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Efeito dominó?

23 de novembro de 2010

Depois da Grécia e da Irlanda, as atenções se voltam para Portugal. O país será o próximo a recorrer ao pacote de resgate europeu? Governo em Lisboa se apressa em negar que precise de ajuda financeira.

Zona do euro em estado de alertaFoto: picture-alliance/ dpa

Após o pedido de resgate financeiro feito pela Irlanda, as atenções agora se voltam para Portugal. Desde o começo da crise do euro, o país figura entre os Estados-membros da União Europeia (UE) que poderiam recorrer ao fundo de emergência do bloco.

Antes que o clima de tensão aumentasse, o primeiro-ministro português, José Sócrates, apressou-se em dizer que o país não precisa de ajuda financeira. "Portugal não precisa da ajuda de ninguém e resolverá o seu problema sozinho", disse o político nesta segunda-feira (22/11).

O governo alemão também manifestou otimismo: "No momento, não há nenhum outro país que constitua uma ameaça à estabilidade financeira da zona do euro", declarou em Berlim o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

No entanto, para António Nogueira Leite, economista da Universidade Nova de Lisboa, o governo português e sua economia não têm mais espaço para "derrapagens". Em entrevista à Deutsche Welle, o economista declarou que "o pais têm possibilidades, sim." "Mas é preciso um esforço prolongado, uma atitude bastante determinada nos próximos anos, e não apenas em 2011", acresceu.

Diferente da Irlanda

Sócrates rejeita comparar a situação de crise em Portugal com aquela vivenciada pela Irlanda. O político português admite que seu país passou a "sofrer claros efeitos de contágio" após o pedido irlandês, mas que, diferentemente de Dublin, Portugal "não tem qualquer problema no sistema financeiro".

O primeiro-ministro ressaltou ainda que Portugal não sofreu, como a Irlanda, com a bolha do mercado imobiliário. Na visão de Sócrates, a decisão irlandesa de aceitar ajuda "acalmará os mercados e acabará com as especulações infundadas".

No entanto, como aponta Nogueira Leite, Portugal sofre com outros problemas: "Há uma falta de crescimento e da competitividade. E a despesa do governo português é bastante superior à da Irlanda, quando comparada com as riquezas produzidas".

Nogueira Leite disse que o país tem boas chances, mas precisa de um bom administrador, depois dos dois últimos anos em que o governo "falhou em cumprir os cortes de despesa".

A dívida portuguesa

No entanto, Portugal fechou mais um mês no vermelho. Nesta segunda-feira, o governo português revelou que, na comparação com o mesmo período do ano anterior, os gastos públicos portugueses subiram 2,8% em outubro, elevando o déficit do país para 11,9 bilhões de euros.

No ano passado, Portugal registrou um déficit público recorde de 9,4% do Produto Interno Bruto (PIB). O governo trabalha para encerrar 2010 com déficit de 7,3%. Para o próximo ano, a meta é de 4,3%.

"Portugal tem que cumprir o orçamento, que certamente será aprovado para o próximo ano e que é um orçamento bastante exigente, tem que mostrar que ele será executável sem quaisquer falhas. Aí sim vai atingir um déficit gerenciável, com a taxa na casa dos 4%, como a Alemanha", avalia Nogueira Leite.

Necessidades individuais

Diante das apostas em torno do futuro português, o porta-voz do governo alemão pontua: "Nesta situação, seria errado juntar grupos de Estados, devemos considerar país por país, com as suas necessidades individuais", disse Seibert. Segundo o porta-voz, quanto mais rápida for a ajuda à Irlanda, menor será o perigo de contágio de outros países da zona do euro.

O pedido de ajuda financeira da Irlanda, segundo declaração de Seibert, mostra que é necessário um novo mecanismo para prevenir crises na zona do euro "que contemple também a participação de credores, nomeadamente dos bancos, na cobertura dos prejuízos."

Autoras: Nádia Pontes / Cristina Krippahl
Revisão: Carlos Albuquerque

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