Variante do coronavírus descoberta na Índia causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização.
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A variante delta (B.1.617.2), detectada pela primeira vez na Índia, é muito mais infecciosa do que as variantes do coronavírus difundidas anteriormente.
Testes de laboratório sugerem que a variante, da linhagem B.1.617, se multiplique mais no organismo, e estima-se que o risco de infectar membros da própria família seja 60% maior, de acordo com uma análise divulgada pela autoridade sanitária britânica Public Health England (PHE). Isto aumenta o risco para pessoas imunizadas apenas com a primeira dose da vacina contra o vírus.
"Suspeita-se que a variante delta se difunde mais rapidamente ou é transmitida mais facilmente que a variante alfa [inicialmente identificada no Reino Unido]", disse a virologista Sandra Ciesek num podcast da emissora pública alemã NDR. "Ainda não está bem claro, mas teme-se, com base em dados preliminares da Inglaterra e da Escócia, que uma infecção pela variante delta também leve a um aumento do risco de hospitalização, ou seja, de internação hospitalar."
De acordo com um estudo feito por pesquisadores escoceses e publicado na revista Lancet, uma infecção pela variante delta duplica o risco de hospitalização.
Vacinas protegem contra a variante delta?
O estudo publicado na Lancet aponta ainda que as vacinas parecem ser um pouco menos eficazes contra a variante delta.
Segundo os pesquisadores escoceses, a vacina da Pfizer-Biontech tem até 79% de eficácia contra a variante delta, em comparação com 92% no caso da variante alfa. E a proteção da vacina da AstraZeneca contra a delta é de 60% em comparação com 73% no caso da variante alfa.
Já de acordo com uma análise da PHE, aqueles totalmente vacinados com os imunizantes da Pfizer-Biontech ou da AstraZeneca estão bem protegidos contra cursos severos da doença. A eficácia seria tão alta no para a variante delta quanto para a variante alfa. O risco de hospitalização foi reduzido em mais de 90% em comparação com pessoas não vacinadas.
Aqueles que receberam apenas uma dose de vacina estão significativamente menos protegidos. Especialmente com a vacina da AstraZeneca, que normalmente já protege bem após a primeira vacinação, o efeito protetor contra a variante delta foi visivelmente menor após a primeira dose, de acordo com a avaliação.
Quais são os sintomas da variante?
A variante delta também é considerada de alto risco porque aparentemente causa sintomas um pouco diferentes dos das variantes do coronavírus anteriormente conhecidas. As pessoas afetadas reclamam de dor de cabeça, nariz escorrendo e garganta dolorida.
Febre também está entre os sintomas, mas a perda do olfato e do paladar não, conforme relataram infectados a um aplicativo britânico que monitora os sintomas da covid-19. Isso significa que para alguns jovens a doença se manifesta como uma gripe mais forte, explicou Tim Spector, do King's College de Londres.
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Quão rápido a variante se espalha?
A variante delta se espalha muito rapidamente. Isso pode ser visto no Reino Unido, onde cerca de 58% dos adultos já receberam as duas doses de vacina necessárias para a proteção total.
"Atualmente é como se [...] houvesse um aumento de cerca de 50% a cada semana", disse Ciesek. "A incidência de sete dias no Reino Unido, que ainda estava abaixo de 20 no início de maio, aumentou novamente para mais de 70 novas infecções por 100 mil habitantes em sete dias. Por esta razão, o primeiro-ministro, Boris Johnson, adiou por quatro semanas o levantamento de todas as medidas de prevenção na Inglaterra, inicialmente planejado para 21 de junho.
De acordo com Karl Lauterbach, especialista em saúde do Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha, a sazonalidade da variante delta é muito mais pronunciada do que se supunha originalmente. Ou seja, o risco de infecção é muito menor no verão, disse, citando um estudo da Universidade de Oxford.
rw/lf (Reuters, ARD)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine