Porta-voz de Temer nega caráter eleitoral de intervenção
21 de fevereiro de 2018
Em pronunciamento, Alexandre Parola diz que presidente tomou decisão com base na demanda da sociedade e ressalta que assessores e colaboradores não estão autorizados a falar sobre a medida em nome de Temer.
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O porta-voz do presidente Michel Temer, Alexandre Parola, afirmou nesta quarta-feira (21/02) que a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro não tem fim eleitoral. Ele argumentou que a decisão foi tomada com base na demanda da sociedade
"A agenda eleitoral não é, nem nunca o será, causa das ações do presidente”, disse Parola, num pronunciamento à imprensa. "O governo seguirá sua trajetória sem pautar-se pela busca do aplauso fácil, mas na rota firme das decisões corajosas que buscam enfrentar e resolver os dramas verdadeiros de nossa nação, sem nenhuma significação eleitoral”, acrescentou.
Parola disse ainda que Temer baseou sua decisão na demanda da sociedade e não foi influenciado por nenhum outro fator. O porta-voz acrescentou, sem citar nomes, que assessores e colaboradores que expressem ideias sobre a intervenção estão desautorizados a falar sobre o tema em nome do presidente.
Parola não quis explicar o motivo do pronunciamento. A convocação da imprensa, no entanto, ocorreu após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que Temer determinou a intervenção pensando na reeleição.
"Não sei se vocês perceberam a sacada do Temer. Ele está pensando com isso em se cacifar pra ser presidente da República na eleição de 2018", afirmou Lula, durante um discurso feito num acampamento do Movimento Sem Terra (MST), em Minas Gerais.
O ex-presidente acusou Temer ainda de tentar conquistar os votos de eleitores do deputado Jair Bolsonaro com a medida.
A intervenção no Rio de Janeiro tem sido alvo de críticas da oposição. Especialistas em segurança pública argumentam que a medida tem na verdade um caráter político.
A intervenção foi decretada pelo presidente Michel Temer, na sexta-feira passada, e aprovada pelo Congresso nesta semana. Com a aprovação do decreto presidencial, a segurança pública do estado do Rio de Janeiro fica nas mãos do Exército brasileiro até o final deste ano.
Esta é a primeira vez que a União intervém num estado desde 1988, quando foi promulgada a Constituição federal. Pedidos de intervenção federal na segurança pública foram feitos pelo Distrito Federal, em 2010, pelo Espírito Santo, em 2002, e pelo Pará, em 1989, mas todas as solicitações foram barradas pelo Supremo Tribunal de Justiça (STF).
CN/abr/efe/ots
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Carnaval de protestos no Brasil
Rio de Janeiro viveu um dos carnavais mais politizados dos últimos anos, em parte por causa do corte de verbas. Alvos foram Michel Temer, o prefeito Marcelo Crivella, violência e corrupção.
Foto: Imago/Fotoarena
Mensagem contra a intolerância
A cantora Pabllo Vittar foi um dos maiores destaques do desfile da Beija-Flor de Nilópolis, que encerrou o Carnaval do Rio com uma parada que conquistou aplausos do público e dos jurados. A música "Todo Dia", de Vittar, tem 216 milhões de visualizações no YouTube. A cantora foi convidada para ser o pilar de um dos principais temas da Beija-Flor: a luta contra a intolerância.
Foto: Getty Images/AFP/M. Pimentel
"Manifestoches"
A escola Paraíso do Tuiuti passou de desconhecida a assunto mais comentado do Twitter no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial. O enredo tematizou a escravidão e apresentou alegorias críticas às leis trabalhistas e à situação política no país. A ala "manifestoches" ironizou os manifestantes que foram às ruas a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Foto: Getty Images/AFP/M. Pimentel
Escravidão contemporânea
"Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?", questionou o estribilho da escola fundada em 1952 no bairro de São Cristóvão. A Paraíso do Tuiuti abordou a história da escravidão e suas "sobras" contemporâneas, como o trabalho em lavouras de cana retratado na foto. Criticou, assim, a reforma trabalhista e propostas recentes do governo de redefinir (e precarizar) o trabalho escravo no país.
Foto: Imago/Fotoarena
"Vampiro do Neoliberalismo"
Em cima de um carro alegórico que representava a escravidão contemporânea, esse destaque foi um dos que mais chamou a atenção no desfile da Tuiuti, escola que voltou para a elite do samba carioca em 2016. O "Vampiro do Neoliberalismo" ostenta a faixa presidencial, em alusão ao presidente Michel Temer e às suas reformas econômicas.
Foto: Getty Images/AFP/M. Pimentel
Desfile chocante
A Beija-Flor de Nilópolis levou para a Marquês de Sapucaí os problemas sociais do Brasil, empolgando o público, que continuou a cantar o enredo depois que o desfile acabou. Inspirada na obra "Frankenstein", a escola apresentou paralelos com as cenas de terror vividas por grande parte da sociedade brasileira. Além da violência, a escola também criticou a corrupção e a intolerância.
Foto: picture-alliance/AP/S. Izquierdo
Prefeito ausente...
Entre a rainha Jéssica Maia (e.) e o Rei Momo de 2018, Milton Júnior (d.), o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, aplaude durante cerimônia que marcou o início oficial do carnaval carioca. Mas o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, que condena a festa, não ficou para a folia: viajou para a Alemanha. Este ano, Crivella cortou pela metade a verba destinada às agremiações.
Foto: picture alliance/AP/L. Correa
...e criticado
A tradicional Mangueira retratou Crivella como um Judas, em alusão à "traição" do prefeito às escolas. As organizações o apoiaram durante a campanha eleitoral, em 2016. Crivella justificou pela recessão a redução de verbas de R$ 2 milhões para R$ 1 milhão e descreveu o carnaval uma festa "não prioritária". A Mangueira mandou recado ao evangélico: "Prefeito, pecado é não brincar o carnaval!!"
Foto: picture alliance/AP/S. Izquierdo
Homenagem à mulher negra
O Salgueiro mostrou a trajetória das mulheres negras. A agremiação é presidida por Regina Celi, a segunda mulher a comandá-la. O Salgueiro retratou deusas egípcias, líderes angolanas e quilombolas, as "heroínas do passado" e do presente. O abre-alas da escola tinha mulheres grávidas como destaque. Na foto, a comissão de frente, que mostrou um ritual sagrado em homenagem ao "mistério da vida".
Foto: picture alliance/AP Images/L. Correa
Nem tudo é protesto
Depois do Salgueiro, foi a vez da Imperatriz Leopoldinense ir à Marquês de Sapucaí com o enredo "Uma noite real no museu nacional". A apresentação comemorou os 200 anos do Museu Nacional, autodefinido como "a mais antiga instituição científica do Brasil e maior museu de história natural e antropológica da América Latina". Foi criado em junho de 1818 por D. João VI.
Foto: Imago/Fotoarena
Refugiados
Campeã do ano passado, a Portela não empolgou durante o segundo dia de desfiles na Sapucaí. A escola contou a história de judeus perseguidos na Europa que se refugiaram em Pernambuco. Mas, com um enredo sobre a culinária brasileira, difusão de aromas pela avenida e um ritmo de bateria que lembrou o funk, a União da Ilha foi destacada pela imprensa, juntamente com Salgueiro e Beija-Flor.