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População muçulmana na Europa pode triplicar até 2050

30 de novembro de 2017

Estudo aponta que proporção de muçulmanos deve aumentar particularmente em países como Alemanha e Suécia. Mesmo em cenário em que migração cesse, percentagem de membros da religião deve crescer no continente.

Mulheres muçulmanas em Berlim
Entre 2010 e 2016, sete milhões de migrantes e refugiados chegaram à Europa, sendo mais da metade deles muçulmanosFoto: picture-alliance/dpa/J. Carstensen

A população muçulmana em alguns países europeus e no continente em geral pode triplicar até 2050, representando até 14% do total, apontam novas projeções lançadas nesta quarta-feira (29/11) pelo instituto americano de pesquisa Pew Research Center. 

O centro de pesquisa de opinião pública e demografia analisou o crescimento da população muçulmana na Europa em três cenários (zero, médio e alto), que levam em conta o crescimento natural da população, migração regular futura – como, por exemplo, por trabalho ou estudos – e migração de refugiados.

Leia também: Juncker: "Europa precisa abrir caminhos para migração legal"

Em todas as três projeções o relatório mostra um aumento da população muçulmana e uma forte divisão entre oeste e leste europeu. Na estimativa "mais alta", que contabilizou as taxas atuais de migração, a parcela muçulmana da população da Alemanha poderia aumentar de 6,1% em 2016 para 19,7% em 2050, enquanto na vizinha Polônia passaria de 0,1% para 0,2%.

Sob a hipótese irreal de que toda a migração à Europa cessasse hoje, chamada pelos pesquisadores de projeção "zero", a porcentagem de muçulmanos na Europa quase dobraria – de 4,9% em 2016 para 7,4% em 2050. Na Alemanha, alcançaria em 2050 quase a marca dos 9%, o que corresponde ao percentual atual na França.

Mesmo que todos os atuais 28 Estados-membros da União Europeia (EU) mais Noruega e Suíça fechassem completamente suas fronteiras aos migrantes, a população muçulmana continuará crescendo devido a diferenças na estrutura etárias e na taxa de fertilidade entre muçulmanos e não muçulmanos, segundo o relatório do Pew Research Center.

Os muçulmanos na Europa são, em média, mais jovens (30,4 anos) do que os não muçulmanos (43,8 anos), o que significa também que há mais mulheres em idade fértil. Quase um terço da população muçulmana na Europa (27%) tem menos de 15 anos – quase o dobro da proporção entre não muçulmanos (15%).

Os pesquisadores estimaram que uma mulher muçulmana terá 2,6 filhos, um a mais do que os 1,6 filhos projetados para mulheres não muçulmanas que vivem na Europa. Os pesquisadores apontaram que, embora nem todos os filhos nascidos de pais muçulmanos se identificam como muçulmanos, eles tendem a assumir a identidade religiosa de seus pais.

Cenários "médio" e "alto" de migração

No chamado cenário de migração "alta", os muçulmanos representariam até 14% da população na Europa em meados do século, ou seja, quase o triplo dos atuais 4,9%. Ainda assim a parcela de muçulmanos seria consideravelmente menor que a de cristãos e de pessoas sem religião, destaca o Pew Research Center.

Tal cenário pressupõe que os fluxos migratórios registrados entre 2014 e 2016 continuem, assim como a migração regular. Também se estima que os futuros refugiados sejam majoritariamente muçulmanos, como foi o caso entre 2010 e 2016.

Sob este cenário, a população muçulmana representaria 19,7% na Alemanha, 17,2% no Reino Unido, 18% na França, 18,2% na Bélgica, 19,9% da Áustria, 17% na Noruega e incríveis 30,6% na Suécia (mais que o triplo dos atuais 8,1%).

Já o cenário de migração "médio" – tido como o mais provável – prevê que os fluxos de refugiados cessarão, mas a migração regular continuará nos níveis atuais. A população muçulmana representaria, então, 11,2% do total.

Neste cenário, a Suécia também seria líder, com 20,5% de sua população sendo muçulmana. A porcentagem no Reino Unido subiria de 6,3% para 16,7%, e na Finlândia aumentaria de 2,7% para 11,4%. Na Alemanha, passaria dos atuais 6,1% para 10,8%.

Migração regular  e refugiados

Entre 2010 e 2016, sete milhões de pessoas de todas as origens religiosas chegaram à Europa como migrantes regulares ou refugiados. Mais da metade (3,7 milhões) eram muçulmanos. Apenas 1,6 milhão dos sete milhões de pessoas eram refugiados, mas a grande maioria dos refugiados era muçulmana (1,3 milhão).

No caso da Alemanha, o aumento de muçulmanos no país se deve principalmente aos refugiados, e não à migração regular. A Alemanha recebeu 670 mil refugiados entre 2010 e 2016, dos quais 86% eram muçulmanos. Durante o mesmo período, o país também recebeu 680 mil migrantes regulares, dos quais 40% eram muçulmanos.

É importante mencionar que o número de sete milhões de migrantes regulares e refugiados não inclui os cerca de 1,7 milhão de requerentes de asilo que tiveram seus pedidos de refúgio negados ou não deverão receber proteção. Aproximadamente um milhão destes 1,7 milhão são muçulmanos. Por outro lado, aqueles que recebem autorização de ficar na Alemanha geralmente obtêm o direito de trazer familiares.  

Os pesquisadores alertaram que é muito difícil antecipar o futuro e ressaltaram que as projeções são hipotéticas. Os fatores que impulsionaram os fluxos de migrantes e refugiados – como a instabilidade na África e no Oriente Médio – podem diminuir ou aumentar. Muito depende também da economia e dos governos europeus, que têm reforçado as políticas domésticas e europeias de migração.

Os pesquisadores basearam suas projeções em pessoas que se identificaram como muçulmanas, usando informações de 2.500 bancos de dados, incluindo estatísticas oficiais e pesquisas realizadas em países que não coletam informações sobre identidade religiosa.

PV/ots/dw  

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