Potências boicotam negociação para banir armas nucleares
28 de março de 2017
Negociação começa em Nova York sem potências nucleares, como EUA, Rússia, China e Reino Unido. Países contrários à proibição argumentam que armas atômicas são necessárias para defesa.
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As potências nucleares Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França estão entre os 40 países que afirmaram nesta segunda-feira (27/03) que não participarão das negociações da ONU sobre um tratado para banir armas nucleares.
A decisão foi anunciada pela embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikky Haley, ao lado dos representantes da França e Reino Unido. Halley argumentou que os EUA seguem acreditando na não proliferação, mas consideram necessário dispor de armas atômicas para sua defesa e a de seus parceiros.
"Como mãe, como filha, eu gostaria de um mundo sem armas nucleares, mas temos que ser realistas. Alguém acredita que a Coreia do Norte vai aceitar uma proibição das armas nucleares?", questionou Halley.
"Neste dia e hora não podemos dizer honestamente que podemos proteger nossa gente permitindo aos maus tê-las e aos bons, os que tentam manter a paz e a segurança, não tê-las", acrescentou.
O embaixador britânico Matthew Rycroft disse que seu país não participará das negociações porque não acredita que possam levar a um "progresso efetivo no desarmamento nuclear global".
O representante adjunto da França, Alexis Lamek, destacou que uma proibição imediata das armas nucleares vai contra o "enfoque progressivo" do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e defendeu que atualmente não há as "condições de segurança" para dar esse passo.
Com exceção da Holanda, todos os países da Otan, decidiram não participar das negociações. China e Rússia – que junto aos EUA, França e Reino Unido são membros permanentes do Conselho de Segurança e têm arsenais atômicos – também se opõem ao processo. Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte, que também possuem armas nucleares, estão na lista dos que promoveram o boicote.
Apoio de mais de 100 países
Apesar da manobra, mais de 100 países deram início nesta segunda-feira, em Nova York, às negociações sobre um tratado para proibir as armas nucleares, com o objetivo de reduzir o risco de uma guerra atômica.
O início das negociações sobre um texto legalmente vinculativo foi decidido em outubro, com o apoio de 123 países-membros das Nações Unidas. A maioria das potências nucleares votou contra estas negociações (Estados Unidos, Israel, Reino Unido, Rússia) ou absteve-se (China, Índia, Paquistão).
A iniciativa é liderada por vários países, entre eles Áustria, Irlanda, México, Brasil, África do Sul e Suécia, e por as centenas de organizações não-governamentais.
CN/ap/rtr/lusa/efe
Os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki
Ataques às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos casos de emprego de armas atômicas numa guerra.
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
O primeiro ataque
Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.
Foto: Three Lions/Getty Images
O Enola Gay
O ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que lançariam uma bomba atômica.
Foto: gemeinfrei
O segundo ataque
Três dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de "Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.
Foto: Courtesy of the National Archives/Newsmakers
Alvo estratégico
Em 1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um ataque direto contra os estaleiros da fábrica.
Foto: picture-alliance/dpa
As vítimas
Durante meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230 mil pessoas.
Foto: Keystone/Getty Images
Terror no fim da guerra
Depois de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio. O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia. O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente. Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.
Foto: AP
A reconstrução
Devastada, Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última bomba atômica do planeta ser destruída.
Foto: Keystone/Getty Images
Contra o esquecimento
Desde 1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.
Foto: Getty Images
Dia para relembrar
Desde os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial. Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear.