Parlamento polonês retira punição com até três anos de prisão pelo uso do termo "campos de concentração poloneses". Legislação controversa gerou atritos com Israel e Estados Unidos.
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O Parlamento da Polônia aprovou nesta quarta-feira (27/06) uma nova versão da polêmica lei sobre o Holocausto, eliminando as penas de prisão previstas pelo uso do termo "campos de concentração poloneses".
A legislação gerara uma série de controvérsias e chegou a provocar uma crise diplomática com Israel e os Estados Unidos.
A lei original previa penas de até três anos de prisão para quem utilizasse a expressão ou acusasse a Polônia de cumplicidade no massacre de judeus ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial.
A legislação, aprovada no início do ano, foi muito criticada pelos EUA e por Israel. Ambos afirmaram que ela desafiava a verdade histórica e viram nela um ataque à liberdade de expressão, além de uma tentativa de esconder a cumplicidade, direta ou indireta, de setores da sociedade polonesa durante o Holocausto.
O governo polonês afirmou que a legislação tinha o objetivo de defender o país dos veículos de imprensa estrangeiros, que costumam se referir a Auschwitz e a outros campos de concentração e de extermínio nazistas como "campos de concentração poloneses", uma vez que estavam localizados na Polônia ocupada.
A nova versão deverá ajudar na melhora das relações da Polônia com Tel Aviv e Washington. No entanto, em termos de política interna, poderá diminuir o apoio dos setores mais conservadores e nacionalistas ao partido governista Lei e Justiça (PiS).
O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, disse que seu governo continuará "lutando para informar a verdade" sobre o Holocausto. Ele justificou a revisão da lei para que o país se enquadre no "contexto internacional", apesar de voltar a afirmar que os que acusarem a Polônia de ser responsável pelo Holocausto "merecem pena de prisão".
RC/ap/efe
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A vida de crianças num campo de concentração
Em 15 de abril de 1945, tropas britânicas chegaram a Bergen-Belsen. No aniversário dos 73 anos da libertação do campo, exposição lembra as 3.500 crianças que estiveram presas no lugar, incluindo Anne Frank.
O campo nazista de Bergen-Belsen abrigou um número excepcionalmente alto de crianças durante seu funcionamento, entre 1943 e 1945. As experiências traumáticas são descritas na exposição "Crianças no Campo de Concentração de Bergen-Belsen". Algumas nunca conseguiram falar sobre o horror sofrido. Outras relataram por escrito suas experiências para a posteridade.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
Cara a cara com o passado
O que os visitantes pensam ao ver o retrato de um sobrevivente? Se eles também aprenderam a fazer contas contando cadáveres? Se também brincavam de adivinhar que era o próximo a morrer no barracão? O que parece macabro era apenas a triste realidade das crianças prisioneiras do lugar.
Lous Steenhuis tinha três anos quando chegou a Bergen-Belsen, vinda do campo de concentração de Westenbork e levando sua boneca, Mies. A garotinha, da cidade de Bussum, na Holanda, estava sozinha, sem pais, família ou conhecidos.
Hoje, Lous Steenhuis-Hoepelman tem 76 anos. E ainda guarda contigo sua antiga companheira de campo de concentração. Ela não acha que Mies seja uma boneca bonita. Mas, sem dúvida, o brinquedo a ajudou a suportar os traumas da época.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
A vítima mais famosa
Anne Frank morreu em fevereiro de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, aos 15 anos de idade. A alemã emigrou para a Holanda, com seus pais judeus. Quando os nazistas invadiram o país, Anne teve que viver em um esconderijo junto com a família. Mas eles foram denunciados. Os textos da menina são um importante documento histórico daquela época.
O número total de prisioneiros que estiveram em Bergen-Belsen é estimado em até 120 mil. Tropas britânicas encontraram cerca de 60 mil presos. Quase um quarto deles morreu depois da libertação. Cerca de 50 mil prisioneiros morreram no lugar, incluindo por volta de 600 crianças. As valas comuns no campo de concentração são testemunhas silenciosas da crueldade do domínio nazista.