Presidente afirma que México arcará com 100% dos custos de barreira na fronteira, que deve ser erguida nos próximos meses. Republicano também quer reduzir repasses federais para cidades que protegem imigrantes ilegais.
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Cumprindo promessas de campanha, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou duas ordens executivas nesta quarta-feira (25/01), relativas à construção de um muro na fronteira com o México e a medidas anti-imigração.
Trump assinou as ordens em cerimônia nas instalações do Departamento de Segurança Nacional, cujo novo titular, o general reformado John Kelly, foi confirmado pelo Senado na sexta-feira passada. Além de acelerar a construção do muro, os documentos firmados preveem a redução de repasses federais para as chamadas cidades-santuário, que não detêm imigrantes ilegais nos EUA.
Em cidades com São Francisco, autoridades locais, frequentemente democratas, se recusam a cooperar com o governo federal para agir contra imigrantes ilegais. "O povo americano não vai mais ser forçado a subsidiar essa negligência em relação a nossas leis", disse o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.
A mão dura com a imigração foi uma das promessas da campanha eleitoral de Trump, que superou a democrata Hillary Clinton. Além do muro nos cerca de 3,2 mil quilômetros de fronteira com o México, Trump prometeu deportar 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem no país.
Em entrevista à emissora ABC News nesta quarta-feira, Trump afirmou que a construção do muro terá início nos próximos meses, e que o México restituirá "100% dos custos" aos EUA.
"Uma nação sem fronteiras não é uma nação"
Após assinar os decretos, o republicano afirmou que os EUA vivem "uma crise na fronteira sul". "A onda sem precedentes de migrantes da América Central está prejudicando tanto o México quanto os Estados Unidos", disse. "Acredito que os passos que vamos tomar a partir de agora vão melhorar a segurança em ambos os países. Uma nação sem fronteiras não é uma nação."
Para o porta-voz Spicer, construir o muro é mais do que uma promessa de campanha. "É senso comum que se trata de um primeiro passo para realmente garantir a segurança de nossa porosa fronteira", afirmou. "Isso vai barrar o fluxo de drogas, crime, imigração ilegal para os Estados Unidos."
Também espera-se que Trump assine nos próximos dias decretos que reduzem o número de refugiados que ganham o direito de se instalar no país e proíbem a entrada, ao menos temporariamente, de imigrantes de "nações propensas ao terrorismo". A emissora CNN afirmou que os países afetados pela proibição de entrada são Síria, Líbia, Somália, Irã, Iraque e Sudão.
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.