Potências mundiais prometem US$ 10 bilhões em ajuda à Síria
4 de fevereiro de 2016
União Europeia, Alemanha, Reino Unido e EUA estão entre os principais doadores para fornecer alimentação, educação e oportunidades de emprego a refugiados sírios. Ataque a Aleppo obscurece esperanças de avanço.
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Líderes mundiais prometeram mais de 10 bilhões de dólares de ajuda aos sírios atingidos pelo conflito no país. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (04/02) numa conferência de doadores em Londres. Entretanto a reunião foi ofuscada pela suspensão das negociações de paz sobre a guerra civil síria em Genebra.
Tendo como anfitriões a Alemanha, Reino Unido, Noruega, Kuwait e a própria ONU, a conferência em Londres reúne representantes de cerca de 70 países. A União Europeia (UE), Alemanha, Reino Unido e os EUA estão entre os maiores doadores para fornecer alimentação, educação e oportunidades de emprego a sírios, dentro da Síria e nos países vizinhos para onde muitos fugiram.
"Os êxitos de hoje não são uma solução para a crise. Ainda necessitamos ver uma transição política", disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron. "Mas, com os compromissos acordados hoje, a nossa mensagem ao povo da Síria e à região é clara: estaremos com vocês e os apoiaremos durante o tempo que for preciso."
Contudo, esperanças de que o pacote possa fazer uma grande diferença dentro da Síria foram desestimuladas com a suspensão, nesta quarta-feira, das negociações de paz em Genebra, até 25 de fevereiro. A decisão foi motivada pelo fato de, apoiado por ataques aéreos russos, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, ter intensificado sua ofensiva militar nas proximidades da cidade de Aleppo, forçando a fuga de 40 mil civis.
Outras medidas acordadas em Londres incluem a criação de cerca de 1,1 milhão de postos de trabalho, até 2018, para refugiados na Síria e em países vizinhos. Os participantes da conferência também se comprometeram a providenciar educação para 1,7 milhão de crianças até o final do calendário estudantil 2016/2017.
Pouco mais da metade dos 10 bilhões de dólares será entregue neste ano. O pagamento do restante está prometido para entre 2017 e 2020.
PV/afp/rtr/dpa
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.