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Poluição do ar pode prejudicar cognição, diz estudo

28 de agosto de 2018

Altos níveis de poluição afetam desempenho em testes de matemática e linguagem e equivalem à perda de um ano de educação escolar, aponta pesquisa. Idosos, homens e pessoas com baixa escolaridade seriam os mais afetados.

Cena comum na China: moradores de Pequim usam máscaras protetoras em dias de altos índices de poluição
Cena comum na China: moradores de Pequim usam máscaras protetoras em dias de altos índices de poluiçãoFoto: Reuters/J. Lee

A exposição crônica à poluição do ar pode causar danos ao desempenho cognitivo, aponta um estudo divulgado nesta segunda-feira (27/08). A pesquisa indica que ar tóxico causa muito mais danos à sociedade do que os já conhecidos efeitos sobre a saúde física.

Entre 2010 e 2014, pesquisadores monitoraram as habilidades verbais e de matemática de cerca de 20 mil pessoas na China. Os cientistas testaram pessoas de ambos os sexos com idades acima de dez anos com 24 questões padronizadas de matemática e 34 questões de reconhecimento de palavras.

O estudo chinês-americano constatou que altos níveis de poluição levaram a quedas significativas nos resultados de testes de linguagem e aritmética, com impacto equivalente à perda de um ano de educação escolar. Os pesquisadores afirmaram que o impacto negativo aumenta com a idade e afeta mais os homens com menor nível educacional.

"Ar poluído pode fazer com que todos reduzam seu nível de instrução em um ano, o que é algo significativo", disse Xi Chen, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, nos EUA, e membro da equipe de pesquisa. "Mas sabemos que o efeito é pior para idosos, para homens e para aqueles com baixa escolaridade", afirmou ao jornal britânico The Guardian.

Uma das razões pelas quais os pesquisadores afirmaram que homens com menor escolaridade são os mais afetados pela exposição ao ar tóxico é o fato de que eles geralmente exercem trabalhos braçais em áreas externas.

O estudo sugere ainda que a poluição aumenta o risco de doenças degenerativas, como Alzheimer e outras formas de demência. Estima-se que muitos poluentes afetem diretamente a química do cérebro e possam também ter um impacto psicológico, aumentando o risco de depressão.

A pesquisa foi realizada somente na China, mas é relevante em todo o mundo, segundo os cientistas. De acordo com os autores do estudo, 98% das cidades com mais 100 mil habitantes em países pobres ou em desenvolvimento excedem os limites de poluição do ar recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Aproximadamente 90% da população mundial respira ar considerado inseguro, aponta outro levantamento.

O estudo, divulgado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciencies (PNAS), foi baseado em medições de dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e partículas menores que 10 micrômetros de diâmetro nas localidades onde os participantes viviam.

Não ficou claro o quanto cada um destes três poluentes afeta a saúde. Monóxido de carbono, ozônio e partículas maiores não foram incluídos no estudo.

Segundo dados da OMS, a poluição do ar causa cerca de sete milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo.

PV/ots

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