Treinos ilegais na Líbia
4 de abril de 2008As acusações tornaram-se públicas nesta sexta-feira (04/04) através de um relato no diário Süddeutsche Zeitung, mas são de conhecimento das lideranças das Forças Armadas alemãs desde 2006 e do Departamento Estadual de Investigações da Renânia do Norte há dez meses. Um soldado e policiais alemães ganharam dinheiro por debaixo do pano treinando na Líbia especialistas em segurança a serviço de Muammar Kadafi.
Agências de notícias e o jornal de Munique falam em mais de 30 profissionais alemães que teriam atuado na Líbia em suas férias, embolsando até 15 mil euros por seus serviços. A Secretaria do Interior da Renânia do Norte-Vestfália confirmou processos disciplinares contra oito policiais que integravam unidades de operações especiais e nesse meio tempo foram afastados dessas funções. As Forças Armadas confirmaram a suspensão de um soldado, contra o qual se realizam investigações.
Os treinos na Líbia teriam sido organizados por um ex-integrante do GSG-9 – a unidade de elite antiterror da Polícia Federal alemã – que fundou uma empresa de segurança e contratou os especialistas alemães à base de honorários. O Ministério do Interior confirmou apenas que entre os envolvidos não há nenhum membro ativo do GSG-9.
Suspeita de utilização de materiais sigilosos
Todos os métodos e procedimentos das unidades de operações especiais da polícia alemã têm o status de sigilosos. Os policiais que realizaram os treinos na Líbia podem ter se utilizado de papéis e materiais sujeitos ao sigilo profissional.
Um porta-voz da Promotoria Pública de Düsseldorf, que conduz as investigações, confirmou que há suspeitas neste sentido contra um dos policiais, mas que elas não se confirmaram nos demais casos.
Representantes da classe de policiais manifestaram preocupação e criticaram com veemência as atividades de seus colegas. "A Líbia é um Estado vilão. Policiais alemães não têm nada o que fazer lá", declarou Rainer Wendt, presidente do Sindicato Alemão da Polícia.