Porto Rico pede ajuda urgente dos EUA após furacão Maria
26 de setembro de 2017
Governador do território americano solicita "ação rápida" de Washington para recuperar devastado território americano. Trump alerta para "graves problemas" no arquipélago caribenho, imerso em dívida pública bilionária.
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O governador do território americano de Porto Rico, Ricardo Rossello, pediu uma ação rápida na assistência para a recuperação da devastação causada pelo furacão Maria. A ajuda federal dos EUA está demorando a chegar, e há longas filas em supermercados e postos de gasolina. Muitos moradores do Estado insular estão sem alimentos, água e combustível.
"Precisamos evitar que ocorra uma crise humanitária nos EUA. Porto Rico faz parte dos EUA. Precisamos tomar uma ação rápida", disse Rossello nesta segunda-feira (25/09), na capital San Juan. Os furacões Maria e Irma deixaram 16 mortos no arquipélago porto-riquenho.
"A magnitude deste furacão [Maria] e dos dois que passaram [Irma e Maria] são sem precedentes", citou, acrescentando que Porto Rico se encontra numa situação econômica precária, com uma dívida pública de mais de 70 bilhões de dólares.
A destruição causada pelo furacão Maria em Porto Rico
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Em uma mensagem no Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez referência à dívida e admitiu que Porto Rico está enfrenta "sérios problemas" após a passagem, na semana passada, do furacão Maria.
"Texas e Flórida [afetados pelo Harvey e Irma] estão indo bem, mas Porto Rico, que já sofria com uma infraestrutura ruim e uma dívida em massa, enfrenta sérios problemas", escreveu Trump.
"Sua rede elétrica antiga, que estava em estado terrível, foi devastada. Grande parte da ilha foi destruída, com bilhões de dólares de dívida com Wall Street e os bancos que, infelizmente, têm que enfrentar isso", afirmou. "Comida, água e medicamentos são as principais prioridades", concluiu o presidente.
Destruição quase completa
O governo de Porto Rico solicitou na segunda-feira uma extensão de quatro semanas para cumprir prazos em seu caso de falência. Quase todas as redes de telecomunicação foram destruídas, e o furacão Maria deixou todo o arquipélago sem eletricidade. Segundo autoridades locais, demorará entre quatro e seis meses para reconstruir totalmente o local.
Quando o furacão Maria atingiu terra na quarta-feira, ele destruiu a maior parte das plantações da ilha, sendo as de banana e café as mais atingidas. Deslizamentos de terra no interior montanhoso do país destruíram estradas. Quedas de energia e a interrupção da cadeia de abastecimento afetaram gravemente as fazendas.
O chefe da Agência Federal para a Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês), Brock Long, esteve ao lado de Rossello na coletiva de imprensa e garantiu que a agência estava "trabalhando o tempo todo" para reparar a infraestrutura crucial e salvar vidas.
"Temos muito trabalho a fazer, sabemos disso", afirmou Long. A Fema comunicou que mais de 700 funcionários estavam no território de Porto Rico e nas Ilhas Virgens Americanas.
Resposta "inadequada"
O principal democrata no Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Deputados dos EUA, Adam Smith, alegou que a reação do governo Trump à situação em Porto Rico tem sido "totalmente inadequada".
"Um território de 3,5 milhões de cidadãos americanos está quase completamente sem energia, água, alimentos e serviço telefônico, e a reação do Departamento de Defesa se limita a um punhado de helicópteros. Isso é uma desgraça", disse Smith.
O senador da Flórida, Marco Rubio, detalhou o estado emergencial, após sua visita à ilha: "Dano tremendo. Potencial de uma crise séria em áreas fora de San Juan. É preciso fornecer energia o mais rápido possível."
Trump conversou com Rossello por telefone durante o fim de semana, mas nenhuma data foi marcada para o presidente dos EUA visitar Porto Rico ou as Ilhas Virgens Americanas. Trump visitou o Texas e a Flórida logo depois que os dois estados foram atingidos por tempestades devastadoras.
PV/efe/ap/afp
Porto Rico após o furacão Maria
Com ventos de mais de 240 quilômetros por hora, ciclone foi chamado de a "tempestade do século" pelas autoridades. “A vida como a conhecemos mudou”, disse a prefeita da capital San Juan.
Foto: Reuters/C.G. Rawlins
Pilha de destroços
As ruas do centro histórico na capital, San Juan, ficaram repletas de destroços de varandas, telhados, aparelhos de ar condicionado, postes, linhas de transmissão derrubadas e pássaros mortos. Um homem morreu na região de Bayamón após ser atingido por uma tábua que usava para cobrir suas janelas.
Foto: Getty Images/AFP/H. Retamal
Árvores caídas
Poucas árvores permaneceram sem danos após a tempestade, que trouxe ventos de mais de 240 quilômetros por hora. Moradores e motoristas tinham que achar seu caminho em meio a um labirinto de árvores caídas e ruas inundadas que bloqueavam muitas passagens.
Foto: Getty Images/AFP/H. Retamal
Enchentes relâmpago
As ruas foram transformadas em correntes, e vastas partes da ilha ficaram alagadas após inundações repentinas. As autoridades descreveram as enchentes como "catastróficas". Na imagem, moradora do bairro de Puerto Novo, em San Juan, caminha em rua inundada.
Foto: Getty Images/AFP/H. Retamal
No escuro
A ilha toda ficou sem energia elétrica, e a rede de telefonia foi em partes desativada com a passagem do furacão. O chefe da agência do governo federal dos EUA para emergências Fema disse que pode levar dias até que a energia seja restaurada em Porto Rico e nas Ilhas Virgens Americanas.
Foto: Reuters/C.G. Rawlins
Saques e prisões
Após o governo anunciar um toque de recolher para o período da noite, casos isolados de saques foram relatados na ilha e dez suspeitos foram presos. A tempestade deixou telhados de casas e lojas, como o supermercado na foto, danificados.
Foto: Reuters/C.G. Rawlins
Busca por abrigo
O governo disponibilizou 500 abrigos de emergência para 67 mil pessoas. Dezenas de milhares de habitantes da ilha tiveram que buscar proteção. Na imagem, equipes de resgate ajudam uma idosa a ir para um centro de operações de emergência. Pelo menos dez pessoas morreram na região do Caribe.
Foto: Reuters/C.G. Rawlins
Pertences para trás
Moradores de Porto Rico tiveram que deixar seus pertences para trás enquanto buscaram proteção em abrigos. Na imagem, homem busca itens de valor em casa danificada de um parente na área de Guayama.
Foto: Reuters/C.G. Rawlins
“Nossa vida como a conhecemos mudou”
A prefeita de San Juan, Carmen Ulin Cruz, caiu em lágrimas ao falar sobre a devastação provocada pela tempestade. “Nossa vida como a conhecemos mudou”, disse ela a jornalistas em um abrigo, cujo teto tremia enquanto Cruz dava a entrevista.
Foto: Getty Images/AFP/H. Retamal
Danos totais são desconhecidos
O tamanho dos danos ainda é desconhecido, já que partes da ilha permanecem isoladas e sem comunicação. Na baía de San Juan, 80% das casas em uma pequena comunidade de pescadores ficou destruída.
Foto: Reuters/C.G. Rawlins
Recuperação lenta
O governador da ilha, Ricardo Rosselló, chamou o fenômeno de “tempestade mais destruidora do século”. Segundo ele, pode levar meses até que os danos sejam reparados. Porto Rico atravessa no momento uma série de problemas financeiros, com a maior crise de dívida municipal na história dos EUA. O governo e empresas de serviços públicos pediram proteção judicial em meio a disputas com credores.
Foto: Reuters/A. Baez
Pior que Irma
Porto Rico também foi atingida pelo furacão Irma em 6 de setembro. Apesar de 1 milhão de pessoas terem ficado sem energia, não houve mortes ou sérios danos como em ilhas vizinhas. O Maria, porém, além de destruir inúmeras casas, arrancou janelas de hospitais e estações de polícia na ilha norte-americana.
Foto: Getty Images/AFP/H. Retamal
Mudanças climáticas
Muitos cientistas estimam que tempestades severas como Maria, Irma e Harvey estejam ganhando intensidade como consequência das mudanças climáticas, embora sejam consideradas essencialmente fenômenos naturais.