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Potências reduzem, mas modernizam arsenais nucleares

17 de junho de 2019

Relatório aponta nova redução no número de ogivas nucleares no mundo, mas chama a atenção para programas de modernização. Diminuição contínua de armas atômicas pode travar caso EUA e Rússia não renovem tratado até 2021.

Míssel intercontinetal Sarmat apresentado num local não identificado na Rússia, em março de 2018
O míssel intercontinetal Sarmat é apresentado num local não identificado na Rússia, em março de 2018Foto: picture-alliance/AP Photo/Russian Television

O armamento nuclear mundial ficou 4% menor no ano passado em decorrência dos tratados internacionais assinados pelas grandes potências. No entanto, estas mesmas potências mundiais têm impulsionado programas de modernização de seus arsenais, segundo um relatório apresentado nesta segunda-feira (17/06) pelo Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (Sipri).

Os nove países que possuem armas nucleares – Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte – tinham no começo deste ano 13.865 armas do tipo, das quais 3.750 estão posicionadas e outras duas mil em estado de alerta operacional. No ano anterior eram 14.465 armas nucleares.

O Sipri estimou uma diminuição de cerca de 600 armas nucleares em relação ao ano anterior. No entanto, embora haja menos armas nucleares, as existentes são mais modernas. China, Índia e Paquistão, por exemplo, expandiram ou estão expandindo seus arsenais atômicos.

"A conclusão principal é que, apesar da diminuição geral no número de armas nucleares em 2018, todos os estados que possuem armamento desse tipo continuam modernizando seus arsenais", afirmou em comunicado o diretor do Sipri, Khan Eliasson.

A redução segue a tendência dos últimos anos e se deve à implementação do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New START) de 2011 assinado por EUA e Rússia, que possuem juntos mais de 90% do arsenal nuclear no mundo.

Em 2019, os EUA tinham um total de 6.185 ogivas nucleares estacionadas, na reserva ou destinadas à demolição – em 2018, havia 6.450. A Rússia possuía 6.500 ogivas nucleares no início deste ano – 350 a menos que no ano anterior.

No entanto, os dois países iniciaram programas abrangentes e caros de modernização de suas ogivas, foguetes e lançadores, sistemas de aviões e de mísseis, assim como instalações de produção.

Neste contexto, o Sipri se mostrou particularmente preocupado, especialmente porque o tratado New START expirará em 2021, e Washington e Moscou ainda não iniciaram discussões sobre o prolongamento do acordo.

"As perspectivas para que haja uma redução negociada dos arsenais russos e americanos parecem mais improváveis tendo em vista as diferenças políticas militares entre os dois países", advertiu o Sipri no relatório.

O tratado New START foi assinado em 2010 pelos então presidentes Barack Obama e Dmitri Medvedev. O acordo prevê a redução do número de ogivas nucleares prontas para uso para 1.550 unidades por país, além de um limite de 800 lançadores. No auge da Guerra Fria, em meados da década de 1980, havia cerca de 70 mil ogivas nucleares no planeta.

Apenas ogivas nucleares em Rússia, EUA, França e Reino Unido são consideradas imediatamente prontas para uso. O Sipri estimou as seguintes quantidades de ogivas nucleares em posse das outras potências mundiais: França (300), Reino Unido (200), China (290), Israel (80-90), Índia (130-140), Paquistão (150-160) e Coreia do Norte (20-30). 

O relatório do Sipri ressalta no relatório a considerável variação que existe na informação confiável sobre o estado dos arsenais e as capacidades dos Estados, especialmente no caso de Coreia do Norte e Israel.

PV/dpa/afp/efe

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