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Novas sanções ao Irã

22 de novembro de 2011

Setor petroquímico e ativos no exterior são os principais alvos das novas sanções impostas pelos EUA e outros países em resposta às supostas motivações bélicas do programa nuclear iraniano.

Presidente Ahmadinejad visita unidade do programa nuclearFoto: AP

Estados Unidos, Reino Unido e Canadá anunciaram nesta segunda-feira (21/11) novas sanções econômicas contra o Irã. Os principais alvos são o Banco Central do país e o setor petroquímico.

Já a França propôs a diversos países que congelem os ativos do Banco Central iraniano e suspendam a compra de petróleo do país asiático. Os negócios no setor de energia representam 70% do orçamento do governo iraniano e são cruciais para a economia do país.

Trata-se de uma resposta das potências ocidentais aos supostos avanços iranianos para usar energia nuclear para fins bélicos, publicados em relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU.

As potências internacionais citaram o relatório da AIEA como um documento que apresenta evidências "credíveis" de que o programa atômico iraniano justifica novas sanções. As informações produziram especulações de que Israel estaria planejando ataques contra alvos nucleares iranianos.

"Enquanto o Irã continuar nesse caminho perigoso, os Estados Unidos seguirão achando formas de isolar e aumentar a pressão sobre o regime iraniano, seja em consenso com seus parceiro, seja por meios próprios", disse o presidente norte-americano, Barack Obama.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, alertou que qualquer empresa norte-americana que continuar negociando com bancos iranianos estará correndo risco de incorrer em atividades ilicitas.

Geithner: "Países devem pensar bem antes de fazer negócios com Irã"Foto: picture alliance/dpa

O governo norte-americano classifica o Irã como um território que gera preocupação sobre lavagem de dinheiro. Geithner salientou que "qualquer instituição financeira no mundo deveria pensar bem sobre os riscos de fazer negócios com o Irã".

De acordo com diplomatas norte-americanos, o Irã estaria usando o Banco Central para transferências provenientes da Coreia do Sul, da França, do Reino Unido, da Itália e da Espanha.

O Reino Unido foi o primeiro país a tornar pública a adoção de sanções, nesta segunda-feira. Ações no mesmo sentido vieram também de Canadá e França. A Itália anunciou nesta terça-feira o apoio às sanções econômicas.

Ineficazes

O governo iraniano considerou as novas sanções como "propaganda e guerra psicológica", conforme o porta-voz do Ministério do Exterior, Ramin Mehmanparast. Ele classificou as medidas como "condenáveis" e disse que elas se provariam "ineficazes e em vão".

Para Mehmanparast, as iniciativas ocidentais "mostram a hostilidade [destes países] contra o povo iraniano". O Irã já foi atingido por quatro rodadas de sanções da ONU e nega que seu programa leve a constituição de uma bomba nuclear. "Eles pensam que podem pressionar o nosso povo a desistir de seu direito [à energia nuclear], mas estão errados.", afirmou Mehmanparast.

O ministro da Indústria e do Comércio do Irã, Mehdi Ghazanfari, ponderou, por outro lado, que o país iria "sofrer" com as novas sanções, contrariando a posição do Ministério do Exterior. Ghazanfari salientou, porem, que o Irã sobreviveria se tornando mais autônomo, fazendo negócios com outros "países competitivos".

A comissão do parlamentar iraniano sobre Segurança Nacional e Política Externa revisa nesta terça-feira (22/11) a cooperação com a AIEA. No final de semana o ministro do Exterior, Ali Akbar Salehi, disse que o país iria continuar cooperando com os inspetores se a agência "equilibrasse sua abordagem" à república islâmica.

Rússia protesta

A nova rodada de sanções contra o Irã foi duramente criticada pela Rússia. Para o governo russo, as medidas deverão apenas prejudicar as chances de uma solução negociada para o projeto nuclear iraniano. "Estas medidas extraterritoriais são inaceitáveis e uma violação do direito internacional", disse a porta-voz do governo, Maria Zakharova.

"A intensificação da pressão através de sanções, como algum dos nossos parceiros (internacionais) parecem querer adotar por conta própria, não aumentarão a possibilidade de trazer o Irã de volta à mesa de negociações", afirmou Zakharova.

A Rússia tem oferecido equipamento e técnicos para ajudar a construir a Usina Nuclear de Bushehr, ativada em setembro. Tanto engenheiros russos como iranianos disseram que a unidade tem fins pacíficos.

Usina nuclear de BushehrFoto: picture alliance/dpa

O país é parceiro comercial do Irã. Além de empresas russas, empreendimentos de países terceiros também serão atingidas pelas medidas no setor de gás e indústria. Os preços do petróleo subiram nesta terça-feira no mercado asiático. 

Apesar de condenar as sanções, a Rússia apoia os esforços da AIEA de cobrar esclarecimentos do governo iraniano sobre o seu programa nuclear.

MP/dpa/afp/rtr
Revisão: Alexandre Schossler

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