Centro oferece cursos interdisciplinares de especialização em Alemanha e Europa, além de bolsas de intercâmbio. Iniciativa de 2,5 milhões de euros é financiada pelo Ministério alemão do Exterior.
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O Brasil foi o país escolhido pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) para receber o primeiro Centro de Estudos Europeus e Alemães (CDEA) da América Latina. Inaugurado nesta segunda-feira (10/04) em Porto Alegre, o centro reúne pesquisadores e oferecerá cursos de especialização com foco na Alemanha e na União Europeia.
O centro é também o primeiro da rede criada pelo DAAD em 1991 a ser aberto no Hemisfério Sul e passa a integrar um grupo de 20 iniciativas semelhantes, todas sediadas em universidades de renome, como Harvard e Cambridge, e concentradas em 11 países, incluindo Estados Unidos, Japão e França.
"Para a Alemanha, o Brasil é um país muito importante na cooperação científica, e havia um grande interesse de ambos os lados no projeto. A ideia é não somente integrar o Brasil a essa rede, mas também beneficiar outros países da América Latina", afirma Stephanie Knobloch, diretora do DAAD responsável pela coordenação da rede de centros de estudos europeus e alemães.
A diretora do escritório regional do DAAD no Brasil, Martina Schulze, destacou que a proposta conjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), escolhida entre oito candidaturas brasileiras, tem potencial para transformar o centro numa referência mundial.
O CDEA concentrará pesquisas nas áreas de globalização, desenvolvimento sustentável e diversidade cultural, com foco na Alemanha e na Europa, além de oferecer bolsas para alunos e professores que trabalham com esses temas. Atualmente, ele já conta com 58 pesquisadores. A iniciativa visa também ampliar e aprimorar os conhecimentos sobre a Alemanha no país.
A formação oferecida pelo centro possibilitará ainda que boas práticas aplicadas em países europeus possam ser transferidas para o Brasil. Assim, especialistas em Alemanha formados no CDEA poderão, por exemplo, prestar consultorias a governos sobre políticas públicas que deram bons resultados no país estudado.
Mestrado interdisciplinar
Recém-inaugurado, o CDEA iniciou as atividades com o curso de mestrado Direito Europeu e Alemão. Durante dois anos, os dez alunos selecionados vão se especializar na legislação europeia e internacional, além de compará-las com a brasileira.
"O mestrado formará juristas mais críticos em relação ao seu próprio Direito, mas também é um manancial de ideias para melhorar o Direito brasileiro e latino-americano. Esses mestres serão profissionais diferenciados, que estarão preparados para os grandes temas mundiais", afirmou a jurista Claudia Lima Marques, diretora do CDEA.
No segundo semestre deste ano, o CDEA vai oferecer um curso de especialização em estudos germânicos. Ao longo de três semestres, os alunos terão aulas em diversas disciplinas das ciências humanas e sociais, com foco na Alemanha. Segundo Marques, o CDEA que criar, nos próximos cinco anos, um mestrado interdisciplinar em estudos europeus e alemães.
Para o filósofo Draiton Gonzaga de Souza, vice-diretor do CDEA, a iniciativa, financiada pelo Ministério do Exterior alemão, reforçará ainda mais os laços entre Brasil e Alemanha, através da ampliação do conhecimento mútuo e da mobilidades que o centro proporcionará por meio de bolsas de intercâmbio.
Neste primeiro ano, o projeto, que conta com um orçamento de 2,5 milhões de euros ao longo de cinco anos, oferecerá mais de 25 bolsas de intercâmbio na Alemanha. De acordo com Marques, o número de bolsas deve aumentar nos próximos anos. Além de levar brasileiros para o exterior, o centro trará também pesquisadores alemães ao Brasil.
Os alunos dos cursos do CDEA também terão a oportunidade de aprimorar os conhecimentos da língua alemã, em cursos de idioma oferecidos pelo próprio centro e em algumas disciplinas que serão ministradas em alemão.
Dez dicas para estudar na Alemanha
A Alemanha está se tornando um destino cada vez mais atraente para estudantes de diversos países, mesmo aqueles com tradição em receber estrangeiros nas suas universidades, como Inglaterra e Estados Unidos.
Foto: DAAD/Volker Lannert
Gratuidade relativa
Depois de longo impasse e muitos protesos, os Estados alemães aceitaram, no ano passado, abolir as mensalidades em várias universidades. Mas só fica livre do pagamento de taxas quem se candidatar para cursos específicos nas universidades públicas, aceitar e quiser estudar sob as mesmas condições que os estudantes alemães - com todos os desafios inerentes.
Foto: Fotolia/N-Media-Images
Controle sua tendência “workaholic”
O visto para estudante limita a permissão de trabalho. Estudantes sem passaporte da União Europeia podem trabalhar anualmente 120 dias em tempo integral ou 240 em tempo parcial. Durante o semestre, estudantes devem somente trabalhar 20 horas por semana. Comparando com EUA e Inglaterra, aluguel, alimentação, seguro saúde e transporte público são mais baratos.
Foto: DW/M. Soric
Candidatura de bolsas
Se você é talentoso na sua área e assíduo em candidaturas, deve haver uma fonte de financiamento esperando por você para estudar na Alemanha. O DAAD – Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico - é uma instituição pública e oferece diversas possibilidades de auxílio para estrangeiros. Existem também fundações com bolsas especiais. A bolsa ajuda o estudante ser aceito na universidade.
Foto: DAAD - Chile
A luta dos imigrantes é real
Se voce não for cidadão europeu, certamente terá que dedicar bastante tempo ao Ausländerbehörde (o serviço de imigração). Você será responsável por resolver questões fundamentais para a sua permanência no país, como arranjar um seguro de saúde, provar suas condições financeiras, encontrar um apartamento, registrar-se na prefeitura, renovar o visto e manter esses documentos organizados.
Foto: AP
Não tema formulários
Você precisará se acostumar com papeladas e formulários diversos, convenções e linguagem burocrática. Tenha sempre a cópia de tudo. Ser organizado e rápido para acessar seus documentos vai ser um ponto importante a seu favor em situações concretas - desde negociações para um visto até eventuais problemas com apartamentos alugados.
Foto: picture-alliance / dpa/dpaweb
Falar alemão ajuda
Na maioria das cidades alemãs, você poderá viver sem saber a língua local. Muitos cursos nas universidades estão disponíveis inclusive em inglês. Contudo, a sua vida será mais fácil se você dominar o idioma alemão. Isso auxiliará em situações do quotidiano – desde lidar com servidores públicos até fazer amigos. Se você decidir trabalhar, a fluência será clara vantagem.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
As universidades não vão paparicar você
Muitas universidades privadas no Brasil costumam pegar os estudantes pelas mãos e quase implorar para que concluam seus trabalhos no final do semestre. Não é bem assim que o ensino superior alemão funciona. Você terá retorno se investir tempo e energia. Enquanto alguns cursos são mais expositivos - com avaliação da participação em aula e apresentação de seminários - outros fazem exames finais.
Foto: DW/J. Albrecht
Diversos tipos de acomodações
Algumas universidades alemãs têm residências oficiais para estudantes a seu modo - pode ser uma pequena “vila de estudantes” (Studentendorf) ou blocos de apartamentos localizados na zonas urbanas, que oferecem um quarto simples. Você pode também tentar partilhar um apartamento, ingressando em uma WG (Wohngemeinschaft). Esta pode ser uma boa alternativa para fazer amigos e aprimorar o idioma.
Você não será o primeiro
Não interessa a crise existencial que o afete – seja problemas com o visto ou o ingrediente “exótico” daquela comidinha caseira: alguém em algum fórum de discussão sobre a Alemanha já começou um debate espirituoso sobre o tema. Crie o costume de fazer buscas simples nestes fóruns antes de pedir dicas. Poucas coisas irritam mais os sabichões expatriados do que perguntas redundantes.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Bozoglu
Atenção: você pode querer ficar para sempre
Você terminou o curso e agora só vai querer ficar mais um tempinho, relaxar um pouco na Alemanha, talvez trabalhar e depois voltar para casa para se estabilizar financeiramente, certo? Talvez. Ou você pode se apaixonar perdidamente pela Alemanha. Então vai ter de enfrentar o dilema de dizer permanentemente Tschüss para a sua terra natal ou partir o seu coração por deixar um país encantador.