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Depois de Kaczynski

19 de junho de 2010

Pesquisas dão vantagem ao liberal Bronislaw Komorowski, mas não garantem vitória no primeiro turno. Principal adversário é o conservador Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do presidente morto num acidente de avião.

Bronislaw Komorowski é o candidato do governoFoto: AP

Os poloneses vão às urnas neste domingo (20/06) para escolher o sucessor de Lech Kaczynski, presidente morto num acidente de avião em abril passado. Diversos analistas afirmam que não haverá um vencedor neste domingo e que será necessária a realização de um segundo turno.

Mas pesquisas divulgadas às vésperas da eleição sugerem que o presidente interino, o liberal Bronislaw Komorowski, possa alcançar até 51% dos votos e, dessa forma, ser eleito já no primeiro turno, evitando um novo embate com o conservador nacionalista Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do presidente morto.

A eleição ocorre antes do previsto, devido ao falecimento de Lech Kaczynski e de sua esposa, num acidente de avião em 10 de abril, na cidade russa de Smolensk. Outras 95 pessoas, muitas delas do alto escalão do governo polonês, morreram no desastre.

Na Polônia, o presidente não ocupa apenas uma função representativa. Ele possui menos poder do que o primeiro-ministro, mas pode vetar leis. O próximo presidente poderá, assim, ter um papel importante nos debates sobre a adoção do euro e sobre a presença militar do país no Afeganistão.

Komorowski prometeu retirar as tropas polonesas do país asiático, caso seja eleito. Ele disse que a morte de um soldado polonês, no final de semana passado, foi "um sinal para a opinião pública polonesa de que algo não está correto com esta missão".

Conservadores versus liberais

Adeptos de Komorowski exibem cartazes em VarsóviaFoto: AP

Os dois principais candidatos defendem posições muito diferentes em tópicos como a adoção do euro e as relações externas da Polônia. Kaczynski, que foi primeiro-ministro de 2006 a 2007, poderá, por exemplo, barrar a adoção do euro.

"Uma vitória de Jaroslaw Kaczynski seria um inferno político", declarou recentemente o primeiro-ministro Donald Tusk durante um evento do partido Plataforma Cívica (PO). Kaczynski é conhecido por suas posições nacionalistas, avessas tanto à União Europeia quanto à Rússia.

A Polônia foi o único dos 27 países da União Europeia a não enfrentar uma recessão no ano passado, mas a crise internacional ajudou a criar um déficit orçamentário de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O ex-presidente Kaczynski bloqueou com frequência esforços do PO em prol de reformas de mercado e o seu irmão e agora candidato se opôs a planos de privatização.

O partido Direito e Justiça (PiS), de Kaczynski, é nacionalista, eurocético e conservador em questões morais e sociais, mas assume posições tradicionalmente associadas à esquerda no campo econômico, defendendo mais investimentos estatais, por exemplo.

Morte do ex-presidente

Jaroslaw Kaczynski quer continuar a 'missão' do irmãoFoto: AP

A trágica morte de Lech Kaczynski paira como uma sombra sobre a eleição. Os poloneses vão também às urnas sob a influência dos estragos causados pelas recentes inundações no país, que causaram a morte de 24 pessoas.

"Os políticos estão usando outros termos. A campanha não é tão agressiva como normalmente são as campanhas eleitorais na Polônia", avalia Joachim Ciecierski, chefe do serviço alemão da rádio pública polonesa. "O clima é de tranquilidade, ainda que se possa sentir uma certa tensão no ar, por ser uma eleição importante."

A tragédia ocorrida na Rússia influenciou os eleitores, apontam as pesquisas. Antes do acidente, Komorowski, que é também presidente da câmara baixa do Parlamento, era apontado como o vencedor da disputa. Mas a morte de Lech levou muitos eleitores para a direita.

Jaroslaw Kaczynski é conhecido por suas declarações ácidas, mas suavizou sua retórica durante a campanha, de olho em votos de eleitores do centro. Ele diz que quer continuar a "missão" do irmão morto. Aos concorrentes, lançou um apelo: "Vamos encerrar a guerra polonesa-polonesa". O seu slogan de campanha é: "O mais importante é a Polônia".

AS/dw/afp/dpa
Revisão: Augusto Valente

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