieta alemã era simbolizada por linguiça, joelho de porco e cerveja. O prato mais popular no país atualmente é o döner kebab.
No entanto, a hegemonia do lanche de origem turca tem incomodado uma cidade no sul do país.
Políticos de Heilbronn, no estado de Baden-Württemberg, querem impor um limite para o comércio de kebab. O diretório daUnião Democrata Cristã (CDU), partido de centro-direita ao qual pertence a ex-chanceler federal Angela Merkel, apresentou uma moção para limitar o número de estabelecimentos que vendem esse tipo de lanche no centro da cidade.
Durante uma entrevista à agência de notícias alemã DPA enquanto comia um kebab, o vereador da CDU Christoph Troßbach admitiu que o lanche "tem um gosto bom, mas não todos os dias".
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600 toneladas por dia
Conhecido por ser uma opção de fast food acessível e saborosa, cerca de 600 toneladas de carne döner são produzidas na Alemanha diariamente.
A carne, geralmente de frango ou bovina, é assada em uma churrasqueira vertical e fatiada muito fina. Vira o döner kebab quando inserida em um pão, com saladas e molhos. Há também opções sem carne – com halloumi (tipo de queijo) e falafel.
O lanche tem suas origens na Turquia, mas é reverenciado na Alemanha após ter sido introduzido por imigrantes turcos na década de 70. Atualmente, quase três milhões de pessoas com raízes turcas vivem na Alemanha, a maior comunidade fora da Turquia.
A cruzada da CDU em Heilbronn não se limita às lanchonetes e barracas de kebab. O partido mira outros negócios geralmente associados às comunidades turcas na Alemanha, como barbearias e estúdios de manicure, e pede que esses estabelecimentos também sejam limitados em prol da "diversidade".
A proposta do partido foi duramente criticada, mas encontrou apoio em parte da população. Além da CDU, a Alternativa para Alemanha (AfD), sigla de ultradireita, é outra força política local, com a defesa de pautas como a volta de imigrantes para seus países.
A prefeitura, no entanto, é cautelosa sobre uma iniciativa para discriminar certos tipos de estabelecimentos. Heilbronn tem aproximadamente 150 mil habitantes e é governada pelo Partido Social Democrata, de centro-esquerda, sigla do chanceler federal, Olaf Scholz.
"A questão de se limites superiores são possíveis para certos empreendimentos comerciais é muito complexa e abrange várias áreas da lei", disse uma porta-voz da administração da cidade, acrescentando que a prefeitura está analisando o pedido da CDU.
"A moção será tratada no conselho municipal após as férias de verão [na Europa]", disse a porta-voz.
Berlim reivindica a autoria do lanche
A capital alemã diz que foi o palco da invenção döner kebab.
"Aconteceu em Berlim: diz a lenda, Kadir Nurman foi o primeiro a colocar a carne no pão achatado em 1972 e inventou a versão do döner que é tão querida na Alemanha", segundo o site da cidade.
Mas há controvérsias. Em abril, a International Doner Federation (Udofed), com sede na Turquia, apresentou um pedido à Comissão Europeia para conceder ao döner kebab o estatuto de Especialidade Tradicional Garantida (ETG).
Surgiu então uma disputa entre Turquia e Alemanha sobre o que constitui um döner kebab, com Berlim se opondo a uma pressão turca para obter o status de proteção para o lanche icônico.
Desde a carne e temperos exatos até a espessura da faca usada para fatiar, a federação deseja que o lanche seja preparado de acordo com uma lista rigorosa de critérios.
Se for bem-sucedido, o pedido impediria as empresas da União Europeia de usar o nome döner kebab, a menos que atendesse aos critérios, dando à comida o mesmo status protegido que a mussarela de búfala da Itália ou o presunto Serrano da Espanha.
No seu pedido, a Udofed atribui as origens da comida ao Império Otomano, citando uma receita encontrada em manuscritos que datam de 1546.
O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, não se fez de rogado em viagem à Turquia, em abril. Em uma cerimônia, levou o próprio espeto de döner na mala de Berlim a Istambul e ajudou a cortar 60 kg de carne.
O gesto que serviria para sinalizar um intercâmbio cultural foi considerado por muitos membros na diáspora turca como ofensivo, ao reduzir suas contribuições a um clichê.
sf/le (DPA, AFP, ots)
Dez fatos curiosos sobre Berlim
A capital alemã se tornou um ímã turístico desde a queda do Muro de Berlim, em 1989. Mas poucos conhecem alguns superlativos e curiosidades impressionantes sobre a cidade.
Foto: Stefan Ziese/imageBROKER/picture alliance
Cidade com três casas de ópera
Berlim é a única cidade do mundo com três casas de ópera! Felizmente, não há nenhum fantasma - e, se houvesse algum, ele estaria bastante ocupado. A razão desta situação ímpar é que por mais de 40 anos Berlim, como todo o país, foi dividida entre Oriental e Ocidental. Mesmo depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, as casas de óperas de ambos os lados continuaram em atividade.
Foto: Paul Zinken/dpa/dpa-Zentralbild/picture alliance
Mais pontes que Veneza
Ir de A a B em Berlim é fácil, pois a cidade tem cerca de 2.100 pontes, das quais mais de 600 são sobre a água. O número de pontes bate facilmente o de Veneza. Afinal, a capital alemã tem quase 200 quilômetros de rios e canais, com inúmeras embarcações sobre o rio Spree, o rio Havel e o canal Teltow.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kumm
Sonho de consumo
Paris tem a Galeria Lafayette, Madri tem a El Corte Inglés, mas é Berlim que tem a maior loja de departamentos da Europa continental. Fundada em 1907, a Kaufhaus des Westens (Loja de Departamentos do Oeste), mais conhecida como KaDeWe, tem o tamanho de oito campos de futebol, com 64 escadas rolantes e 26 elevadores. A cada dia, mais de 50 mil pessoas vêm aqui fazer compras, sendo 40% turistas.
Foto: Imago/Revierfoto
Confusão culinária
Quando o então presidente americano John F. Kennedy declarou "Ich bin ein Berliner" (Eu sou um berlinense), em 1963, ele insinuou que poderia ser um sonho, pois a guloseima frita recheada com creme ou geleia é conhecida em toda a Alemanha como "Berliner". Em Berlim, no entanto, é conhecido com "Pfannkuchen", panqueca. Já a panqueca é chamada pelos berlinenses de "Eierkuchen", bolo de ovos.
Foto: Caroline Seidel/dpa/picture alliance
Único restaurante público em prédio parlamentar
Um dos melhores locais em Berlim para desfrutar destas e de outras especialidades tipicamente alemãs fica no topo do prédio do Reichstag, sede do Parlamento alemão. Ele é o único restaurante em um prédio parlamentar no mundo aberto ao público. No entanto, é necessário registrar-se com antecedência, fornecendo dados pessoais e apresentando identificação ao entrar no prédio.
Foto: Christian Beier/chromorange/picture-alliance
Delícias multiculturais
Falando em comida, a grande comunidade turca de Berlim tem uma enorme influência na culinária local. Com 1.600 pontos de venda de döner kebab, em Berlim há mais deste tipo de estabelecimento do que em Istambul! A razão é que o kebab como lanche com carne, salada e molho foi realmente inventado em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Steinberg
Sem carne, por favor!
Quem não come carne tem muitas opções em Berlim. A cidade tem mais de 100 restaurantes veganos ou semelhantes, que servem comida sem origem animal. A maioria dos supermercados, cafés e sorveterias também oferece produtos veganos. A capital alemã tem até mesmo uma sex shop vegana.
Foto: Ole Spata/dpa/picture alliance
Importância do sexo
O sexo desempenha um papel especial em Berlim. Mesmo o lema não oficial da cidade "arm aber sexy" (pobre, mas sexy) reflete este aspecto da identidade moderna de Berlim. Para muitas pessoas, a expressão de sua sexualidade é parte da cultura geral da cidade. Há até mesmo um museu gay (Schwules Museum) e um museu de batons (Lippenstift-Museum).
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Museus e galerias de todos os tipos
Com 300 galerias, Berlim é o maior centro europeu de arte contemporânea. Quem busca obras fora do comum, certamente vai achá-las em Berlim. Entre os tantos tipos de museus, a cidade tem também os tradicionais, conhecidos mundialmente, na Ilha dos Museus. Berlim tem também o maior museu ao ar livre do mundo: a East Side Gallery, com arte pintada sobre o que resta do Muro de Berlim.
Foto: picture-alliance/S. Lubenow
Chove? Vou ao museu!
O clima em Berlim é tudo menos tropical, mas você sabia que lá há mais museus do que dias de chuva por ano? Portanto, não deixe que boatos de mau tempo atrapalhem seus planos turísticos. Os viajantes profissionais até planejam suas viagens em torno deste fato e procuram os interiores acolhedores de uma grande galeria ou museu em dias cinzentos e chuvosos de inverno.