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Carta polêmica

18 de dezembro de 2010

Com apoio da Finlândia e Holanda, a Alemanha, França e Reino Unido exigem maior moderação no orçamento da UE. Novos membros temem cortes substanciais. Opositores acusam David Cameron de "agitador" e "populista".

Orçamento da UE é votado pelo Parlamento EuropeuFoto: AP

Antecipando acirradas negociações orçamentárias do próximo ano, a Alemanha, França e Reino Unido, apoiados pela Holanda e Finlândia, apresentaram, neste sábado (18/12), uma carta conjunta à Comissão Europeia posicionando-se contra gastos excessivos pela UE.

"Os gastos públicos europeus não podem ser excluídos dos consideráveis esforços dos países-membros para manter seus próprios gastos sob controle", diz o documento divulgado pelo governo francês.

"Mantendo o impulso"

A iniciativa partiu do primeiro-ministro britânico, David Cameron. Na véspera, ele declarara, na coletiva de imprensa que se seguiu à cúpula da União Europeia em Bruxelas: "Em toda a Europa, as nações estão apertando os cintos para lidar com seus déficits. [A UE] não pode ficar isenta disso". O encontro de dois dias em Bruxelas estabeleceu um fundo permanente de proteção do euro.

Cameron vem aplicando em seu país medidas extremamente impopulares de cortes públicos e, numa eleição no início de 2010, ele defendera a contenção em nível europeu. Ele declarou querer "manter o impulso" de conter os excessos da UE, após ter conseguido limitar a 2,91% o aumento orçamentário de 2011, contra os 6% propostos pela Comissão Europeia e o Parlamento Europeu.

No final da conferência de cúpula em Bruxelas, o premiê inglês fizera circular um esboço de carta exigindo que o próximo plano orçamentário de sete anos da UE – de 2014 a 2020 – se oriente pelas taxas de inflação. "O desafio para a União Europeia nos próximos anos não será gastar mais, mas sim gastar melhor", constava do esboço.

Interesses dos novos países-membros

Premiê britânico David Cameron (esq.) e presidente francês Nicolas Sarkozy: aliados na contenção de gastos europeusFoto: AP

Segundo o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a intenção da carta não é cortar o orçamento da UE, mas sim "estabilizá-lo". "Este momento, em que todos os países-membros da UE estão fazendo esforços extremamente importantes para estabilizar, até mesmo reduzir seus orçamentos, não é apropriado que o orçamento europeu cresça mais do que o devido", declarou.

Cameron negou que a iniciativa seja parte de um acordo secreto para ganhar apoio entre aliados. Da mesma forma, Sarkozy refutou o risco de estar indo contra os interesses dos novos membros da UE.

Os Estados do leste do continente temem que cortes orçamentários no bloco europeu venham a implicar a redução de crucial ajuda para o desenvolvimento regional. O orçamento da UE para 2011 perfaz 126,5 bilhões de euros, cerca de três quartos dos quais se destinam a subsídios agrícolas e auxílio às regiões mais pobres.

"Provocação" e "populismo"

Entre esses novos países, a Polônia expressou desagrado quanto à iniciativa britânica de contenção de gastos na Europa. "Não creio que seja necessário, não creio que seja útil, não creio que venha a mostrar visão por parte da Europa", comentou o ministro polonês para a Europa, Mikolaj Dowgielewicz.

O líder socialista alemão Martin Schulz, que encabeça a segunda maior bancada no Parlamento europeu, também se prepara para uma batalha contra a campanha dos "três grandes" da UE, e classificou a investida britânica como "uma provocação".

"A iniciativa de Cameron está fadada ao fracasso, por não ter a menor chance no Parlamento Europeu. Não compreendo porque países como a França e a Alemanha permitem ser lideradas por esse agitador", comentou Schulz.

Rebecca Harms, copresidente do grupo Verdes / Aliança Livre Europeia, foi taxativa: "Esse golpe orçamentário tem muito pouco a ver com responsabilidade fiscal e se deve muito mais aos caprichos populistas de Cameron, Sarkozy e Merkel".

A presidente da Lituânia e ex-comissária europeia para o Orçamento, Dalia Grybauskaite, classificou a investida anglo-franco-alemã como normal. "Ela visa principalmente não a Europa, mas sim a política interna", concluiu.

AV/afp/rtr/dpa
Revisão: Soraia Vilela

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