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Populista reforça clichê sul-americano

ef3 de março de 2004

Cientistas políticos acusam o populista de direita, Schill, de reforçar clichês sobre a América do Sul, por ter dito que iria emigrar para a região, após a derrota devastadora do seu partido em Hamburgo.

Ronald Schill: eu vou para a América do SulFoto: AP

Cientistas políticos brasileiros e alemães deram gargalhadas com o desejo manifestado por Ronald Schill de emigrar para a América do Sul, depois da derrota esmagadora do seu partido (Pro DM), na eleição municipal de Hamburgo, no domingo (29). A legenda conquistou apenas 3,1% dos votos. Ainda mais descomunal foi a derrota do partido que Schill fundou antes de aderir ao Pro DM, pois a Ofensiva do Estado de Direito ganhou nada menos que 0,4% dos votos.

O diretor do Instituto Ibero-Americano em Hamburgo, Klaus Bodemer, acusou o populista de direita de fazer "uma piada de mal gosto, que revela total desconhecimento sobre a América Latina", e de "reforçar os clichês e preconceitos que ainda existem contra a região". (Leia entrevista no final deste artigo).

Já o cientista político do Instituto, Bert Hoffmann, por sua vez, disse que viu na declaração de Schill um gesto simbólico para castigar os eleitores de Hamburgo, porque não teriam sabido agradecer a sua gestão no governo local, que ele próprio acha ter sido muito boa. Outros especialistas em América Latina na Alemanha não quiserem comentar a declaração desesperada do antigo juiz de direito envolvido em vários escândalos políticos.

Ascensão e queda meteóricas

- O caminho de "juiz impiedoso" para estrela política da mídia foi para Schill tão curto quanto a sua carreira brilhante como vice-prefeito e secretário do Interior de Hamburgo. Ele fundou o partido Ofensiva do Estado de Direito, em 2000. No ano seguinte, a legenda teve uma vitória surpreendente na eleição municipal, conquistando mais de 19% dos votos e passou a governar em coalizão com a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Liberal (FDP). A coalizão acabou com a era do Partido Social Democrata (SPD) em Hamburgo.

Depois de cem dias no governo, Schill foi acusado de consumir cocaína e teve de mandar analisar um fio de cabelo. O resultado foi negativo. Em 2002, voltou a gerar manchete negativa, usando sua primeira aparição do Parlamento federal em Berlim para fins eleitorais: ele acusou os outros partidos de gastarem dinheiro de mais com estrangeiros.

Prefeito von Beust com a presidenta da CDU, Angela MerkelFoto: AP

Homossexualismo e chantagem

- Em agosto de 2003, Schill foi demitido dos postos de vice-prefeito e secretário do Interior, porque teria tentado denunciar supostas relações sexuais do prefeito Ole von Beust com o secretário da Justiça, Roger Kusch.

Neste domingo, o político polêmico recebeu o troco do eleitorado nas urnas, pois tanto o partido que fundou quanto a sua legenda atual ficaram longe de ultrapassar a barreira dos 5% dos votos para ter representação no legislativo e executivo de Hamburgo. Outro grande perdedor foi o SPD do chanceler federal, Gerhard Schröder, que obteve apenas 30,5%, exatamente 6% votos a menos do que consquistara no último pleito.

O Partido Verde, parceiro do SPD na coalizão federal em Berlim, ao contrário, experimentou um bom crescimento. Ele ganhou 12,3% dos votos, contra os 8,6%. O Partido Liberal teve que se conformar com meros 2,8%.

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