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Power Rangers tomam a KirchMedia

(ns)17 de março de 2003

O bilionário americano Haim Saban comprou a KirchMedia e tornou-se o primeiro empresário estrangeiro a concentrar mais da metade dos canais alemães de TV. Muitos conhecem Saban como músico e autor da trilha de "Dallas".

Sorridente e bem vestido: Haim SabanFoto: AP

Acompanhadas com grande interesse na Alemanha, as negociações de venda da KirchMedia foram concluídas em parte, nesta segunda-feira (17/03), com a assinatura do contrato de venda da ProSiebenSat.1, a empresa que agrupa os canais de televisão. Com isso, Haim Saban conquistou a metade do mercado de TV na Alemanha. Quanto ao imenso arquivo de filmes e séries de TV da KirchMedia, ainda não estão examinados alguns detalhes do contrato e conta-se com sua assinatura dentro dos próximos dez dias.

O novo czar da mídia alemã

O preço da transação não foi revelado, mas é estimado em 2 bilhões de euros. Atolada em dívidas, a KirchMedia declarou sua insolvência há um ano. Com a divisão do império de Leo Kirch e a venda das principais empresas, estão solucionados 85% dos problemas relacionados à falência. Em vez de Kirch, a Alemanha tem agora um novo "czar da mídia", Haim Saban.

Nascido no Egito, Saban não conseguiu levar os Muppets, pois perdeu a disputa pela Jim Henson Company. Mas sua procura por uma nova área de atuação parece haver chegado ao fim. Depois que a Editora Bauer retirou sua oferta de cerca de dois bilhões de euros pela maior empresa alemã de televisão e comercialização de direitos de filmes, o empresário americano é o único interessado. O contrato de venda pode ser concluído no fim de semana, informaram fontes da Kirch, em Munique.

"Dallas" abriu as portas dos lares e do sucesso

A estória de Haim Saban é o prototipo do sonho americano, de alguém que começou de baixo e por um bom tempo não teve êxito profissional e financeiro. Filho de um comerciante e uma costureira, ele cresceu em Alexandria e Israel. Guitarrista e promotor de espetáculos, não teve sucesso em Israel e, endividado, acabou emigrando para Paris.

Foi na capital francesa que começou a compor trilhas sonoras para desenhos animados e seriados de TV. Com a melodia de "Dallas", Haim Saban conseguiu entrar nas salas de milhões de casas em todo o mundo. No início dos anos 80, mudou-se para Los Angeles, a meca da indústria do entretenimento.

Logo "Os Caça-Fantasmas" tomavam conta das telas e Saban ia ajuntando sua fortuna. Seu tino para negócios ficou demonstrado com a "importação" da série japonesa Power Rangers, que logo conquistou a juventude americana e, depois, o resto do mundo. Haim Saban conhece o gosto do público.

Bom negócio com a Disney

Nesse meio tempo, o self-made man está com 58 anos e seu êxito se deve mais ao planejamento e menos ao acaso. Sua grande jogada foi haver vendido à Disney a empresa que fundara, a Fox Family Worldwide por 5,3 bilhões de dólares. Dinheiro suficiente para fazer compras no exterior e tratar de abocanhar a KirchMedia, com a maioria das ações da empresa de televisão ProSiebenSat.1 e o fabuloso arquivo de 13 mil filmes e 3 mil séries de TV, cujos direitos ela possui.

Diante das séries e desenhos infantis de pouco ou nenhum valor pedagógico que comercializou, não deixa de ser um paradoxo seu engajamento em prol de crianças carentes. "50 maneiras de salvar nossas crianças" é o título do livro lançado por sua esposa, Sherryl. Existe até um site abrindo várias possibilidades de se doar dinheiro. O Saban Capital Group é um dos principais sustentáculos dessa iniciativa. Baixinhos de classes menos favorecidas são inclusive convidados a participar das festas exóticas dadas pelo casal.

KirchMedia será "ajustada"

Na visão do empresário egípcio-americano, o grupo alemão de mídia também deve ser considerado carente. "Nós viemos para consertar, ajustar e ampliar os negócios", expôs, traçando o futuro rumo do grupo, em entrevista ao semanário Der Spiegel. O saneamento do império alemão, porém, não será fácil. Os credores exigem da KirchMedia 1,9 bilhão de euros no processo de insolvência. A subsidiária de TV está às voltas com a queda do faturamento e, ainda por cima, diminui constantemente sua fatia no mercado televisivo.

O grupo Bertelsmann, uma das maiores empresas de mídia da Europa, está tranqüila quanto ao novo concorrente. Um bom programa não é somente questão de dinheiro, diz-se por lá. Fundamental é conhecer bem o mercado alemão, dispor de know-how e bons palpites.

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