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Portugal luta por subsídios da UE

gh19 de outubro de 2004

Berlim defende cortes no orçamento europeu que reduziriam ajuda para Portugal, país que já recebeu bilhões de dólares de Bruxelas.

Entrevista coletiva de Schröder e Pedro Santana Lopes (d) em SintraFoto: AP

O governo português espera continuar contando com a generosidade da União Européia, que nos últimos 18 anos injetou bilhões de dólares no país, enquanto Berlim quer enxugar o orçamento do bloco econômico. Este foi o principal assunto da primeira visita oficial do chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, a Portugal, nesta terça-feira (19/10), na qual discutiu as perspectivas financeiras da UE com o primeiro-ministro português, Pedro Santana Lopes.

No encontro em Sintra, a 30 quilômetros de Lisboa, os dois chefes de governo abordaram temas internacionais, como a crise no Iraque e a reforma das Nações Unidas, mas concentraram suas atenções no orçamento europeu para o período o 2007–2013. O governo alemão quer reduzir sua contribuição aos cofres de Bruxelas a 1% do PIB, apesar da recente ampliação do bloco de 15 para 25 países.

Já Portugal defende a proposta apresentada pelo atual presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, de aumentar os gastos da UE de 100 para 143 bilhões de euros, principalmente para ajudar os 10 novos membros. Isso significaria uma participação por país de 1,28% do PIB.

Mudança de prioridade

José Durão Barroso, ex-premiê português e futuro presidente da Comissão Européia, visita Alemanha nesta quarta-feira (20/10)Foto: AP

Se depender do governo alemão, os fundos estruturais administrados pela UE, no futuro, devem canalizar mais recursos para os novos membros do Leste Europeu, em detrimento dos países do Sul da Europa, que na avaliação de Berlim já foram suficientemente beneficiados nos últimos anos.

Na véspera da visita do futuro presidente da Comissão Européia, José Durão Barroso, a Berlim, nesta quarta-feira (20/10), Schröder disse que "não se pode pedir à Alemanha e a outros países que respeitem sempre os critérios de Maastricht, e por outro lado exigir deles mais dinheiro para o orçamento da União Européia".

Schröder e Santana Lopes pediram uma flexibilização do Pacto de Estabilidade da UE, segundo o qual o déficit público do países-membros não deve ultrapassar 3% do PIB. A Alemanha e Portugal têm dificuldades de cumprir essa meta. "Uma maior flexibilidade daria aos governos mais espaço para endividamento em tempos de conjuntura fraca", disse Schröder.

Relações econômicas bilaterais

Os dois chefes de governo também abordaram as relações econômicas bilaterais, que correspondem a menos de 1% do comércio exterior alemão. A Alemanha é o segundo maior importador de produtos portugueses, depois da Espanha, com cerca de 20% do total, e mantém importantes investimentos industriais no país. Um exemplo é a Auto-Europa, responsável por 11,8% das exportações portuguesas e 1,9% do Produto Interno Bruto de Portugal.

Segundo dados da Câmara de Indústria e Comércio Luso-Alemã, há 800 empresas alemãs instaladas em solo português, das quais 300 no setor industrial, gerando 70 mil empregos diretos e 70 mil indiretos. Vem da Alemanha também o segundo maior contingente de turistas estrangeiros que visitam Portugal. No ano passado, os 917 mil visitantes alemães renderam uma receita superior a 600 milhões de euros para o setor turístico português.

Conselho de Segurança da ONU

Depois da reunião com Santana Lopes, no cargo há três meses, Schröder encontrou-se em Belém com o presidente português, Jorge Sampaio, e, no final da tarde, fez um discurso no jubileu de 50 anos da Câmara de Indústria e Comércio Luso-Alemã.

Nos encontros com Santana Lopes e Jorge Sampaio, Schröder também explicou as razões da candidatura alemã para o Conselho de Segurança da ONU, anunciada na recente Assembléia Geral da organização mundial, em conjunto com o Brasil, o Japão e a Índia. Portugal apóia a candidatura desse grupo de países, até mesmo pelas relações especiais que mantém com o Brasil.

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