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Prêmio Europeu do Cinema

4 de dezembro de 2011

"Melancolia", de Lars von Trier, foi o grande vencedor do Prêmio Europeu do Cinema – uma premiação que reflete a diversidade do cinema do continente e não deixa nada a desejar frente ao Oscar.

Cerimônia de entrega dos prêmios em BerlimFoto: dapd

Os políticos europeus deveriam se mirar no exemplo do cinema. Enquanto em Bruxelas, Estrasburgo, Berlim, Paris e em outras metrópoles do continente, pairam dúvidas a respeito da unidade europeia, o cinema dá sinais de consolidação da mesma. Na diversidade está a força: os diversos cinemas nacionais coexistem, não temem uns aos outros e trabalham tranquilamente juntos. O 24° Prêmio Europeu do Cinema, concedido no último sábado (3/12), é prova disso.

Falta de autoestima

No entanto, quando se fala de estratégias de marketing, ainda há dificuldades. O Prêmio Europeu do Cinema ainda é considerado um primo pobre do Oscar. A premiação norte-americana é, com certeza, mais antiga e tradicional, e os filmes produzidos em Hollywood dominam, afinal, o mercado internacional. Algo que os europeus raramente conseguem. No entanto, a cinematografia europeia, hoje, se sobrepõe em termos de qualidade e diversidade, principalmente quando se fala de filme de arte, engajamento político e relevância social.

Isso ficou claro na noite de gala do Prêmio Europeu do Cinema em Berlim, no último sábado (03/12), com seis filmes indicados, todos excelentes e inesquecíveis. Uma seleção deste calibre o cinema de Hollywood não apresenta há anos. Mais importante que o vencedor – Melancolia, de Lars von Trier, que levou os prêmios de melhor filme, melhor fotografia e melhor cenário – é observar os seis indicados, que ilustram exemplarmente a ebulição da cinematografia europeia.

O enfant terrible Lars von Trier

O dinamarquês Lars von Trier, uma personalidade complexa, sempre apto à provocação pública, é um cineasta inspirado. Há anos, ele transita entre diversos gêneros, conseguindo sempre surpreender o espectador e levar prêmios em festivais, além de dirigir filmes que são sucesso de público. Melancolia é uma obra sinistra e misteriosa, cheia de citações, que remetem a questões filosóficas, ou seja, um filme magnífico. Não para todos os gostos, mas, sem dúvida, digno da premiação.

' Melancolia', de Lars von Trier: melhor filmeFoto: Concorde Filmverleih

Von Trier destaca, ao lado de outros diretores, a pequena Dinamarcar no cenário do cinema europeu. Susanne Bier, outra cineasta dinamarquesa reconhecida, vencedora de um Oscar, teve também seu Em um mundo melhor indicado para o Prêmio Europeu, mas saiu, por fim, apenas com o prêmio de melhor direção. Uma decisão acertada.

Finlandeses, franceses, belgas...

O finlandês Aki Kaurismäki (Le Havre) saiu de mãos vazias e o francês Michel Hazanavivicius com o prêmio de melhor trilha sonora para O Artista. Os dois também concorreram com belíssimos filmes – um, uma meditação poética e sonhadora sobre os destinos dos migrantes; o outro, uma homenagem singela ao mundo do cinema.

Já os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne receberam o prêmio de melhor roteiro por O garoto da bicicleta. Ambos frequentam há anos os grandes festivais internacionais de cinema, pertencendo ao seleto grupo de vencedores da Palma de Ouro em Cannes. Por fim, também Tom Hooper recebeu três prêmios, entre eles o do público, por seu drama real O discurso do rei, vencedor do Oscar.

Wim Wenders, premiado por 'Pina'Foto: dapd

O prêmio de melhor documentário ficou com Pina, do alemão Wim Wenders. Diretores italianos e espanhóis receberam outros prêmios menos significativos, levando à constatação de que o cinema do continente – que conta com nomes como Lars von Trier, Mika Kaurismäki ou Wim Wenders – floresce e se fortifica.

Falta de atenção

O grande problema, contudo, da "nação europeia do cinema" é a própria autoestima. Enquanto o Oscar é anunciado semanas antes da premiação pela mídia, tornando-se um tema popular e discutido, o Prêmio Europeu do Cinema mantém uma existência relativamente discreta. A cerimônia de entrega do Prêmio, em Berlim, por exemplo, nem é transmitida ao vivo pela televisão alemã.

Autor: Jochen Kürten (sv)

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