Portugal da Eurocopa é espelho para a Alemanha
22 de maio de 2006Milhares de patrocinadores sonham com os ricos dividendos que a Copa do Mundo pode gerar, mas a menos de um mês do maior evento de futebol do mundo, o governo e o setor turístico alemães ainda não têm projeções de sucesso e vêem a Eurocopa de Portugal, há dois anos, como exemplo.
"Nós temos uma gande oportunidade de mostrar que a Alemanha não é apenas um país do futebol, mas também um destino turístico", disse Klaus Läplle, presidente da associação das empresas de turismo alemãs.
Na semana passada, entretanto, o renomado Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas (DIW) publicou um estudo que mostra que o Mundial terá um impacto insignificante na economia doméstica da Alemanha, que sofre com a pequena demanda há anos.
"A recuperação econômica só acontecerá se a Copa do Mundo mudar radicalmente o comportamento de consumo e investimentos no país. E isso não está sendo esperando", divulgou o DIW.
Euro 2004: impulso econômico em Portugal
Os organizadores do Campeonato Europeu de Futebol também projetaram o evento como uma oportunidade econômica do país, e por todo o seu território construíram dez novos estádios com um orçamento de 650 milhões de euros. O Stade de France, em Paris, por exemplo, empreendimento "carro-chefe" da Copa de 98, custou o dobro.
O governo português e os maiores clubes de Lisboa e do Porto bancaram dois terços desta conta, e os poderes municipais tiraram o resto de seus próprios bolsos. Assim, Loulé e Faro, pequenas cidades que não contam com clubes na Primeira Divisão, ganharam estádios ultramodernos.
Os benefícios da Eurocopa se fizeram sentir. Em 2003 a economia local tivera um encolhimento de 1,1%, mas um ano depois registrou expansão de 1,2%.
"Foi muito importante [o torneio]. Naquele momento Portugal estava em recesso, e a Euro contribuiu muito para a economia, criando 40 mil empregos", afirmou o professor do Instituto Superir de Economia e Gestão de Lisboa Victor Martins.
Hotelaria: o grande foco
Um setor que deveria ter lucrado consideravelmente durante a Euro 2004 foi o das hospedagens. Mas as estatísticas desta área apresentaram disparidade. Enquanto cidades como Porto e Lisboa registraram lotação em seus hotéis, Algarve, o paraíso de férias, desequilibrou a balança.
"Nós produzimos uma grande campanha publicitária", contou António Padeira, diretor do Instituto de Turismo de Portugal. "O slogan era: o pós-jogo é a melhor parte do jogo. E os nossos anúncios mostravam um país moderno, com numerosos destinos para passeios. O turismo estava no centro, com o futebol aparecendo apenas à parte", emendou.
E a estratégia funcionou. Na média, os torcedores permaneceram no país por mais meia semana após os jogos. Um resultado que agradaria também às redes hoteleiras da Alemanha.