Príncipe William premia iniciativas para proteger o clima
18 de outubro de 2021
Com o prêmio Earthshot, príncipe pretende apoiar até 2030 ideias para combater o aquecimento global. "As ações que adotarmos nos próximos dez anos vão determinar o destino do planeta pelos próximos mil", diz.
Anúncio
O príncipe britânico William conduziu neste domingo (17/10), em Londres, a cerimônia de entrega da primeira edição do prêmio Earthshot, criado por ele para reconhecer e apoiar iniciativas que ajudem a salvar o planeta das mudanças climáticas e do consequente aquecimento global.
O evento televisionado, que contou com a presença do renomado naturalista britânico David Attenborough e apresentações musicais do grupo Coldplay e do cantor Ed Sheeran, foi marcado por alertas contra a inação contra o aquecimento do planeta.
Outras celebridades e ativistas também compareceram ao evento. Os atores Emma Thompson, Emma Watson e David Oyelowo se juntarem à esposa de William, Kate, a duquesa de Cambridge, na entrega dos prêmios.
Num vídeo gravado para a cerimônia, William afirma que "as ações que escolhermos ou não adotar nos próximos dez anos vão determinar o destino do planeta pelos próximos mil".
"Uma década não parece muito, mas a humanidade tem um excelente histórico de conseguir resolver o irresolvível", disse o neto da rainha Elizabeth 2ª, o segundo na linha de sucessão ao trono britânico. "Cabe a nós determinar o futuro. E se colocamos isso na cabeça, nada é impossível."
O príncipe apontou ainda que muitas das respostas já estão disponíveis, mas é preciso unir toda a sociedades para recuperar o planeta.
"Houve muitas ideias incríveis nas últimas décadas, mas é a implementação é o que realmente conta, então é disso que [o prêmio] se trata", afirmou Emma Thompson na cerimônia.
Anúncio
Os premiados
A República da Costa Rica foi uma das vencedoras do prêmio Earthshot, na categoria "Proteger e recuperar a natureza", por seus esforços para proteger florestas, plantar árvores e recuperar ecossistemas. O governo vem pagando cidadãos que ajudam na causa, revertendo décadas de desmatamento e promovendo o ecoturismo.
"O que alcançamos neste pequeno país da América Central pode ser feito em qualquer lugar", disse o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, ao receber o prêmio.
A empresa indiana Takachar venceu na categoria "Limpar o nosso ar" pela criação de uma máquina portátil que transforma resíduos agrícolas em fertilizante, de modo que agricultores não tenham que queimá-los e, assim, não poluam o ar.
Também foi reconhecido o trabalho da Coral Vita, uma fazenda de corais nas Bahamas, por um projeto para fazer corais crescerem em tanques a um ritmo 50 vezes mais rápido do que normalmente ocorre na natureza. O objetivo é restaurar recifes de corais que estão morrendo.
A cidade de Milão, no norte da Itália, também foi premiada, na categoria "Hubs de resíduos alimentares", por coletar alimentos não utilizados em restaurantes e supermercados e entregá-los a pessoas necessitadas. A primeira grande cidade a realizar um programa do tipo recupera cerca de 130 toneladas de comida por ano, ou cerca de 260 mil refeições.
O prêmio "Consertar nosso clima" foi para uma equipe de profissionais da Alemanha, Itália e Tailândia por desenvolver a tecnologia AEM Electrolyzer, que usa energia renovável para produzir hidrogênio limpo.
Cada um dos cinco vencedores recebeu um milhão de libras (cerca de R$ 7,5 milhões) para apoiar seu trabalho. Os demais finalistas, escolhidos por especialistas entre mais de 750 nomeados, receberão ajuda de empresas para desenvolver seus projetos.
William e sua instituição de caridade, a The Royal Foundation of The Duke and Duchess of Cambridge (Fundação Real do Duque e da Duquesa de Cambridge) lançaram o prêmio Earthshot no ano passado, considerado o mais prestigiado do tipo. A meta é premiar cinco vencedores por ano até 2030. O príncipe anunciou que em 2022 a premiação será realizada nos Estados Unidos.
COP26 e críticas da família real
A cerimônia deste domingo ocorreu a duas semanas do início da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, a ser realizada em Glasgow, na Escócia.
Numa entrevista transmitida pela BBC no início da semana passada, o filho e herdeiro da rainha, o príncipe Charles, conhecido por se engajar em questões ambientais, havia dito temer que líderes mundiais "apenas falem", em vez de agir.
E em outra entrevista, divulgada pela BBC na quinta-feira, William também saiu em defesa do clima, criticando o turismo espacial e afirmando que salvar a Terra diante da ameaça do aquecimento global é mais importante do que viajar ao espaço.
lf (AFP, AP, ots)
Greenpeace 50 anos: relembre protestos pelo mundo
O Greenpeace luta contra a degradação ambiental e defende uma mudança de curso da sociedade. Como nenhuma outra ONG, os ativistas impulsionam debates há 50 anos por meio de protestos contra governos e empresas.
Foto: Robert Keziere/Greenpeace
Um basta aos testes nucleares
Os EUA detonaram bombas atômicas na costa do Alasca, em 1971, e um movimento de protesto se formou contra os testes. Esses ativistas chamaram sua ação de "Greenpeace" e tentaram penetrar na zona de testes com um veleiro de mesmo nome. A tentativa fracassou, mas o nome foi mantido: o Greenpeace se tornou a organização ambiental mais conhecida do mundo.
Foto: Robert Keziere/Greenpeace
Ataque militar contra o Greenpeace
O Estado francês não queria ser incomodado em seus testes nucleares e reagiu brutalmente: em 1973, um navio militar da França colidiu contra um barco do Greenpeace, que, logo em seguida, foi atacado por soldados franceses. Em 1985, um agente secreto francês afundou um barco do Greenpeace na Nova Zelândia, e um fotógrafo perdeu sua vida. Após 188 testes nucleares, a França os interrompeu em 1996.
Foto: Greenpeace/Ann-Marie Horne
Luta contra pesticidas
Em 1981, ativistas do Greenpeace ocuparam a chaminé da fábrica de produtos químicos Boehringer, em Hamburgo, onde herbicidas e pesticidas eram produzidos e, dioxinas, liberadas. Essa fábrica teve que fechar, mas as vendas de pesticidas aumentaram em todo o mundo e continuam causando danos à saúde. Por essa razão, o Greenpeace continua lutando pelo banimento de pesticidas perigosos.
Foto: Greenpeace/Wolfgang Hain
Contra a caça às baleias
Os protestos do Greenpeace contra a caça às baleias também são conhecidos. Por meio deles, os ativistas tentam evitar que baleeiros matem os animais ameaçados de extinção. Em vigor desde 1986, a moratória à caça comercial de baleias é um sucesso. No entanto, Islândia, Noruega e Japão ignoram a regra e, por isso, os protestos continuam – como este na frente de um navio baleeiro japonês (foto).
Foto: Greenpeace
Petrolíferas ignoram responsabilidade pelo clima
Em 1995, ativistas ocuparam a plataforma de petróleo Brent Spar, no Mar do Norte. A Shell queria afundar a antiga estrutura no mar, e motoristas se solidarizaram e boicotaram os postos de gasolina da empresa. A Shell abandonou seu plano inicial e, em 1998, governos proibiram naufrágios. Hoje o protesto é dirigido contra a indústria do petróleo por ignorar a meta de limitar o aquecimento a 1,5 °C.
Foto: Peter Thompson/Greenpeace
Proteção da biodiversidade
Em 2006, ativistas do Greenpeace penduraram uma enorme faixa no braço do Cristo Redentor, no Rio, por ocasião de uma conferência da ONU sobre biodiversidade em Curitiba. Com a frase "O futuro do planeta está em suas mãos", a organização alertava sobre a extinção em massa de animais e plantas devido ao setor agrícola e a consequente destruição dos meios de subsistência das gerações futuras.
Foto: Daniel Beltr· / Greenpeace
Escalada interrompe usina de carvão
Em 2009, ativistas escalaram uma chaminé de 200 metros de altura da usina de carvão Kingsnorth e forçaram seu fechamento. Na época, o Reino Unido ainda planejava novas usinas a carvão. Esse protesto, juntamente com ações judiciais, ajudaram o país a se tornar modelo para eliminação gradual da energia a carvão: quase todas as usinas estão desligadas da rede, e a última será fechada em 2024.
Foto: Will Rose/Greenpeace
O desastre do lixo plástico
O Greenpeace luta há muito tempo contra o lixo plástico e exige a proibição dos microplásticos em cosméticos, a proibição do plástico descartável e a reciclagem desses resíduos. Mas, até agora, nem todas as empresas e políticos do mundo se posicionaram contra os plásticos e, portanto, a água e o solo estão ainda mais poluídos com resíduos plásticos.
Foto: Justin Hofman/Greenpeace
Campanha para uma moda sustentável
A indústria têxtil é um grande poluidor, e o Greenpeace pediu às empresas de roupas para parar de usar produtos químicos perigosos – e 80% delas se comprometeram a não usá-los mais a partir de 2014. Na foto, modelos da Indonésia anunciam moda sustentável num campo de arroz na província Java Ocidental. O arrozal foi contaminado pela indústria de confecções.
Foto: Hati Kecil Visuals/Greenpeace
Indústria da carne e desmatamento
A indústria da carne destrói a floresta tropical, e muitas pessoas ainda não estão cientes disso. Na foto, o Greenpeace chama a atenção para o assunto com um banner num restaurante Burger King, em Londres. A demanda por carne impulsiona o desmatamento e queimadas na Amazônia, e os rebanhos pastam em terras obtidas dessas formas. Além disso, cultiva-se soja para alimentar os animais.
Foto: Paul Hackett/Greenpeace
Meta climática não será atingida
Esta usina a carvão perto de Colônia, na Alemanha, emite mais de 14 milhões de toneladas de CO2 por ano. O governo não quer fechá-la até 2038, e a meta de limitar o aquecimento a 1,5 °C não será concretizada. O Greenpeace protesta contra essa política e participa do movimento pelo clima liderado por jovens do Fridays for Future, que se mobilizam em todo o mundo e pressionam os políticos.