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População em queda

(ca)8 de novembro de 2006

Estudo estatístico mostra que, até a metade do século, haverá duas vezes mais pessoas acima de 60 anos do que abaixo de 20 e que a população do país poderá diminuir para até 69 milhões de habitantes.

Número de idosos é cada vez maior na Alemanha e continuará crescendoFoto: AP

A população da Alemanha continuará a envelhecer e a diminuir e, até 2050, haverá duas vezes mais pessoas acima de 60 anos do que abaixo de 20 anos, segundo estudo do Departamento Federal de Estatísticas. Em 2006, pela primeira vez na história da República Federal da Alemanha, o número de pessoas com mais de 65 anos deverá ultrapassar o total de pessoas com menos de 20 anos.

Esse foi um dos resultados apontados pelo nono estudo Projeção Coordenada de Crescimento da População, apresentado pelo departamento nesta semana. "As projeções nos mostram que esse desenvolvimento populacional será muito mais dramático nas regiões do Leste alemão", informou o vice-presidente do departamento, Walter Rademacher, ao apresentar o estudo em Berlim.

"Diminuição da população não pode mais ser controlada"

Número de recém-nascidos continuará caindoFoto: AP

Atualmente, vivem na Alemanha cerca de 82,4 milhões de pessoas. Em 2050, esse número deverá girar entre 69 milhões e 74 milhões, abaixo do nível populacional de 1963, que era de 75 milhões de habitantes.

As razões para essa queda, que fica entre 10% e 16%, são a crescente diminuição no número de recém-nascidos e o aumento do número de óbitos. Segundo o Departamento Federal de Estatísticas, esse déficit populacional não será mais compensado pela imigração.

Mesmo uma elevação no número de nascimentos por mulher ou um aumento da expectativa de vida não mudariam esse quadro. "A diminuição da população não pode mais ser controlada", salienta Rademacher.

A população não somente está diminuindo, como também haverá menos crianças e mais velhos, que viverão mais. O número anual de nascimentos, que hoje é de 685 mil, deverá diminuir para 500 mil em 2050. Até 2050, a expectativa de vida se elevará em sete anos, atingindo os 83,5 anos para homens e 88 anos para mulheres.

Efeitos serão sentidos na Alemanha

Idade para aposentadoria deverá aumentarFoto: AP

A Alemanha sentirá, como nenhum outro país da União Européia, os efeitos do desenvolvimento populacional negativo. Há 30 anos que o país apresenta uma baixa taxa de natalidade, que desde 1974 está em 1,4 criança para cada mulher.

Enquanto a idade média da população, que hoje é de 42 anos, deverá aumentar para 50 anos, o número de habitantes em idade ativa (entre 20 e 64 anos) cairá de 50 milhões para 39 milhões em 2050, prevê o estudo.

O número de pessoas com mais de 80 anos subirá de 4 milhões para 10 milhões em 2050, fato que preocupa os demógrafos, já que há cada vez mais velhos, o que deverá provocar um estrangulamento do sistema social, que, na opinião de alguns, entrará em bancarrota nas próximas décadas.

Para cada pensionista, existem atualmente na Alemanha três pessoas em idade produtiva. Para que essa proporção se mantenha, seria necessário que, até 2050, a idade para a aposentadoria fosse elevada para 74 anos ou 75 anos.

Quem vai trabalhar pelo sistema social?

Rademacher diz não acreditar em bancarrota, mas alerta para a necessidade de reformar o sistema social e aprender com outros países. "Em todo caso, alguém terá que trabalhar e gerar alguma renda", afirma.

Para Schäuble, quanto mais se vive, mais se deve trabalharFoto: AP

Em entrevista ao jornal Kölner Stadtanzeiger, o ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäuble (CDU), afirma que o envelhecimento da população faz com que "a economia e a sociedade sejam obrigadas a se adaptar de forma radical" para que o sistema social continue financiável, referindo-se aos planos do governo de aumentar a idade de aposentadoria para 67 anos. "Viver mais sem trabalhar por mais tempo – isso não funciona", diz Schäuble.

As projeções do estudo do Departamento Federal de Estatísticas levaram em consideração um afluxo de 100 mil a 200 mil migrantes por ano à Alemanha. Muitos deles serão muçulmanos, o que faz com que alguns cientistas acreditem que a Alemanha se tornará um Estado islâmico.

Uma opinião da qual Rademacher discorda: "Mesmo aquelas pessoas que são imigrantes adotam, depois de alguns anos, o estilo de vida e o número de filhos por família do seu novo país. Dessa forma, a afirmação de que os imigrantes vão continuar apegados a suas raízes simplesmente não é verdade".

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