Por pouco, esquerdistas garantem assentos no Bundestag
27 de setembro de 2021
Partido A Esquerda fica abaixo da cláusula de barreira de 5%, mas eleição de três parlamentares pelo voto direto garante uma bancada de 39 cadeiras no Parlamento alemão.
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Após a eleição federal alemã deste domingo (26/09), o partido socialista A Esquerda garantiu por pouco a formação de uma bancada no Bundestag (Parlamento da Alemanha).
Apesar de a legenda ter obtido 4,9% (segundo o resultado oficial preliminar) e ficado, portanto, abaixo da cláusula de barreira de 5% no chamado segundo voto, que é na lista partidária, estará representado no Parlamento graças à eleição de três deputados pelo primeiro voto, no qual o eleitor escolhe um representante de seu distrito eleitoral.
Na Alemanha, cada eleitor tem dois votos: o primeiro é em um dos candidatos que os partidos lançam nos distritos (são 299 em todo o país), e o segundo (determinante para o tamanho das bancadas) é na lista que os partidos registram nos estados.
Todos os candidatos eleitos pelo primeiro voto entram no Bundestag, mas os votos do segundo voto só são levados em conta nos cálculos de formação de bancadas se o partido obtiver ao menos 5% nesse voto ou se eleger ao menos três representantes no primeiro voto, como ocorreu agora com A Esquerda.
No segundo voto, o partido socialista não rompeu a barreira dos 5%, mas assegurou uma bancada assim mesmo por causa dos três parlamentares (dois em Berlim e um em Leipzig) eleitos pelo primeiro voto.
Com esse resultado, A Esquerda garantiu que, mesmo estando abaixo dos 5%, seus votos obtidos no segundo voto são considerados nos complicados cálculos de divisão dos assentos no Parlamento entre as bancadas. Pela apuração atual, A Esquerda terá uma bancada de 39 parlamentares.
Não é a primeira vez que A Esquerda consegue entrar no Parlamento por essa regra: em 1994, quando ainda se chamava PDS, obteve apenas 4,4% no segundo voto, mas elegeu quatro deputados pelo voto direto, garantindo ao final uma bancada de 30 parlamentares – os demais 26 vieram das listas estaduais.
Os 4,9% deste domingo estão bem atrás dos 9,2% obtidos pelo partido em 2017 e são é o pior resultado da história da legenda, fundada em 2005 por remanescentes do antigo partido comunista da Alemanha Oriental e uma ala dissidente do SPD no oeste da Alemanha.
Os líderes de A Esquerda não fizeram rodeios na hora de qualificar o resultado eleitoral de "dura derrota" e acrescentaram que o partido deve agora fazer uma análise interna "sem tabus" sobre o que foi feito de errado nos últimos anos.
as/lf (OTS)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Aliança 90/Os Verdes e A Esquerda.
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não está organizada. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Getty Images
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com o proletariado. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Carstensen
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: REUTERS/T. Schmuelgen
Partido Liberal Democrático (FDP)
O FDP foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". Resgata a herança política de legendas liberais proibidas pelo nazismo.
Foto: picture-alliance/dpa
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: picture-alliance/dpa/P. Steffen
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, e atualmente representada no Parlamento Europeu e em legislativos estaduais alemães, a AfD se alinha com outros partidos populistas de direita europeus, como FPÖ, FN ou Ukip. Só em 2016 ela definiu seu programa partidário, que oscila entre visões reacionárias, conservadoras, liberais e libertárias.
Foto: Reuters/W. Rattay
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Partido Nacional-Democrata da Alemanha (NPD), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violeta, que reivindica uma política espiritualista.