Poluição do ar causa 400 mil mortes prematuras na Europa
16 de outubro de 2019
Relatório revela que quase todos os habitantes urbanos europeus estão expostos a níveis de poluição elevados. Automóveis são os grandes vilões, mas também agricultura e produção de energia.
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A poluição do ar causou cerca de 400 mil mortes prematuras na Europa em 2016, revelaram dados divulgados nesta quarta-feira (16/10) pela Agência Europeia do Ambiente (EEA). O relatório mostrou ainda que quase todos habitantes de cidades europeias estão expostos a níveis de poluição que excedem os considerados não prejudiciais.
"A poluição do ar é atualmente o risco ambiental mais perigoso para a saúde", destacou a EEA no relatório. Entre os principais poluentes, o relatório cita automóveis, agricultura, geração de energia, indústria e sistemas de calefação doméstica.
O estudo mostrou que em 16 dos 28 países-membros da União Europeia (UE) registrou-se pelo menos uma ocorrência de níveis de dióxido de nitrogênio superiores aos limites estabelecidos pelo bloco.
Na França, Alemanha, Holanda e Espanha foram detectadas concentrações preocupantes do gás liberado por automóveis. Em Londres, por exemplo, ultrapassaram-se 50 microgramas de dióxido de nitrogênio por metro cúbico de ar, apesar de a legislação europeia tolerar apenas 40 microgramas.
De acordo com a EEA, embora o estabelecimento de padrões mais rigorosos para emissões tenha contribuído para reduzir o número de mortes prematuras associadas à poluição atmosférica, são necessárias mais ações. "Estamos progredindo, mas chegou a hora de acelerar as mudanças nos nossos sistemas de energia, alimentação e mobilidade", instou o diretor geral da agência, Hans Bruyninckx.
O autor do relatório, Alberto González Ortiz, afirmou que os níveis de partículas perigosas no ar estão diminuindo, porém não com a rapidez necessária: "Ainda estamos longe de atingir os padrões da UE e, claro, muito mais longe das normas da OMS [Organização Mundial da Saúde]."
Atualmente a legislação europeia determina que os países avaliem o nível de uma série de poluentes, inclusive ozônio e material particulado em áreas urbanas, e que se tomem medidas quando os limites são ultrapassados.
O relatório recomenda a redução no número de automóveis para conter a poluição atmosférica, principalmente a concentração de dióxido de nitrogênio, já que "quando combatemos a poluição, estamos também lutando contra as mudanças climáticas, e promovendo um comportamento mais saudável".
Os maiores danos à saúde são causados por material particulado, ozônio e dióxido de nitrogênio. Essas substâncias podem causar ou piorar problemas respiratórios e doenças cardiovasculares.
Segundo a OMS, doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais (AVC) são as principais causas de morte prematura decorrente da poluição atmosférica, seguidos por doenças pulmonares e câncer de pulmão. Certos grupos são mais vulneráveis aos efeitos dos poluentes, como crianças, idosos, grávidas, e residentes das proximidades de rodovias e regiões industriais.
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.