Por que as novas denúncias podem abalar o mito Lula?
Jean-Philip Struck16 de fevereiro de 2016
Denúncias envolvendo apartamento triplex e sítio têm potencial maior para arranhar imagem do ex-presidente do que o escândalo do mensalão e podem inviabilizar eventual retorno em 2018.
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Há cinco anos, Luiz Inácio Lula da Silva deixou o Palácio do Planalto em meio a uma popularidade recorde, elogios de líderes estrangeiros e tendo feito sua sucessora na Presidência da República. Era o auge da trajetória política do ex-metalúrgico de esquerda e a consolidação do mito popular Lula.
Esse mito se fundamenta no carisma pessoal do ex-presidente, na história do homem simples que subiu na vida, nas políticas econômicas e sociais que tiraram milhões de pessoas da miséria e também na imagem de ser um dos principais representantes da integridade moral que está na origem da fundação do PT. Esse mito é tão forte que faz de Lula, ao natural, um dos nomes mais cotados para suceder Dilma Rousseff em 2018.
Nas últimas semanas, porém, esse mito passou por aquele que é, até o momento, seu teste mais forte. É verdade que a Presidência de Lula teve seus percalços, como o escândalo do mensalão, mas a figura do líder operário que se empenha pelos mais pobres passou inabalada por todas as turbulências, pois as investigações não indicaram participação direta dele em nenhum caso.
Agora, no entanto, a situação ameaça se tornar bem diferente, à medida que surgem suspeitas ligando o ex-presidente a escândalos potencialmente incendiários. Elas envolvem um apartamento triplex no Guarujá, um sítio no interior de São Paulo, tráfico de influência e negócios entre seus filhos e grandes empresas.
Se, para muitos petistas e apoiadores do ex-presidente, o mensalão tinha o "atenuante" de que não era em proveito próprio, nas recentes denúncias esse raciocínio não se impõe. É a família de Lula que frequenta o sítio em Atibaia.
A situação é tão grave que, segundo relatos da imprensa brasileira, Lula estaria abatido. E cientistas políticos afirmam que o ex-presidente, em vez de ser uma figura que emprestava seu carisma a outros políticos e ao PT, pode estar se convertendo num fardo.
O ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia, terão que depor no Ministério Público Federal de São Paulo para esclarecer a relação do casal com o imóvel no Guarujá. É a primeira vez que Lula deporá como investigado.
Manchas na trajetória política
"Lula vinha cultivando uma imagem de estadista e de potencial candidato à Presidência nas próximas eleições. O problema é que a fórmula que salvou o presidente em 2005, que envolvia culpar outras pessoas, parece não se aplicar desta vez. O efeito imediato dessas investigações é inviabilizar qualquer conversa sobre a volta de Lula em 2018. No longo prazo, elas mancham a trajetória política de Lula", afirma o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).
As manchas na imagem de Lula podem ser medidas em números. Pesquisas do instituto Datafolha divulgadas no final do ano passado apontam que a rejeição ao ex-presidente saltou de 17% para 47% nos últimos dois anos. Já a parcela dos entrevistados que o consideram o melhor presidente que o Brasil já teve caiu de 56% para 39%. Lula só conta com 22% das intenções de voto para as próximas eleições presidências – o que o coloca nove pontos percentuais atrás do senador Aécio Neves (PSDB).
Mais recentemente, uma pesquisa do instituto Ipsos divulgada no início de fevereiro afirmou que apenas 25% dos entrevistados consideram que Lula é honesto (em 2005, durante o escândalo do mensalão, eram 49%). O levantamento também mostra que 68% da população acredita que Lula não tem mais moral para falar de ética, e 67% disseram que o ex-presidente é tão corrupto como outros políticos.
Em 2015 começaram a surgir as primeiras suspeitas sobre o presidente. Elas envolviam sua relação com grandes empreiteiras, que custearam viagens e pagaram milhares de reais para o Instituto Lula em troca de palestras. A pecha de "lobista", no entanto, nunca passou de uma acusação não comprovada.
Na segunda metade de 2015 foi a vez do apartamento triplex num prédio no Guarujá, no litoral de São Paulo. A defesa do ex-presidente afirma que Lula e sua mulher tiveram uma cota para um imóvel no prédio, mas que o casal desistiu da compra e nunca foi proprietário de qualquer unidade.
Ainda assim, o caso levantou questões sobre o porquê de a construtora do prédio, a empreiteira OAS – cuja cúpula foi presa na Operação Lava Jato – ter gasto mais de 700 mil reais em reformas no imóvel, como a instalação de um elevador privativo. O promotor do caso já afirmou que tem indícios para denunciar o casal por ocultação de patrimônio.
Em outubro foi a vez de a Operação Zelotes chegar a Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente. As investigações apontam que Luis Cláudio, proprietário da LFT Marketing Esportivo, recebeu 2,4 milhões de reais em pagamentos de uma consultoria ligada a um suposto esquema de compra de medidas provisórias para beneficiar a indústria automotiva com incentivos no final do segundo mandato de Lula. O ex-presidente nega que a MP 471 tenha sido influenciada por lobbies. Já a defesa de Luis Cláudio afirma que o valor foi pago por uma consultoria na área esportiva que foi de fato prestada.
O nome de Lula também apareceu no início deste ano ligado ao sítio em Atibaia, que é de propriedade do filho de um amigo do ex-presidente, o empresário Fernando Bittar, também sócio de outro filho de Lula, Fábio Luis. Lula frequentava regularmente o local e chegou a enviar para o imóvel objetos pessoais que estavam no Palácio do Alvorada. Investigações mostram que a propriedade teve uma reforma custeada pela OAS, a Odebrecht e o pecuarista José Carlos Mumbai, um amigo do ex-presidente preso durante a Operação Lava Jato. Foram gastos cerca de 500 mil reais só na compra do material da reforma.
A defesa de Lula admitiu que ele frequentava o sítio e nega qualquer irregularidade, mas até agora tem evitado comentar as reformas feitas no local. A suspeita investigada na Operação Lava Jato é que as empreiteiras tenham reformado o local para presentear o ex-presidente.
Muito cedo para avaliar estrago
Para o cientista político Carlos Melo, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a imagem de Lula está sendo arranhada pelas denúncias. "É complicado quando uma das principais lideranças políticas do país não consegue esclarecer essas relações. Lula sempre quis passar a imagem do operário que chegou lá, não a de um milionário", comenta.
Segundo Melo, a divulgação de informações como a de que empreiteiras bancaram a compra de cozinhas de luxo e a instalação de elevadores particulares têm um potencial de dano maior do que denúncias envolvendo desvios de milhões ou bilhões, que são um tanto abstratas para a população.
O cientista compara a situação de Lula com a do ex-presidente Fernando Collor (1990-1992). "Collor já vinha sendo sacudido por escândalos, mas o que realmente o atingiu foi a divulgação de reformas suntuosas na Casa da Dinda [residência particular do então presidente], antes mesmo da comprovação de algo ilícito. Esse é o tipo de coisa que fica na mente das pessoas", afirma.
Melo, no entanto, ressalva que, até agora, as denúncias contra Lula ainda estão longe de serem comprovadas, e que, ao menos até o momento, as investigações não indicaram nenhuma troca concreta de favores por reformas ou presentes. "Até aqui, essas investigações têm um impacto maior do ponto de vista político do que do jurídico", diz.
Para o especialista, o cacife político do ex-presidente para 2018 está sendo comprometido. "O PT se comportava como se tivesse um Pelé no banco, que pode ser chamado para o jogo a qualquer momento. Agora ficou mais complicado", analisa. "Em 2010, com o bom momento da economia, essas denúncias teriam sido ignoradas, não significariam nada, mas agora têm mais potencial."
O cientista político Paulo Kramer avalia que será difícil para o ex-presidente recuperar a sua imagem. "Esses escândalos todos mostram que Lula e seu partido não só eram adeptos do patrimonialismo, que confunde a coisa pública com a privada, como o agravaram. Lula almejava ser uma figura maior que Getúlio Vargas, mas se as coisas continuarem assim ele vai acabar em pé de igualdade com Eduardo Cunha", afirma.
Já Melo afirma que, apesar dos abalos, ainda é muito cedo para avaliar se as manchas na imagem são permanentes. "Fernando Henrique Cardoso saiu desgastado da Presidência e se afastou por algum tempo. Hoje ele é uma figura respeitada. O distanciamento permite outras avaliações", afirma.
A trajetória política de Lula
Das greves no ABC à Presidência. Da condenação pela Lava Jato ao terceiro mandato. Os principais momentos políticos na vida de Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
Lula e as greves do ABC
Em 1975, Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e ganhou projeção nacional ao liderar uma série de greves no final da década. Em 1980, foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional após comandar uma paralisação que durou 41 dias. Lula ficou 31 dias no cárcere do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Foto: Instituto Lula
Fundação do PT
Em 10 de fevereiro de 1980, pouco antes de ser preso, Lula ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) com apoio de intelectuais e sindicalistas. Em maio do mesmo ano, ao sair do cárcere, foi eleito o primeiro presidente do partido. O pernambucano, então, ingressaria de vez na política: em 1982, concorreu ao governo de São Paulo e, em 1986, foi eleito deputado constituinte.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
A campanha de 1989
O PT lançou a candidatura de Lula nas primeiras eleições presidenciais diretas após o fim do regime militar. Com uma imagem de operário e um discurso de esquerda, Lula provocou temor em vários setores da economia, que se alinharam ao candidato Fernando Collor. O petista foi derrotado no segundo turno, depois de uma campanha que envolveu acusações de manipulação da imprensa a favor de Collor.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Gostoli
A campanha de 1994
No embalo das primeiras denúncias de irregularidades no governo Collor, Lula lançou, em 1992, o movimento "Fora Collor" em apoio ao impeachment. Em 1994, concorreu novamente à Presidência, com Aloizio Mercadante como vice, mas foi derrotado no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lançado como "pai do Plano Real". O PT, por outro lado, elegia seus primeiros governadores (DF e ES).
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A campanha de 1998
Em 1998, Lula sofreu uma de suas piores derrotas eleitorais. À época, o petista teve como candidato a vice o ex-governador Leonel Brizola (PDT), um dos seus rivais na eleição de 1989 e com quem disputava a hegemonia na esquerda brasileira. A fórmula não deu certo. Lula obteve só 31% dos votos, e o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com 53% no primeiro turno.
Foto: picture alliance/AP Photo/R. Gostoli
A posse de Lula
O eterno candidato do PT finalmente assumiu a Presidência em janeiro de 2003, após oito anos de governo do PSDB. Lula foi eleito com 61% dos votos válidos no segundo turno. A vitória foi alcançada após uma campanha que vendeu uma imagem mais moderada do petista – simbolizada no slogan "Lulinha paz e amor" – com o objetivo de acalmar os mercados e ampliar o eleitorado do partido.
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Economia em alta
Após as turbulências no final do governo Fernando Henrique Cardoso, a economia brasileira voltou a crescer com Lula, embalada sobretudo pelo boom das commodities. Foi o período da descoberta do pré-sal e investimentos em grandes obras de infraestrutura. O crescimento médio do PIB no segundo mandato chegou a 4,6%. O bom momento catapultou a popularidade de Lula, que chegou a 87% no final de 2010.
Foto: AP
Queda na desigualdade
Os programas sociais lançados por Lula, como Minha Casa, Minha Vida e ProUni, também contribuíram para a popularidade do presidente. O Bolsa Família, criado em 2004 a partir da unificação de outros programas de transferência de renda, se tornaria o carro-chefe. Quase 28 milhões de brasileiros saíram da zona de pobreza nos oito anos do governo Lula, afirmou um balanço em 2010.
Foto: Vanderlei Almeida/AFP/Getty Images
O escândalo do mensalão
Em 2005, o governo Lula foi atingido em cheio pelo escândalo de compra de votos de deputados, o mensalão. Apesar do desgaste, Lula sobreviveu à crise. Outros, como o ministro José Dirceu, uma das figuras fortes do governo, caíram em desgraça. No início, Lula afirmou que assessores o haviam "apunhalado", mas depois mudou o discurso e disse que o caso era uma invenção da oposição e da imprensa.
Foto: picture alliance / dpa / picture-alliance
A eleição de Dilma
Em 2007, logo após ser reeleito com mais de 60% dos votos, Lula começou a preparar o terreno para a sua sucessão. Como sucessora, ele escolheu a sua então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma tecnocrata sem experiência nas urnas. Nos três anos seguintes, Lula promoveu a imagem de Dilma junto aos brasileiros. A estratégia funcionou, e ela foi eleita em 2010.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Prestígio mundial
Durante a Presidência, Lula gozou de prestígio mundial e se reuniu com os mais importantes chefes de Estado do planeta. Em abril de 2009, em um encontro do G20, o presidente dos EUA na época, Barack Obama, cumprimentou o colega e disse: "Adoro esse cara! O político mais popular da Terra". No mesmo ano, Lula apareceu em 33º lugar na lista das pessoas mais poderosas do mundo da revista Forbes.
Foto: AP
Luta contra o câncer
Em outubro de 2011, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe, sendo submetido a um agressivo tratamento – pela primeira vez desde 1979, ele aparecia sem a barba. Exames apontaram a remissão completa do tumor cerca de cinco meses depois, e Lula voltou a se engajar nas campanhas do PT. Uma das grandes vitórias eleitorais de 2012 foi a de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Foto: AFP/Getty Images
Lula e a Lava Jato
Em março de 2016, Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente foi levado para depor sobre um sítio em Atibaia, um triplex no Guarujá e sua relação com empreiteiras investigadas na Lava Jato. No mesmo dia, a PF cumpriu mandados em residências do petista e de sua família, além do Instituto Lula.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Réu em diferentes processos
Nos meses seguintes, Lula foi denunciado por uma série de crimes, como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e tráfico de influência, tornando-se réu em cinco processos diferentes. O petista sempre desmentiu as acusações, negou a prática de crimes e disse ser vítima de perseguição política. Ele também negou ser proprietário dos imóveis investigados.
Foto: picture-alliance/abaca
Morre Marisa Letícia
Em fevereiro de 2017, morreu a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Lula e Marisa se conheceram em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo. Ela esteve ao lado do marido durante a sua ascensão política, desde os tempos do sindicato, quando liderou passeata em apoio a sindicalistas presos, passando pela fundação do PT, costurando a primeira bandeira do partido, até a Presidência.
Foto: Reuters/N. Doce
Caravana pelo país
Visando uma nova candidatura à Presidência no ano seguinte, Lula começou em 2017 uma caravana pelo Brasil que reuniu milhares de pessoas. Em junho de 2018, o PT confirmou sua pré-candidatura, mesmo com ele já preso. Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral impediu que ele concorresse. Como sucessor, Lula escolheu Fernando Haddad, que chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Jair Bolsonaro.
Foto: Ricardo Stukert /Instituto Lula
Lula é condenado
Lula foi condenado pela primeira vez em 12 de julho de 2017. A sentença do juiz Sergio Moro determinou 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, ligados ao triplex no Guarujá. O TRF-4 confirmou a condenação em segunda instância, além de aumentar a pena para 12 anos e um mês de prisão. Foi a primeira condenação de um ex-presidente por corrupção no Brasil.
Foto: Abr
Derrota no STF
Por 6 votos a 5, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram, em 4 de abril de 2018, um pedido de habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula para evitar uma eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal. Manifestantes contrários e a favor de Lula foram às ruas por ocasião do julgamento.
Foto: picture alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Lula se entrega à PF
Em 7 de abril de 2018, Lula se entregou à Polícia Federal, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, após ordem de prisão expedida por Sergio Moro. Antes de se entregar, Lula fez um discurso acalorado aos apoiadores. De Congonhas, Lula partiu de avião para Curitiba, onde começou a cumprir sua pena.
Foto: Paulo Pinto/Instituto Lula
Vigília em frente à PF em Curitiba
Depois da prisão de Lula, apoiadores do ex-presidente revezaram-se em um acampamento em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde ele permaneceu preso. O local recebeu constantes visitas de políticos e de artistas, do Brasil e do exterior. Apoiadores também realizaram caravanas pelo país, com o slogan "Lula Livre". Em fevereiro de 2019, Lula também foi condenado no caso do sítio em Atibaia.
Foto: Ricardo Stuckert
Solto após 19 meses na prisão
Lula deixou a prisão em 8 de novembro de 2019, depois de passar um ano e sete meses na sede da Polícia Federal em Curitiba. A soltura ocorreu após o STF derrubar uma decisão que autorizava a prisão em segunda instância, beneficiando diretamente o petista, que passou a recorrer em liberdade. Após deixar a prisão, Lula fez um discurso para apoiadores repleto de críticas à Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Supremo anula condenações
Após o fim da prisão, a campanha "Lula Livre" focou na anulação de suas condenações. Os advogados do petista recorreram até o Supremo, alegando que ele era vítima de perseguição judicial. Em abril de 2021, o plenário do Supremo concluiu que Moro não era o juiz competente para atuar nos processos do petista, e dois meses depois decidiu que Moro era parcial. As condenações de Lula foram anuladas.
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
Uma aliança inesperada
A preparação da sexta campanha presidencial de Lula envolveu uma costura política inusitada. O petista e aliados articularam para ter como vice o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que foi filiado ao PSDB por 33 anos e era seu antigo adversário. A aproximação teve o objetivo de atrair o voto conservador e vingou: em abril de 2022, o PSB, novo partido de Alckmin, confirmou sua indicação.
Foto: Ricardo Stuckert/AFP
Em busca do voto anti-Bolsonaro
Lula lançou sua pré-candidatura em maio de 2022, defendendo a união de pessoas de orientações políticas variadas contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No evento, Alckmin prometeu lealdade, disse que o futuro do Brasil "está em jogo" e foi aplaudido pelos petistas.
Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
Triunfo na busca por terceiro mandato
Após uma das campanhas mais tensas da história brasileira, Lula conquistou novamente a Presidência. Com apoio de uma frente ampla que reuniu forças de centro e antigos adversários, o petista impôs uma derrota inconteste sobre o extremista de direita Jair Bolsonaro. Aos 77 anos, Lula se tornou o político mais velho a conquistar o Planalto.