Portugal: cancelado curso antirracismo, docentes só brancos
17 de outubro de 2024
Para sua Pós-Graduação em Racismo e Xenofobia, a Universidade Nova de Lisboa não contratou nenhum professor de minorias raciais, gerando protestos. Um dos módulos se chamava "O racismo existe mesmo?".
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Protestos forçaram o Observatório do Racismo e Xenofobia, vinculado à Universidade Nova de Lisboa, a cancelar uma pós-graduação sobre o tema. Indivíduos e associações criticaram fortemente o fato de que o curso seria ministrado exclusivamente por indivíduos brancos.
A Pós-Graduação em Racismo e Xenofobia estava sendo anunciada no site da Faculdade de Direito da Universidade Nova, onde o Observatório funciona. O tema de um dos painéis, "O racismo existe mesmo?", também motivou várias críticas, com afrodescendentes queixando-se de, mais uma vez, serem invisíveis.
Paula Cardoso, jornalista e criadora da rede Afrolink, interpreta a remoção do anúncio da pós-graduação, nesta terça-feira (15/10) como uma tentativa de fingir que nada aconteceu. Ela foi das primeiras a denunciarem o comportamento que classifica de "insultuoso".
Como comentou à agência de notícias Lusa, a abordagem de certos temas a chocaram, mesmo partindo de um Observatório que, a seu ver, tem estrutura e práticas racistas. A acusação é tão mais grave pelo fato de a entidade ter sido criada a partir da constatação, de um plano nacional antirracista, de que em Portugal negros e outras minorias raciais estão sub-representados em posições de poder.
"Como uma organização pelas mulheres composta só de homens"
Para Cardoso, um observatório liderado por quem não viveu na pele o problema do racismo acaba sendo o reconhecimento de que é possível uma estrutura do gênero existir sem sequer uma pessoa não branca: "Não faz sentido nenhum. É como uma organização que combate a discriminação contra as mulheres ser composta apenas por homens."
Além dos docentes, Cardoso critica o conteúdo, a começar pelo título: "Pós-graduação em Racismo e Xenofobia: As pessoas vão aprender a ser racistas e xenófobos? É um nome profundamente infeliz." Quanto ao módulo que questiona se o racismo existe mesmo, só podia ter sido criado "por alguém que não percebe nada do que está dizendo", condena.
"Isso é ignorar o pensamento negro, nossa opinião, que está sempre sendo invalidada na hora de decidir, de pensar. Os negros e não brancos não são considerados".
A jornalista já transmitiu essa e outras ideias ao Observatório, mas sua resposta – em palavras e atos – teria se limitado à admissão de que as críticas seriam legítimas. Portanto "nunca nada é reconhecido como problema. nada acontece".
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Contribuições de negros não são remuneradas
Falando à agência Lusa, a decana da Faculdade de Direito da Universidade Nova, Margarida Lima Rego, afirmou que a escola se empenhara para recrutar professores de backgrounds diversos, mas que até o momento de o programa ser implementado, ninguém estava disponível.
"Isso foi uma falha interna, e a Universidade Nova já está tomando medidas para que não aconteça novamente." Ela assegurou que a "a faculdade e o observatório não tinham a intenção de minimizar questões importantes e relevantes para qualquer sociedade, nem discriminar quem seja".
A jornalista Paula Cardoso lamentou em especial que o Observatório, como outras organizações, aceite contribuições de negros, mas só quando não envolvem contrapartida financeira. "Quando chega ao momento de reconhecer a especialização com direito a remuneração, as pessoas negras não são pagas. Isso é Portugal, isso é o racismo estrutural em Portugal", disse a criadora da rede Afrolink.
Ela alerta para os numerosos comentários e críticas que a situação provocou, recomendando quer sirvam de aprendizado para uma entidade que ignora o imenso conhecimento disponível. Ela lembra que hoje os temas em questão são abordados de outra forma e que existem muitos especialistas com conhecimentos, em Portugal e mais além.
Consultado pela agência Lusa, o Observatório do Racismo e Xenofobia não se pronunciou sobre o assunto.
av (Lusa,ots)
O mês de outubro em imagens
O mês de outubro em imagens
Foto: Tomer Neuberg/Xinhua/dpa/picture alliance
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Foto: David W Cerny/REUTERS
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Foto: AP/picture alliance
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Foto: Alexander Zemlianichenko/AP/picture alliance
Alemanha inaugura quartel naval da Otan no Mar Báltico
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Foto: Bernd Wüstneck/dpa/picture alliance
Bombardeios de Israel matam mais de 80 no norte de Gaza
Ataques israelenses contra um complexo residencial no norte da Faixa de Gaza deixaram pelo menos 87 pessoas mortas e 40 feridas, informou o Ministério da Saúde do território. Este é um dos ataques mais letais desde o início do conflito em 7 de outubro de 2023, quando o grupo extremista Hamas matou 1,2 mil pessoas em Israel. (20/10)
Foto: IMAGO/CTK Photo
Casa de Benjamin Netanyahu é alvo de ataque de drone
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Foto: Ariel Schalit/picture alliance/AP
Biden faz última visita à Alemanha em seu governo
O presidente dos EUA, Joe Biden, se encontrou com o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, no que deve ser a última visita do americano à Alemanha em seu governo. Em um comunicado, os líderes reiteraram o apoio à Ucrânia e discutiram nova rodada de assistência econômica e humanitária ao país. (18/10)
Yahya Sinwar foi mentor dos ataques de 7 de outubro. Ele assumiu a liderança do grupo extremista em julho, ao suceder Ismail Haniyeh, morto no Irã em ataque atribuído a Israel. Netanyahu diz que "guerra não acabou", mas líderes mundiais veem marco no conflito e pedem liberação de reféns. (17/10)
Foto: Yousef Masoud/SOPA Images via ZUMA Press/alliance
Quando um desenho resulta em dois anos de prisão
Em abril de 2022, a russa Masha Moskaleva, de 12 anos, fez na escola um desenho em oposição à guerra na Ucrânia. Isso alertou as autoridades contra seu pai solo. Nas redes sociais, ele teria "desacreditado" o Exército, sendo levado a julgamento. Agora Alexei Moskalyov finalmente saiu da cruel colônia penal onde passou 22 meses. Ativistas acusam repressão como na época soviética. (16/10)
Foto: Maria Moskaleva
Coreia do Norte explode estradas que conectam a Seul
Segundo informações divulgadas pelo Exército sul-coreano, Pyongyang "detonou partes das estradas de Gyeongui e Donghae ao norte da Linha de Demarcação Militar". Seul reagiu com o disparo de tiros de advertência. Essas estradas são consideradas simbólicas na ligação de dois países separados desde a Guerra da Coreia, no início dos anos 50. (15/10)
Foto: Lee Sang-hoon/Matrix Images/picture alliance
Nobel de Economia premia estudo sobre prosperidade de nações
A Real Academia Sueca de Ciências em Estocolmo concedeu o Prêmio Nobel de Economia de 2024 a um trio de pesquisadores baseados nos Estados Unidos. O turco-americano Daron Acemoglu e os britânico-americanos Simon Johnson e James A. Robinson foram escolhidos por suas pesquisas sobre as diferenças de prosperidade entre as nações. (14/10)
Foto: Christine Olsson/TT/picture alliance
Tanques israelenses invadem base da Unifil no Líbano
Missão de paz da ONU no Líbano relatou que dois tanques israelenses destruíram o portão principal e forçaram a entrada em uma base no sul do país. Secretário-geral da ONU diz que tais instalações "jamais devem ser alvos". "Ataques contra forças de paz são uma violação das leis internacionais e podem constituir crimes de guerra", criticou António Guterres. (13/10)
Foto: Thaier Al-Sudani/REUTERS
China anuncia novo pacote de estímulo à economia
China anuncia novo pacote de estímulo à economia com base em um aumento considerável em sua emissão de dívida pública, no intuito de apoiar governos regionais, cidadãos de baixa renda, mercado imobiliário e bancos estatais.A segunda maior economia do mundo enfrenta grandes pressões deflacionárias devido a uma forte desaceleração no mercado imobiliário e à queda na confiança do consumidor. (12/10)
Foto: Alex Plavevski/EPA
Organização antinuclear japonesa ganha Prêmio Nobel da Paz
A organização japonesa Nihon Hidankyo, fundada nos anos 1950 por sobreviventes de bombas atômicas, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2024 por sua atuação contra as armas nucleares. Segundo o comitê do Nobel, a entidade foi escolhida "por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, por meio de testemunhas, que essas armas nunca mais devem ser usadas". (11/10)
A escritora sul-coreana Han Kang foi laureada com o Prêmio Nobel de Literatura, anunciou a Academia Sueca, em Estocolmo. Segundo a instituição, Han foi escolhida "por sua prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana." (10/10)
Foto: Alastair Grant/AP/dpa/picture alliance
Preparativos para chegada da supertempestade
A Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês) advertiu que o furacão Milton será "catastrófico e mortal" e pediu que os moradores usem as últimas horas antes da chegada da tempestade para deixar a área e, para aqueles que não conseguirem, que "busquem refúgios seguros imediatamente". A expectativa é que o furacão se torne o "mais devastador em 100 anos". (09/10)
Foto: JOE RAEDLE/Getty Images/AFP
Moraes determina desbloqueio do X após rede social cumprir exigências
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou o desbloqueio da rede social X no Brasil, após o cumprimento de várias exigências relacionadas a um processo no qual a empresa era acusada de disseminação de desinformação e discurso de ódio. O X pagou multas de R$ 28 milhões determinadas pelo STF pelo descumprimento de ordens judiciais. (08/10)
Foto: Jorge Silva/REUTERS
Um ano dos ataques do Hamas em Israel
Data marca primeiro aniversário dos ataques terroristas do grupo radical Hamas em solo israelense, que resultaram em cerca de 1.200 mortes, além de mais de 250 reféns levados pelo grupo islâmico para a Faixa de Gaza. Reação de Israel gerou ampla destruição e grave crise humanitária no enclave palestino. (07/10)
Foto: Jim Urquhart/AP Photo/picture alliance
Brasil vai às urnas para eleições municipais
Eleitores de 5.569 municípios do Brasil foram às urnas para escolher os prefeitos e vereadores que os representarão pelos próximos quatro anos. Em todo o país, com exceção do Distrito Federal, 155.912.680 de eleitores estavam aptos a votar. (06/10)
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Trump faz novo comício em local onde sofreu atentado
Com segurança reforçada, o ex-presidente dos EUA e candidato republicano à Casa Branca Donald Trump voltou a Butler, no estado da Pensilvânia, para liderar novo comício no local onde sofreu uma tentativa de assassinato em julho. Trump discursou ao lado do emresário Elon Musk no mesmo palco onde, em 13 de julho foi atingido de raspão na orelha direita por um tiro de fuzil. (05/10)
Foto: Jasper Colt/USA TODAY Network/IMAGO
Elefantes ficam presos após enchente na Tailândia
As enchentes no norte da Tailândia inundaram a cidade de Chiang Mai e o Elephant Nature Park, que abriga cerca de 3 mil animais resgatados. Conservacionistas fizeram uma força-tarefa para resgatar os animais, mas um elefante morreu afogado e outros 30 ainda estão desaparecidos. Segundo as autoridades,o rio Ping Rive atingiu seu maior nível da história. (04/10)
Foto: Thapanee Eadsrichai/REUTERS
Morre Cid Moreira, ícone do telejornalismo brasileiro
O apresentador Cid Moreira morreu aos 97 anos. Ele se tornou o rosto mais marcante do Jornal Nacional, da Rede Globo, e da televisão brasileira. Cid apresentou o JN por mais de 25 anos, liderando aproximadamente 8 mil edições do telejornal. Dono de uma voz grave, a partir do início dos anos 1990 dedicou-se também a gravar salmos bíblicos (03/10)
Foto: Leandro Chemalle/TheNews2/IMAGO
Israel proíbe entrada de secretário-geral da ONU no país
Ministro israelense do Exterior declara António Guterres "persona non grata" por não ter condenado ataque iraniano "de forma inequívoca". Guterres emitiu declaração com alerta sobre escalada do conflito no Oriente Médio. (02/10)
Foto: Richard Drew/AP Photo/picture alliance
Irã ataca Israel com mísseis balísticos
O Irã disparou cerca de 180 mísseis contra Israel, em retaliação ao acirramento da campanha do Estado judeu contra alvos apoiados pelo regime iraniano, como o grupo radical palestino Hamas e o libanês Hezbollah. Israel e EUA afirmaram ter abatido a maior parte dos disparos. Os estilhaços deixaram duas pessoas feridas, mas as promessas de represália sinalizam agravamento do conflito. (01/10)