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Polônia acusa Netflix de erro histórico sobre Holocausto

11 de novembro de 2019

Primeiro-ministro polonês critica imprecisões em mapas históricos mostrados na série documental "The Devil Next Door", que conta a história do ucraniano John Demjanjuk, acusado de crimes de guerra durante regime nazista.

John Demjanjuk, ex-guarda do campo de concentração nazista de Sobibor, acusado oficialmente de cumplicidade na morte de quase 30 mil prisioneiros.
John Demjanjuk, acusado oficialmente de cumplicidade na morte de quase 30 mil prisioneiros, em 2011, em Munique Foto: picture-alliance/dpa

O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, divulgou nesta segunda-feira (11/11) uma queixa oficial ao portal de serviço de streaming Netflix em relação ao que ele classificou como "imprecisões históricas" na produção da série documental The Devil Next Door.

Morawiecki publicou a carta em sua página no Facebook com a seguinte explicação: "Talvez para os criadores seja um erro insignificante, mas é muito prejudicial para a Polônia". Um porta-voz da Netflix afirmou que a empresa iniciou uma verificação dos fatos, em caráter de urgência.

A série documental The Devil Next Door conta a história das ações judiciais contra John Demjanjuk, um ucraniano que migrou aos EUA poucos anos depois da Segunda Guerra e que foi posteriormente acusado de ser um criminoso nazista. 

Segundo o premiê polonês, a imprecisão na série "envolve um mapa que coloca falsamente vários campos de concentração nazistas dentro das fronteiras da Polônia moderna".

"Não há nenhum comentário ou explicação de que esses campos foram operados pela Alemanha", prosseguiu Morawiecki e acrescentou que o mapa "engana os espectadores a acreditarem que a Polônia foi responsável por estabelecer e manter esses campos e por cometer os crimes neles".

"Como meu país nem existia na época como um estado independente, e milhões de poloneses foram assassinados nesses campos, esse elemento do 'The Devil Next Door' não é nada menos do que reescrever a história", afirmou.

Antes, o Ministério das Relações Exteriores da Polônia havia criticado via Twitter o mapa com a delimitação de fronteiras que não condizem com o momento histórico retratado na série.

O canal oficial no Twitter do Memorial de Auschwitz celebrou, primeiramente, a filmagem sobre um fato historicamente tão importante, mas também criticou a falta de precisão da produção ao apontar erros na colocação geográfica dos campos de concentração de Chelmno e Majdanke.  

O governo polonês monitora rigorosamente que os campos de concentração da Alemanha nazista que foram operados em áreas que hoje pertencem à Polônia moderna não sejam descritos como "campos poloneses" – uma ofensa criminal segundo uma lei polonesa de 2018.

A legislação recebeu diversas críticas, principalmente de Israel, devido a preocupações de que poderia ser abusada para obscurecer o envolvimento de colaboradores poloneses em crimes de guerra nazistas.

Apesar da controvérsia com os poloneses, a série documental The Devil Next Door, conduzida pelos diretores israelenses Yossi Bloch e Daniel Sivan, recebeu críticas amplamente positivas – o diário americano Wall Street Journal afirmou não haver "cinco horas de televisão mais recompensantes".

PV/dpa/ots

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