A terra treme regularmente em muitas áreas do mundo. A Cordilheira do Atlas, no Marrocos, é uma delas. Mas como se formam os abalos sísmicos?
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Na noite da última sexta-feira (08/09), um terremoto com magnitude de pelo menos 6,8 graus sacudiu o Marrocos. Com seu epicentro na Cordilheira do Atlas, a cerca de 70 quilômetros de Marrakech, ele também foi sentido na vizinha Argélia e no extremo norte de Portugal. O sismo provocou quase 2.500 mortes. O terramoto ocorreu a uma profundidade de 18,5 quilômetros, considerada de baixa profundidade, o que potencializou os danos, já que havia uma camada menor de rochas para observer o impacto.
Por que a Cordilheira do Atlas está sujeita a terremotos?
A Cordilheira do Atlas se estendem pelos países do norte da África, Marrocos, Argélia e Tunísia, cobrindo uma extensão de cerca de 2.300 quilômetros. É a chamada cordilheira dobrada, formada pela colisão de duas placas terrestres: a placa euroasiática, ao norte, e a placa africana, ao sul.
"A Cordilheira do Atlas ficam na fronteira das duas placas e, portanto, são conhecidas como zonas sísmicas", diz Fabrice Cotton, professor de sismologia no Centro de Pesquisa Geográfica (GFZ) em Potsdam, na Alemanha.
Nesta cadeia de montanhas também fica o maior pico do norte da África, o Monte Toubkal, com de 4.167 metros de altitude.
O Marrocos já foi palco de fortes terremotos no passado, incluindo um em 2004, na cidade de Al Hoceima, no nordeste do país, que deixou mais de 628 mortos. Em 1960, um terremoto que atingiu Agadir provocou mais de 12 mil mortes.
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Como ocorrem os terremotos?
A crosta terrestre é construída como uma espécie de quebra-cabeça composto por muitas peças: algumas placas oceânicas gigantescas e várias pequenas placas continentais da crosta. Quantas placas pequenas e menores realmente existem é uma questão de debate na ciência.
As diversas placas "flutuam" no interior líquido da Terra. Devido ao inchaço do magma do núcleo da Terra em alguns pontos de fratura, elas se deslocam e migram alguns centímetros por ano. Isso vem acontecendo há bilhões de anos, sendo, portanto, completamente normal. Elas se afastam uma da outra, se friccionam ou se repelem, fazendo com que o continente acima se mova. Tais movimentos são chamados de tectônica de placas.
A tectônica de placas faz com que as placas fiquem presas umas às outras. As tensões na rocha aumentam e, quando ficam muito grandes, podem ser liberadas repentinamente. A partir deste epicentro, as ondas de pressão se espalham pela superfície da Terra e são sentidas como terremotos.
É por isso que regiões situadas acima das chamadas falhas geológicas, ou seja, onde duas placas tectônicas da crosta terrestre se encontram, são mais propensas a abalos. A partir de 5,0 na chamada escala Richter, que os sismólogos usam para indicar a intensidade de um terremoto, podem ocorrer danos visíveis em edifícios, por exemplo.
Se um terremoto ocorrer sob o oceano, isso pode gerar tsunamis. Essas ondas, que se propagam em alta velocidade, podem causar inundações devastadoras quando atingem a terra. Devido à constante atividade sísmica em regiões nas bordas das placas, é muito difícil prever terremotos mais severos, disse o sismólogo Cotton.
O que são tremores secundários?
Fortes terremotos são quase sempre seguidos por uma série de tremores menores. Esses tremores secundários ocorrem porque as placas tectônicas no epicentro ainda estão se movendo para frente e para trás e estão lentamente entrando em repouso. Mas mesmo os tremores secundários mais fracos podem causar grandes danos: edifícios eventualmente danificados pelo terremoto principal acabam desabando e levando a um número ainda maior de mortos, feridos e desabrigados.
"A única maneira de proteger as pessoas contra terremotos é através de construções à prova de terremotos", diz Cotton.
Os terremotos mais fortes dos últimos 100 anos
Milhares de pessoas morreram no terremoto que abalou o Marrocos em 8 de setembro de 2023. O pior tremor no país em 120 anos atingiu 6,8 na escala Richter. No último século foram registrados sismos ainda mais fortes.
Foto: Toru Hanai/REUTERS
Chile teve o terremoto mais forte
O terremoto mais forte já registrado, de magnitude 9,5 graus na escala Richter, atingiu Valdívia, na costa sul do Chile, por 10 minutos, em maio de 1960. Foram destruídas cidades inteiras e a geografia da região foi alterada. Quase 6 mil pessoas morreram. E o tsunami gerado pelo sismo causou a morte de 130 pessoas no Japão e de 61 no Havaí. Na foto, ruínas do porto de Corral.
Foto: Getty Images/AFP
Grande Terremoto do Alasca
O terremoto que abalou o Alasca em 27 de março de 1964 também é conhecido como "o grande terremoto do Alasca". Ele segue sendo o mais forte já registrado nos Estados Unidos, com magnitude de 9,2. O movimento sísmico e o posterior tsunami mataram 139 pessoas. Na foto, a destruição causada no pequeno povoado de pescadores na ilha de Kodiak.
Foto: Getty Images/Central Press
Megaterremoto submarino no Oceano Índico
O megaterremoto submarino de 26 de dezembro de 2004 no Oceano Índico teve magnitude de 9,1. Ele desencadeou uma série de tsunamis devastadores, que causaram a morte de 280 mil pessoas em 14 países e inundaram cidades costeiras com ondas de até 30 metros de altura. Foi um dos desastres naturais mais mortíferos de que se tem registro. Na foto, a destruição em Sumatra, na Indonésia.
Foto: Getty Images/P.M. Bonafede/U.S. Navy
Terremoto seguido de tsunami no Japão
Um membro da equipe canina de resgate busca vítimas após o terremoto que causou destruição no noroeste do Japão em 11 de março de 2011, que atingiu 9,1 na escala Richter e foi seguido de um terrível tsunami. Eles causaram a morte de cerca de 18,5 mil pessoas e afetaram a planta nuclear de Fukushima.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba
O terremoto de Kamchatka
Em 4 de novembro de 1952, foi registrado um tremor de magnitude 9 na costa da península de Kamchatka, no leste da Rússia. O tsunami que se seguiu causou destruição e mortes nas ilhas Kurilas. Mais de 2,3 mil pessoas morreram.
Mais uma vez no Chile
O tremor de magnitude 8,8 que afetou a costa do Chile em 27 de fevereiro de 2010 também está entre os mais fortes do século. Ele não causou tantas mortes como o tsunami posterior, que varreu várias localidades costeiras, elevando a cifra de mortos para 530. O sismo danificou o porto de Talcahuano e provocou perdas milionárias aos pescadores e à indústria local.
Foto: Getty Images/AFP/M. Bernetti
Sismo de 1906 atingiu Equador e Colômbia
Em 31 de janeiro de 1906, um terremoto também de magnitude 8,8 na escala Richter causou destruição e cerca de mil mortes no Equador e na Colômbia. O terremoto se deu devido ao choque das placas de Nazca e a Sul-Americana, causando um tsunami de vários metros de altura. O epicentro localizou-se no Oceano Pacífico diante da fronteira entre os dois países.
De novo o Alasca
O sismo de 4 de fevereiro de 1965 atingiu 8,7 de magnitude e teve seu epicentro nas Ilhas Rat, muito propícias a sismos porque se localizam entre as placas tectônicas do Pacífico e da América do Norte. Elas são um grupo vulcânico de ilhas integradas nas ilhas Aleutas, no sudoeste do Alasca. Na foto, a destruição causada pelo terremoto em Anchorage, maior cidade do Alasca.
Foto: U.S. Army
Em 1950, entre Índia e China
O terremoto de Assam-Tibete, entre Índia e China em 15 de agosto de 1950, atingiu a magnitude de 8,6 graus na escala Richter. O sismo causou destruição tanto na região de Assam, na Índia, quanto no Tibete, e foi fatal para cerca de 4,8 mil pessoas.
Alasca é área propícia a terremotos
O sul do Alasca fica na fronteira entre a Placa Tectônica Norte-Americana e a Placa do Pacífico. Em 9 de março de 1957, aconteceu nas ilhas Aleutas um terremoto de magnitude 8,6 na escala Richter.
Turquia e Síria: luto e indignação
Milhares de pessoas morreram no terremoto que atingiu a Turquia e a Síria em 6 de fevereiro de 2023, com uma magnitude de 7,8 na escala Richter. As cifras assustam: pelo menos 50 mil mortos, 214 mil prédios desabados ou em estado precário, milhões perderam suas moradias. Ao luto dos sobreviventes, juntou-se a indignação de constatar que, em muitos casos, não foram cumpridas normas de construção.