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Populistas da direita europeia exaltam Bolsonaro

29 de outubro de 2018

Políticos de siglas de Alemanha, França e Itália parabenizam novo presidente e se regojizam com a derrota de forças esquerdistas na eleição. "A revolução conservadora chegou à América do Sul", afirma deputado da AfD.

O deputado Petr Bystron, membro da bancada da AfD no Parlamento alemão
O deputado Petr Bystron, membro da bancada da AfD no Parlamento alemãoFoto: picture-alliance/dpa/A. Weigel

A vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais de domingo (28/10) foi celebrada por políticos de partidos populistas de direita da Europa, que também mostraram satisfação com a derrota da esquerda no pleito.  

Na Alemanha, a conta no Twitter da bancada do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), principal força de oposição no país e conhecido pelas sua posições anti-islã e contra refugiados, reproduziu uma mensagem do deputado Petr Bystron felicitando Bolsonaro pela vitória.

"Jair Bolsonaro é um conservador franco que vem trabalhando para combater a corrupção de esquerda e restaurar a segurança e prosperidade para o seu povo", disse em nota o deputado, que representa o partido na Comissão de Assuntos Externos do Parlamento. "Como ocorre com a AfD, ele foi inimizado por todos os lados por ser um outsider que desafiou o sistema." 

Bystron também afirmou que Bolsonaro "sofreu enorme pressão do establishment". Ele também criticou a cobertura da imprensa alemã sobre a eleição brasileira. "Quando Bolsonaro se envolveu em uma disputa com uma deputada esquerdista que defendeu um estuprador e assassino cruel, ficava a impressão de que ele próprio era o estuprador. E o fato de um esquerdista ter tentado matá-lo durante a eleição, no entanto, não recebeu a mesma cobertura."

O deputado da AfD ainda disse que "a revolução conservadora chegou à América do Sul" e disse que espera iniciar uma cooperação com Bolsonaro. "Países como a Argentina e o Chile estão olhando para o Brasil com esperança para preparar o continente contra a catástrofe de refugiados que está jorrando da socialista Venezuela em todos os os vizinhos".

Bystron, um deputado de origem tcheca que representa um distrito do norte de Munique, já se envolveu em várias controvérsias na Alemanha por suas posições radicais, em especial sobre o islamismo, e por empregar extremistas de direita e pessoas suspeitas de ligação com movimentos neonazistas em seu gabinete. Recentemente, ele se encontrou com o ideólogo de direita dos EUA Steve Bannon em Praga. 

Já na França, a líder da Rassemblement National (Agrupamento ou Comício Nacional, a antiga Frente Nacional) e ex-candidata à Presidência, Marine Le Pen, disse no Twitter logo após o resultado da eleição "que os brasileiros acabaram de punir a corrupção generalizada e a criminalidade aterrorizante que prosperaram sob os governos de extrema esquerda". Ela também desejou sorte a Bolsonaro. "Boa sorte ao novo presidente #Bolsonaro que terá que recuperar a situação econômica, de segurança e de democracia muito comprometida do #Brasil", disse. 

No início de outubro, no entanto, Le Pen, que nos últimos anos fez esforços para polir a imagem do seu partido, havia refutado a retórica de Bolsonaro durante uma entrevista a uma rádio. "Ele tem dito coisas que são extremamente desagradáveis, que não podem ser transferidas para nosso país, é uma cultura diferente", disse Le Pen, em referência aos insultos de Bolsonaro contra mulheres, negros e homossexuais. 

Ela não é a única figura do partido a felicitar a vitória do ex-capitão. Wallerand de Saint-Just, tesoureiro do partido, também lembrou em entrevista a uma emissora francesa nesta segunda-feira que Bolsonaro foi eleito com 55% dos votos e disse que ele é injustamente criticado pela imprensa francesa. "Assim como eu, Bolsonaro é atacado e tachado com adjetivos injustos, como sendo de extrema direita", disse ele. "Não acredito em nada que a imprensa francesa relata sobre o Brasil e Bolsonaro." Quando jornalistas apresentaram frases de Bolsonaro em que o presidente eleito fala em perseguir e exilar adversários, Saint-Just minimizou o impacto falando que "é preciso ver isso no contexto brasileiro". 

Na Itália, o líder do partido ultraconservador Liga, Matteo Salvini, que também é ministro do Interior e vice-premiê, disse em sua conta no Twitter que, "também no Brasil, os cidadãos mandaram para casa a esquerda".  

"Bom trabalho ao presidente #Bolsonaro, a amizade entre nossos povos e nossos governos será ainda mais forte." Ele encerrou a mensagem com a hashtag #OBrasilVota17.

Para Salvini, a vitória é ainda mais significativa porque deve influenciar no status de Césare Battisti, que foi condenado por uma série de assassinatos na Itália durante os anos 1970. Ele mora no Brasil desde 2007 e teve extradição barrada por decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, o caso tem sido um ponto de tensão nas relações entre Brasil e Itália.

"Depois de anos de conversas improdutivas [entre os governos dos dois países], pedirei que seja extraditado à Itália o terrorista vermelho #Battisti", escreveu o ministro italiano. Um dos filhos de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), agradeceu a mensagem de Salvini e disse que "o presente está chegando", em referência a Battisti. "Obrigado pelo apoio, a direita fica mais forte", completou o deputado. 

No dia 26 de outubro, Bolsonaro reproduziu um vídeo em que aparece ao lado do deputado ítalo-brasileiro Roberto Lorenzato (Liga). Na mensagem que acompanhou a publicação, o presidente eleito reafirmou seu compromisso de extraditar Battisti. Na semana passada, Lorenzato havia afirmado a jornais italianos que a vitória de Bolsonaro resultaria em um "presente" para a Itália, no caso, a extradição de Battisti. 

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