Portugal e Espanha anunciam quarentena a turistas britânicos
28 de junho de 2021
Com aumento de casos da variante delta, Portugal e Espanha implementam restrições anticoronavírus mais severas. Turistas oriundos do Reino Unido com vacinação completa e teste PCR negativo estão isentos da quarentena.
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Portugal e Espanha implementaram, nesta segunda-feira (28/06), restrições anticoronavírus mais severas a viajantes do Reino Unido. Ambos os governos justificaram as medidas citando temores sobre a variante delta do coronavírus, considerada mais contagiosa e que tem sido a cepa dominante nos novos casos de infecção em solo britânico.
Os turistas britânicos que se dirigirem a Portugal precisam ficar em quarentena por duas semanas após a chegada, a menos que tenham um comprovante de vacinação completa contra a covid-19 e que a segunda dose tenha sido aplicada 14 dias antes da viagem – a imunização completa ocorre cerca de duas semanas após a segunda inoculação.
A medida restritiva portuguesa entrou em vigor nesta segunda-feira e, por ora, será mantida até 11 de julho, segundo comunicado do Ministério do Interior de Portugal. Ela vale apenas para Portugal continental. Os turistas podem ficar em quarentena em casa ou num local estipulado pelas autoridades sanitárias portuguesas. O mesmo procedimento vale para viajantes oriundos de Brasil, Índia e África do Sul.
Todos os turistas restantes que pretendem entrar em Portugal devem apresentar o certificado digital de vacinação – que mostra se a pessoa está imunizada ou curada – da União Europeia (UE) ou um teste PCR negativo.
Preocupação com a variante delta
A variante delta, detectada originalmente na Índia, tem causado um aumento nas taxas de infecção no Reino Unido e em Portugal. Autoridades portuguesas reforçaram as restrições sociais nas áreas mais afetadas, que incluem Lisboa e Albufeira, o principal destino turístico no Algarve. Além disso, as escolas em cinco cidades do Algarve foram fechadas e as aulas suspensas, por ao menos 12 dias, numa tentativa de conter o aumento de novos casos de contágio.
A taxa de incidência acumulada de casos de covid-19 em 14 dias em Albufeira é de 583 por grupo de cem mil habitantes. A taxa nacional de Portugal continental está em torno de 142, mas em ascensão. Em termos de infecções semanais, Portugal foi o país mais afetado no mundo em janeiro. Mas um confinamento generalizado conteve a propagação do vírus. Desde o início da pandemia, Portugal registrou oficialmente cerca de 870 mil contágios e cerca de 17 mil mortes relacionadas à covid-19.
Em meados de maio, visando dar um impulso à economia turística, Portugal se tornou o primeiro país da União Europeia a permitir a entrada de turistas britânicos, que tradicionalmente frequentam as praias portuguesas. Mas três semanas depois, o Reino Unido reintroduziu uma quarentena de dez dais para pessoas que retornavam de Portugal devido ao aumento de casos no país ibérico. Alguns turistas então se apressaram para retornar ao Reino Unido antes de sua implementação.
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Casos em alta em Portugal
Portugal tem registrado nos últimos dias o maior número de novos casos diários desde fevereiro. Embora os hospitais estejam lidando confortavelmente com as novas admissões de pacientes com covid-19, as autoridades locais expressaram que o aumento de cerca de 30% na semana passada retrata uma tendência preocupante.
O aumento da taxa de infecção em Portugal fez com que a Alemanha estipulasse na sexta-feira a proibição de todas a viagens de outros países-membros da UE, exceto os cidadãos alemães ou residentes que estejam retornando para casa. E aqueles que chegam de Portugal precisam ficar isolados em quarentena.
A Espanha também adotou medidas mais restritivas aos turistas britânicos, mas apenas àqueles com destino às Ilhas Baleares. O turistas terão que comprovar que estão completamente imunizados contra a covid-19 ou apresentar um teste PCR negativo. A medida vale a partir de quinta-feira.
Madri efetuou a alteração das regras de entrada quando Londres acrescentou as Ilhas Baleares à sua "lista verde" de destinos seguros, o que significa que a partir de quarta-feira, os britânicos estarão isentos de quarentena quando regressarem do arquipélago. As Ilhas Baleares são a única região espanhola que consta na "lista verde" do governo britânico.
pv (ap, afp, lusa)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine