Publicado 16 de agosto de 2023Última atualização 21 de dezembro de 2023
Vulcões ativos são uma ameaça natural e constante, mas não são tão incomuns. Já a erupção na Islândia pode ser evento perigoso.
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Notícias de erupções vulcânicas só chegam às manchetes quando são de grandes proporções e causam distúrbios – como nos casos do Etna, Kilauea, Mauna Loa, Merapi, Eyjafjallajökull ou Fagradalsfjall – mas a qualquer momento durante um determinado ano podem ocorrer entre 50 e 80 novas erupções ao redor do mundo.
Dados do Programa Global de Vulcanismo (GVP) da Smithsonian Institution sugerem que, até junho de 2023, houve 48 erupções vulcânicas contínuas no mundo. E um total de 56 vulcões entraram em erupção nos primeiros seis meses do ano.
Recentemente, a movimentação do magma sob a crosta terrestre desencadeou centenas de terremotos ao redor da cidade de Grindavik, na Islândia. Em novembro, com sismólogos alertando que os tremores podem ser o prenúncio de uma erupção vulcânica, autoridades ordenaram a evacuação de quase 4 mil pessoas.
O vulcão na península de Reykjanes, no sudoeste do país, entrou em erupção na segunda-feira (18/12), expelindo lava a mais de cem metros de altura e colocando as autoridades locais em alerta.
A erupção vulcânica na Islândia vista de perto
Após semanas de intensa atividade sísmica, vulcão no sudeste islandês entrou em erupção três vezes desde dezembro de 2023.
Foto: Civil Protection of Iceland/REUTERS
Vulcão em fúria
Em 8 de fevereiro de 2024, um vulcão na península de Reykjanes, no sudoeste da Islândia, entrou em erupção pela terceira vez em dois meses. Cerca de 15 milhões de metros cúbicos de rocha derretida fluíram do solo nas primeiras sete horas da erupção, segundo uma estimativa do Instituto de Meteorologia Islandês (IMO).
Erupção corta sistemas de água quente e aquecimento
A erupção de 8 de fevereiro de 2023 deixou um rastro de danos em estradas e gasodutos, o que cortou o fornecimento de água quente em partes da península de Reykjanes em pleno inverno, em um dos países mais frios do mundo. A lava chegou a ser expelida a 80 metros de altura a partir de uma fenda de 3 quilômetros no solo.
Foto: Icelandic Coast Guard/AFP
Trabalho de restauração a -8ºC
Escolas, jardins de infância, museus e outros espaços públicos da região foram fechados por causa dos danos no sistema de aquecimento. A temperatura era de -8ºC. Cerca de 20 pessoas trabalharam durante a noite para restaurar a água quente através de um gasoduto de emergência.
Foto: Ralph Lee Hopkins/SuperStock/IMAGO
Realidade recorrente?
As recentes atividades vulcânicas na península de Reykjanes são chamadas de erupções de fissuras, que geralmente não causam grandes explosões
ou dispersão significativa de cinzas na estratosfera. No entanto, cientistas temem que isso possa continuar por décadas.
Foto: Kristinn Magnusson/AFP
Cidade evacuada às pressas
Em 14 de janeiro de 2024, a cidade pesqueira de Grindavik, no sudoeste da Islândia, foi evacuada às pressas durante a madrugada após uma erupção. Não houve mortos ou feridos, mas várias casas foram atingidas.
Foto: Marco Di Marco/AP/picture alliance
Um evento há muito aguardado
Durante meses, a intensa atividade sísmica indicava que a erupção estava próxima. Após o vulcão próximo a Grindavik entrar em erupção, em 18 de dezembro de 2023 surgiram algumas imagens espetaculares. O magma lançado através das grandes rachaduras na superfície deixou alaranjado o céu noturno.
Foto: Marco Di Marco/AP Photo/picture alliance
Monitoramento do fluxo de magma
Segundo o Instituto Islandês de Meteorologia (IMO), a fenda de aproximadamente 3,5 quilômetros de diâmetro, ainda em expansão, jorrava em torno de 100 a 200 metros cúbicos de lava por segundo, muitas vezes mais do que as erupções anteriores na região. A Defesa Civil alertou a população para não se aproximar do local.
Foto: Icelandic Coast Guard/AP/picture alliance
Paisagem laranja
No segundo dia da erupção de dezembro de 2023, especialistas afirmaram que a direção em que os rios de lava corriam significava que eles não representarim ameaças aos vilarejos nas proximidades.
Foto: Civil Protection of Iceland via REUTERS
Turismo vulcânico
Em dezembro de 2023, a Defesa Civil alertou através da emissora islandesa de televisão que a erupção não era uma atracão turística. Nos últimos anos, as erupções na região atraíram quase 680 mil visitantes, segundo estimativas das autoridades de turismo do país.
Foto: Kristin Elisabet Gunnarsdottir/AFP
Moradores retirados
Em 11 de novembro de 2023, quatro mil pessoas foram retiradas de Grindavik, cidade a cerca de 40 quilômetros da capital, Reykjavík. Os moradores tiveram de sair depois de os cientistas descobrirem que um túnel de magma corria debaixo do vilarejo.
Foto: Brynjar Gunnarsson/AP/picture alliance
Cidade fantasma em meio ao vapor
Semanas antes da erupção, uma série de pequenos terremotos – às vezes centenas por dia – danificaram ruas e edifícios na região e fizeram moradores saírem de casa.
Foto: Bjorn Steinbek/AP Photo/picture alliance
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Cientistas também estão de olho no Monte Etna, na Itália. Um dos maiores e mais ativos vulcões do mundo, ele está em erupção desde o final do ano passado e expeliu grandes quantidades de lava no domingo, mas parece ter se acalmado desde então. Segundo especialistas italianos, episódios eruptivos como esse são normais na recente atividade do vulcão e costumam cobrir de cinzas as cidades sicilianas no entorno.
O que é um vulcão?
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, "vulcões são aberturas onde lava, piroclastos e vapor são expelidos à superfície da Terra".
Os vulcões podem estar na terra e no oceano. Eles são em parte resultado de suas próprias erupções, mas também da formação geral do nosso planeta, conforme as placas tectônicas se movem.
Isso é o que acontece quando o magma explode
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Cordilheiras como os Andes, na América do Sul, e as Montanhas Rochosas, na América do Norte, assim como vulcões, são formadas pelo movimento e colisão de placas tectônicas.
Existem quatro tipos principais de vulcões: cones de escórias, compostos ou estratovulcões, vulcões-escudo e caldeiras.
Seu tipo é determinado pela forma como a lava de uma erupção flui e como esse fluxo afeta o vulcão e, como resultado, como afeta o ambiente circundante.
Como os vulcões entram em erupção?
Essencialmente, é um caso de magma, ou rocha derretida, abaixo da superfície da Terra, borbulhando, subindo e transbordando, como leite fervendo em uma panela no fogão.
O magma encontra seu caminho para as aberturas do vulcão e é expelido pela terra e pela atmosfera. Quando o magma irrompe de um vulcão, é chamado de lava.
Alguns dos vulcões mais ativos estão localizados no Círculo de Fogo do Pacífico. Cerca de 90% de todos os terremotos ocorrem dentro do Anel de Fogo.
Os cientistas podem prever erupções vulcânicas?
Os cientistas são capazes de prever erupções vulcânicas com horas ou, às vezes, vários dias de antecedência. Este não é o caso dos terremotos, que são muito mais difíceis de prever.
Os cientistas usam dados sismográficos de terremotos e outros tremores, porque estes podem ser precursores de erupções vulcânicas.
Os pesquisadores também monitoram o solo em busca de sinais de deformação que podem ser causados pelo movimento do magma. Eles também fazem leituras de emissões de gases vulcânicos e mudanças na gravidade e nos campos magnéticos.
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Vulcão mais ativo da Europa
O Monte Etna é o vulcão mais ativo da Europa e um dos maiores do mundo. Sua atividade vulcânica registrada remonta a 1500 a.C. Desde então, entrou em erupção mais de 200 vezes.
As erupções atuais no Etna causaram cancelamentos de voos do aeroporto próximo de Catânia.
O uso de carros e motos também foi proibido por 48 horas devido à grande quantidade de cinzas nas estradas. As cinzas podem ser escorregadias e aumentam o risco de acidentes.
Outros vulcões em erupção
Uma das erupções de longo prazo mais famosas foi a do vulcão Kilauea, no Havaí. Sua atividade iniciada em 1983 continuou – quase sem parar – por 35 anos até 2018, apenas para voltar novamente à atividade em 2021. A erupção ainda está em andamento.
O Dukono, na Indonésia, começou a entrar em erupção em agosto de 1933 e ainda continua. Santa Maria, na Guatemala, começou a entrar em erupção em junho de 1922 e ainda não parou.
E o Yasur, em Vanuatu, começou a entrar em erupção por volta de 1270 (± 110 anos) e ainda continuava em atividade em 9 de junho de 2023.
Islândia: à espera da erupção
Região no entorno da cidade portuária de Grindavik é evacuada em meio à expectativa de uma erupção vulcânica no país nórdico insular. Um túnel de 15 km de magma abre caminho rumo ao Atlântico.
Foto: Brynjar Gunnarsson/AP/picture alliance
Rachaduras pela cidade
Vapor emerge de uma fenda aberta no meio da rua em Grindavik, no sul da Islândia, após tremores. Há dias a terra chacoalha, danificando tubulações de água e vias. Sob as rachaduras, que continuam a se deslocar no sentido oeste, um túnel de magma de 15 km de extensão abre caminho rumo ao Atlântico.
Foto: Brynjar Gunnarsson/AP/picture alliance
Sinais sísmicos
Uma equipe de geólogos da Universidade da Islândia monitora a situação por sismógrafos recém-instalados. Após mais de 1.400 terremotos nas últimas 48h na região de Grindavik, especialistas alertam para a alta probabilidade de uma erupção vulcânica nos próximos dias. Erupções na Islândia têm sido frequentes nos últimos anos – a última vez foi em julho de 2023, na montanha Litli-Hrútur.
Foto: Raul Moreno/Zumapress/picture alliance
Lagoa azul fechada
Diante de uma série de terremotos e da iminência de uma erupção vulcânica, o banho geotermal Bláa Lónið ("Lagoa Azul", em tradução livre), uma das atrações turísticas mais famosas do país, teve que ser fechado.
Foto: Blue Lagoon Iceland/dpa/picture alliance
Moradores levam junto o que for possível
Um morador de Grindavik enche o porta-malas após autoridades permitirem breve retorno à região antes de voltarem a evacuá-la. Não se sabe quando a erupção ocorrerá. "Pode acontecer nas próximas horas, ou em poucos dias. No momento, a incerteza é grande", afirmou em uma rádio islandesa o pesquisador Porvaldur Póroarso.
Foto: Brynjar Gunnarsson/AP/picture alliance
Deixando a zona de risco
Na estrada, só há uma direção: para fora de Grindavik. Geólogos temem que a erupção possa ser pior do que a da Ilha Heimaey em 1973, quando uma fissura de 3 km de extensão na terra expeliu 100 m³ de lava por segundo. "Uma erupção em Grindavik seria uma catástrofe", declarou a uma rádio islandesa o geólogo Ármann Höskuldsson.
Foto: Brynjar Gunnarsson/AP/picture alliance
Segurança em primeiro lugar
Um funcionário do serviço de resgate observa a situação na estrada. Pesquisadores suspeitam que o túnel de magma possa irromper no Atlântico. A erupção seria, nesse caso, uma ejeção – o tipo mais violento de erupção, em que sobretudo rochas e cinzas são lançadas no ar, com a formação de uma grande nuvem de fumaça que poderia se deslocar até a Europa.
Foto: Brynjar Gunnarsson/AP/picture alliance
À beira da erupção?
No domingo (12/11), surgiram fissuras no solo em Grindavik e região. Geólogos acreditam que elas sinalizam o caminho percorrido pelo túnel de magma. À noite, o número de terremotos diminuiu gradualmente – um indício de que o "rio de fogo" pode estar mais perto da superfície.
Foto: RUV/RAGNAR VISAGE/ REUTERS
Volta para casa é incerta
Avisos rabiscados à mão e afixados em um imóvel em Grindavik sinalizam que a propriedade foi evacuada. Alguns poucos moradores foram autorizados a voltar por algumas horas para recolher pertences, somente para serem retirados momentos depois diante de novos alertas. Autoridades começaram a construir muros de contenção no sudoeste do país.