Portugal detém rabino que avalizou cidadania para Abramovich
12 de março de 2022
Bilionário russo, dono do clube britânico Chelsea e sancionado por invasão da Ucrânia, obteve passaporte português em 2021 alegando ser descendente de judeus sefarditas. Rabino foi interrogado e liberado sob condicional.
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Autoridades de Portugal detiveram na quinta-feira (10/03) um rabino responsável por emitir um certificado que permitiu ao oligarca russo Roman Abramovich, proprietário do clube de futebol britânico Chelsea, obter a cidadania portuguesa em 2021. A detenção foi divulgada neste sábado.
Abramovich é um dos bilionários russos que teve seus bens bloqueados pelo Reino Unido por seus vínculos com o Kremlin, em decorrência da invasão da Ucrânia determinada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. O governo britânico afirmou que ele "é um dos poucos oligarcas da década de 1990 a manter a proeminência sob Putin".
O rabino detido é morador da cidade do Porto e foi detido enquanto se preparava para viajar a Israel. Ele foi interrogado por duas horas e liberado em seguida, sob a condição de entregar seu passaporte. O rabino também foi proibido de se ausentar de sua casa por mais de cinco dias sem informar as autoridades.
A investigação apura supostas irregularidades cometidas em processos de atribuição da nacionalidade portuguesa a descendentes de judeus sefarditas, que são judeus originários da Península Ibérica expulsos de Portugal no século 16. Um dos processos sob investigação refere-se a Abramovich, que obteve a cidadania portuguesa após sustentar ser descendente de judeus sefarditas.
A investigação é anterior ao início da guerra da Ucrânia. A Procuradoria-Geral da República de Portugal informou em 19 de janeiro que estava analisando o processo de concessão da nacionalidade portuguesa de Abramovich. Outras pessoas responsáveis pela emissão de documentos certificadores de nacionalidade na cidade do Porto também estão sob investigação, mas até o momento apenas o rabino chegou a ser detido.
A Procuradoria-Geral da República afirma que o rabino é suspeito de tráfico de influência, corrupção ativa, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e evasão fiscal.
Quem é Abramovich
O empresário de 55 anos tem participações na metalúrgica Evraz, na Norilsk Nickel e é dono do Chelsea desde 2003. Em 2005, ele vendeu uma participação de 73% na petrolífera russa Sibneft à gigante do gás estatal Gazprom por 11,7 bilhões de euros (R$ 64,8 bilhões). Seu património líquido é hoje estimado em 11,2 bilhões de euros (R$ 62 bilhões).
O visto de investidor de Abramovich no Reino Unido expirou em 2018, ano em que ele obteve a nacionalidade israelense. Em 2021, Abramovich tornou-se cidadão português por meio da lei que beneficia os descendentes de judeus sefarditas.
No início de março, Abramovich anunciou que venderia o Chelsea "devido à atual situação" da invasão da Ucrânia e prometeu destinar os lucros para uma fundação para cuidar das vítimas do conflito. O bloqueio de seus bens pelo governo britânico, porém, impediu que a venda prosseguisse.
Uma porta-voz do empresário negou anteriormente que ele tenha qualquer relação próxima com Putin.
bl (Lusa, ots)
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.