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Porto Alegre na balança alemã

(sv)

Aplaudido por participantes alemães, o Fórum Social Mundial recebeu da mídia mais atenção que Davos. Apesar das dificuldades decorrentes do grande número de participantes, o evento foi visto como um grande sucesso.

Alemães registram saldo positivo do Fórum Social MundialFoto: AP

O ponto forte de Porto Alegre é que problemas globais são discutidos para além das fronteiras nacionais, sem escalas hierárquicas e barreiras de idiomas. As soluções, no entanto, são procuradas em nível regional, até local", declarou Joahannes Brandstäter da organização alemã "Pão para o Mundo" ao canal de televisão ZDF.

Tendo aberto maior destaque a Porto Alegre que a Davos, a mídia alemã registrou o Fórum Social Mundial de maneira quase unanimemente positiva. O saldo levantado por correspondentes alemães ressaltou o evento como "um motor de novas iniciativas", confirmando a tese de que o Fórum foi "o maior acontecimento global da história da humanidade".

Contato pessoal –

Este ano participaram do Fórum 400 delegados alemães, procedentes de 51 organizações. Para Marc Engelhardt, porta-voz da Federação Alemã para o Meio Ambiente e Proteção da Natureza, a visita ao Brasil "valeu muito a pena. É uma oportunidade de ver, conhecer e falar com os outros. E isso é algo que não se pode fazer por e-mail, carta ou telefone. Isso traz motivação suficiente para voltar à casa e dizer: vamos convencer nossa gente, fazer algo em comum e mudar o mundo".

Ultrapassando Davos –

Entre os participantes alemães, domina o consenso de que Porto Alegre superou em muito o Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em Davos, na Suíça, no mesmo período. "Hoje pode-se dizer, com consolo, que Porto Alegre tornou-se o maior acontecimento global da história da humanidade. Nunca houve outro evento que tivesse reunido cem mil pessoas discutindo sobre a globalização", observa Christian Felber, da Attac austríaca.

Iraque –

Nas observações da mídia alemã, as discussões sobre a postura norte-americana frente a uma guerra contra o Iraque foram um dos pontos centrais do Fórum Social. "Nós percebemos em Porto Alegre, que o mundo deposita grandes esperanças na Europa e vê na resistência dos governos europeus a maior possibilidade de evitar essa guerra. Tornou-se claro para nós, que os receios de que a Europa pudesse se isolar no contexto mundial, em função de sua postura contra os EUA, são absolutamente infundados, muito pelo contrário", conclui Malte Kreuzfeldt, da Attac alemã.

Seriedade –

O percurso do evento de um encontro informal de manifestantes antiglobalização em direção ao talvez mais importante e mais democrático espaço de discussão no mundo foi destacado pelo diário Süddeutsche Zeitung. "Em seu terceiro ano, o Fórum Social tornou-se uma instituição. E quem sabe, talvez tenha-se que agradecer às cem mil pessoas que estiveram em Porto Alegre o fato de que os participantes do evento concorrente na Suíça tenham se manifestado, esse ano, a favor de padrões sociais e ecológicos. O efeito das massas é grande, principalmente quando os ativistas não podem mais ser qualificados de irmãos na baderna. A seriedade caracterizou seus debates".

Crescimento –

Apesar do balanço positivo, o perigo de que as dimensões incontroláveis possam devorar a eficácia do encontro foi registrado pelos participantes alemães. "O Fórum chegou a seus limites, não sendo mais passível de organização. Como fazemos parte da equipe de suporte, quero acentuar também que o Fórum não é mais gerenciável financeiramente. Não é mais possível. Nós não conseguimos reunir os recursos suficientes, necessários à gestão de um evento dessas proporções", desabafa Jürgen Reichel, do Serviço de Desenvolvimento da Igreja Luterana.

Com uma pausa para respirar em 2004 – quando o próximo Fórum acontece na Índia – Porto Alegre terá tempo para repensar a estrutura do encontro de 2005, que volta a acontecer no Brasil. Reunindo então, quem sabe, até duzentas mil pessoas?

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