Berlim lança campanha para identificar regiões mais afetadas pela poluição sonora, que diminui qualidade de vida e causa danos à saúde. Iniciativa deve resultar em plano para reduzir ruídos.
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Quem vive numa cidade grande já deve ter sentido a inquietação e irritação que o excesso de barulho provoca. Além de diminuir a qualidade de vida, a poluição sonora pode causar danos à saúde, como estresse, insônia, depressão e ainda doenças cardiovasculares.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição constante a ruídos que ultrapassam 55 decibéis (dB) aumenta os riscos à saúde. Esse limite, no entanto, é constantemente ultrapassado em grandes cidades. Em Berlim, a prefeitura estima que 340 mil moradores vivam em áreas onde os ruídos ultrapassam os limites estipulados pela OMS.
Diante desse problema de saúde pública, a prefeitura da capital alemã lançou uma campanha para identificar os cantos barulhentos da cidade. Na primeira fase da iniciativa "Berlim ficará mais silenciosa", moradores foram convidados, até final de maio, a indicar locais problemáticos e sugerir medidas para a redução de ruídos.
Neste estudo, os moradores podem ainda indicar oásis de descanso na cidade, iniciativas para reduzir ruídos e responder a um questionário sobre as características que considera importantes em áreas de sossego.
Os resultados serão comparados com a pesquisa anterior, feita em 2013, que gerou um plano municipal para a redução de ruídos. O principal problema identificado, e que aparentemente continua sendo o pior, conforme as primeiras indicações dos moradores, é o barulho causado pelo trânsito.
Em cinco anos, desde a primeira campanha, diversas medidas para enfrentar a poluição sonora na cidade já foram adotadas. Entre as principais estão a criação de um plano de mobilidade urbana para incentivar o uso da bicicleta e do transporte público, o asfaltamento de antigas ruas, a modernização de trilhos, bondes e trens, e subsídios para a colocação de janelas com proteção a ruídos.
Com os resultados da atual pesquisa, um novo plano para a redução da poluição sonora deverá ser posto em prática na cidade.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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60 anos do Trabant, ícone da Alemanha Oriental
Em 7 de novembro de 1957, o primeiro "Trabi" saiu da fábrica. O famoso carro da antiga RDA foi produzido até 1991. Após desaparecer das ruas, ele foi redescoberto como objeto cult e hoje tem uma legião de fãs.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Pleul
"Trabi" e seus fãs
Poucos carros foram citados tantas vezes em músicas e filmes como o Trabant. Também conhecido como "Trabi", ele foi lançado há 60 anos. Após a queda do Muro de Berlim, a maioria dos alemães do leste quis se dissociar de seus "Trabis" o mais rápido possível. Hoje, o pequeno automóvel tem uma comunidade leal de fãs, com mais de 34 mil unidades circulando pelas ruas.
Foto: picture-alliance/dpa/Pisacreta
A necessidade é a mãe da invenção
Os Trabants eram fabricados na pequena cidade saxã de Zwickau. O "Bombardeiro de Plástico" (Duroplastbomber), com seu inconfundível motor de dois tempos, foi produzido mais de três milhões de vezes. A famosa carroceria feita de plástico nasceu da necessidade: chapas de metal eram escassas na RDA. Em 7 de novembro de 1957, saiu da fábrica o primeiro "Trabi", e em 1991, o último – cor-de-rosa.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Thieme
"Papelão de corrida"
Batizado na linguagem popular de “papelão de corrida” (Rennpappe) devido à sua construção leve, o pequeno automóvel tinha entre 18 e 26 cavalos de potência e alcançava até 110 km/h – ainda que a comunicação a bordo ficasse comprometida por causa do ruído imenso. Apesar da produção em série na fábrica de automóveis VEB Sachsenring, novos "Trabis" eram escassos.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Thieme
Somente para aqueles com paciência
"Um Trabant de cor azul-celeste percorreu o país", cantarolou Sonja Schmidt em uma canção de 1971. Muita paciência era necessária, no entanto, até que um cidadão da RDA pudesse ter um carro para chamar de seu. O tempo de espera para se obter um Trabant era de em média 12 anos, e, em alguns casos, muito mais.
Foto: picture-alliance/dpa/W.Steinberg
Rumo à Reeperbahn
Imediatamente após a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, muitos Trabants passaram a circular também nas estradas da Alemanha Ocidental. Um dos destinos era "a milha mais pecaminosa do mundo", a Reeperbahn, em Hamburgo. A famosa avenida era repleta de bares de striptease, cinemas pornôs e cassinos, coisas que não existiam no lado oriental.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Rehder
Um ícone das duas Alemanhas
O "Trabi" representava o estigma do qual muitos alemães do leste queriam se livrar após a Reunificação, e, ao mesmo temo, tornou-se símbolo dos belos momentos que se seguiram à queda do Muro de Berlim. Os alemães ocidentais receberam os primeiros carros da RDA que cruzaram as fronteiras abertas com "batucadas de Trabi" (Trabitrommeln), ou seja, batidas no teto de plástico do carro.
Foto: Imago/Sven Simon
Viagem no tempo
Hoje, o pequeno carro é, antes de tudo, objeto de coleção. Diversos fã-clubes e associações se reúnem regularmente para cuidar do patrimônio cultural que o "Trabi" se tornou. Em Berlim, os turistas podem até alugar o veículo perto de "Checkpoint Charlie" e, por um momento, se sentir como cidadãos da RDA após a queda do Muro de Berlim.
Foto: picture alliance/W. Steinberg
Dois andares
O pequeno "Trabi" não comporta muita bagagem. Mesmo assim, há seis décadas ele presta um bom serviço como veículo de férias. No encontro internacional de motoristas de Trabant realizado em Zwickau em junho de 2017, fãs do automóvel demonstraram como isso é possível, por exemplo, com uma barraca no telhado.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Willnow
Calor do ninho
Desmantelar um "Trabi" seria uma pena. Este, inclusive, foi erguido do chão em Bechlin, no estado de Brandemburgo, e hoje é o lar de um casal de cegonhas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
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Outros "Trabis", atualmente, servem de espaço publicitário. Na ilha de Usedom, eles apontam o caminho para o Museu de Tecnologia de Duas Rodas em Dargen, onde são exibidos carros dos últimos 50 anos.
Foto: picture alliance/dpa/S. Sauer
Estrela de Hollywood
O "Trabi" não tem fãs só no leste da Alemanha. Em 2014, o ator americano Tom Hanks realizou um sonho com a compra de um Trabant azul-celeste modelo "P 601 deluxe". Mas o carro não será visto nas ruas de Hollywood. Hanks doou o carro para o Museu do Automóvel em Los Angeles.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Markert
Volta ao mundo
O aventureiro tcheco Dan Priban também é fã do Trabant – e com ele já cruzou os Andes, a África e a Austrália. Nos tempos da RDA, o "Trabi" não costumava ir muito além do lago Balaton, na Hungria.
Foto: picture-alliance/dpa/Michael Heitmann
Pronto para a largada: Trabant 2.0
Em 2009, uma nova versão do Trabant foi apresentada no Salão do Automóvel de Frankfurt, e, no ano seguinte, seus criadores chegaram a receber um prêmio. O "Trabi nT" tem um motor elétrico e pode atravessar as ruas a uma velocidade máxima de 130 km/h. Para a produção em série, porém, ainda falta o capital. Talvez os investidores se sensibilizem com o 60º aniversário do famoso "Trabi".