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Policiais ignoram acordo e mantêm paralisação no ES

11 de fevereiro de 2017

Sem apoio de manifestantes, entendimento entre associações de policiais e governo não surte efeito, e tropas seguem dentro de batalhões. Onda de violência continua no estado, que já teve mais de 130 mortos em uma semana.

Brasilien Espirito Santo
Mulheres de policiais seguem acampadas diante de batalhões em VitóriaFoto: Reuters/P. Whitaker

O acordo entre associações de policiais militares e o governo estadual não foi suficiente para pôr fim à paralisação que mantém há uma semana PM e bombeiros fora das ruas no Espírito Santo, que vive uma onda de roubos, saques e violência.

Neste sábado (11/02), mulheres de policiais amotinados seguem acampadas diante de batalhões em Vitória, capital estadual. O prazo para que os PMs voltassem às atividades sem punição, segundo o acordo feito na sexta, era 7h da manhã.

As mulheres dos policiais não participaram da negociação com o governo. No acordo firmado, o governo não concedeu aumento salarial. Na proposta apresentada pelas mulheres, elas pediam 20% de reajuste imediato e 23% de reajuste escalonado.

Pelo acordo, os militares não sofrerão sanções administrativas caso voltem ao trabalho, mas o indiciamento de mais de 700 deles pelo crime militar de revolta não será suspenso. Se condenados, a pena é de oito a 20 anos em presídio militar e a expulsão da corporação.

Em nota divulgada na sexta-feira, o presidente Michel Temer condenou duramente a paralisação e chamou o movimento de ilegal. Foi a primeira vez que Temer se manifestou sobre o assunto desde o início do protesto, há uma semana.

"O presidente condena a paralisação ilegal da polícia militar, que atemoriza o povo capixaba", afirma a nota. "Ressalta que o direito à reivindicação não pode tornar o povo brasileiro refém. O Estado de Direito não permite esse tipo de comportamento inaceitável."

Reivindicações

A greve dos PMs começou de forma inusitada na sexta-feira passada, quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam a porta da frente de uma companhia militar e impediram a saída de viaturas. O movimento se espalhou para outros batalhões no estado. 

Os policiais, proibidos por lei de fazer greve, reivindicam melhores salários e condições de trabalho. Nesta sexta-feira, 703 policiais foram indiciadospelo crime de revolta e podem ser expulsos da corporação.

De acordo com a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS), o salário base de um policial no estado é 2,6 mil reais, abaixo da média nacional 4 mil reais.

Desde o início da paralisação, uma onda de violência atingiu o estado e já deixou ao menos 137 mortos. Para diminuir o caos, o governo do Espírito Santo pediu na segunda ajuda da Força Nacional e do Exército, além de transferir na quarta o controle da segurança pública às Forças Armadas.

Policiais em batalhão no Rio: 95% do efetivo trabalha normalmente, segundo governoFoto: Getty Images/AFP/Y. Chiba

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, parentes de policiais militares também protestam na porta de alguns batalhões da corporação no estado. Mas, apesar das manifestações iniciada na sexta-feira, seguidas de bloqueios da entrada em alguns casos, a situação foi descrita pela Polícia Militar como sob controle.

Desde o início da semana circulava nas redes sociais a informação de que um movimento parecido com o do Espírito Santo aconteceria no Rio. Em meio aos boatos, o governador Luiz Fernando Pezão anunciou na quarta-feira um aumento salarial de 10,22% para os policiais.

De acordo com a Polícia Militar, a atividade dos agentes não foi afetada, e 95% do efetivo trabalha normalmente. O comando dos batalhões está conversando com os manifestantes para a suspensão do bloqueio.

RPR/ots