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Possível cargo de Schröder na Rosneft irrita SPD

14 de agosto de 2017

Correligionários do ex-chanceler federal da Alemanha se sentem apunhalados pelas costas com a notícia, em meio a dura campanha eleitoral na qual o Partido Social-Democrata está bem atrás nas pesquisas.

Gerhard Schröder und Wladimir Putin
Vladimir Putin e Gerhard Schröder em 2015: amizade de longa dataFoto: Mikhail Metzel/TASS/dpa/picture-alliance

Poucas declarações do ex-chanceler federal alemão Gerhard Schröder ficaram tão vivas na memória dos alemães como aquela sobre o "democrata impecável". Isso foi em 2004. E a referência era ao seu amigo e atual presidente russo, Vladimir Putin, que já na época era confrontando com a acusação de não respeitar as regras fundamentais da democracia em seu país.

A amizade entre Schröder e Putin dura até hoje. Agora há relatos de que o ex-chanceler federal poderá entrar para o conselho de administração da Rosneft, maior empresa petrolífera russa, em fins de setembro. Depois que a Rússia ocupou a península ucraniana da Crimeia, em 2014, a Rosneft caiu na lista de sanções da União Europeia.

Isso não parece incomodar Schröder, que hoje está com 73 anos. O ex-chefe alemão de governo também não emitiu nenhuma confirmação oficial sobre uma possível escolha de seu nome para o conselho administrativo da Rosneft. Ele é um entre sete candidatos.

Desde 2005, Schröder preside o conselho de acionistas da empresa responsável pelo gasoduto Nord Stream, no Mar Báltico, que bombeia gás natural da Rússia diretamente para a Alemanha e do qual a estatal russa Gazprom é a principal proprietária. O engajamento de Schröder, iniciado pouco depois de deixar o cargo de chanceler federal, já havia sido motivo, na época, de muita irritação.

Também agora, após o anúncio da Rosneft, há duras críticas. "Vergonhoso", afirmou o eurodeputado Reinhard Bütikofer, do Partido Verde alemão, sobre a possível indicação de Schröder. E o embaixador ucraniano em Berlim, Andrei Melnyk, descreveu como moralmente repreensível que um "ex-chanceler federal alemão e membro da liderança do SPD seja instrumentalizado pelo chefe do Kremlin."

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"Schulz não faria algo assim"

"Eu não vou comentar o futuro profissional do antigo chanceler federal", declarou à DW o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, nesta segunda-feira (14/08) em Berlim. Ele nem precisa: a mera notícia de uma possível cooperação de Schröder com a Rosneft vem a calhar para a campanha eleitoral da presidente da União Democrata Cristã (CDU), Angela Merkel.

No entanto, no partido de Schröder, o SPD, as críticas são audíveis. Afinal de contas, o seu candidato à Chancelaria Federal, Martin Schulz, está bem atrás de Merkel nas pesquisas de opinião, e faltam apenas seis semanas para as eleições legislativas.

Ao ouvir sobre os possíveis planos de Schröder, o secretário-geral do SPD, Hubertus Heil, foi enfático: "Em primeiro lugar, trata-se de uma decisão pessoal de Gerhard Schröder. Eu não sei qual ele vai tomar. E ele não vai deixar que ninguém lhe dite uma decisão. Eu só sei que, após seu mandato como chanceler federal, Martin Schulz não está interessado em nenhuma atividade na iniciativa privada." "Após seu mandato como chanceler federal" é, claro, uma formulação de campanha.

Outros companheiros da liderança partidária podem estar relutantes em falar em público, mas, nos bastidores, não escondem seu descontentamento, mencionando a "falta de sensibilidade de Schröder", que já foi presidente do SPD. Segundo eles, a notícia do possível cargo de Schröder em Moscou dificulta ainda mais a campanha de Schulz. Muitos não entendem por que a aposentadoria de Schröder como antigo chanceler federal não lhe é suficiente.

Trabalha-se até a exaustão numa campanha eleitoral difícil, e Schröder os apunhala pelas costas – esse é o tom entre alguns dos correligionários do ex-chanceler federal alemão em Berlim.

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