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Prateleiras públicas

27 de agosto de 2011

Apesar da popularidade dos e-books, as prateleiras públicas vêm sendo cada vez mais disseminadas nas cidades alemãs. Elas são abertas a qualquer um que queira buscar ou deixar um livro.

Prateleira pública em ColôniaFoto: DW

A praça GoltsteinForum, em Colônia, é um dos pontos nevrálgicos da cidade, onde os habitantes fazem compras ou param para um descanso em um dos movimentados cafés. No centro da praça, uma caixa enorme mais parece um oásis, levemente deslocado.

Chegando mais perto, fica claro que se trata de prateleiras cheias de livros, com uma grande miscelânea de gêneros: ao lado de best-sellers de Tom Clancy, Helen Fielding ou Dan Brown, é possível encontrar guias de diversas cidades do mundo, livros sobre dietas, marcenaria ou romances que venderam milhões de exemplares em décadas passadas. Obras de autores consagrados como Simone de Beauvoir, Honoré de Balzac ou Marcel Proust também estão lá.

"Sempre acho algo interessante, a oferta é grande", diz uma jovem, ao tirar um romance de Dan Brown da prateleira. Ela é uma entre os frequentadores do lugar, que sempre passam por ali para ver se chegou alguma coisa nova. A ideia é simples: o usuário leva, sem pagar nada, um livro para casa. E deixa ali outro qualquer que já tenha lido, em vez de ficar armazenando o mesmo em casa, nas suas próprias prateleiras.

Para além dos livros

Projeto é sucesso de público e conta com apoio de colaboradores voluntáriosFoto: DW

Mesmo que supreendente, a ideia tem funcionado. As prateleiras não ficam somente todo o tempo cheias, mas são também mantidas limpas e organizadas. Isso só é possível graças à ajuda de alguns colaboradores voluntários, diz Michael Aubermann, da associação Bürgerstiftung Köln (literalmente Fundação dos Cidadãos de Colônia), que cuida da prateleira pública.

Conhecido na cidade como Bücherschrank (o termo alemão para prateleira de livros), o projeto é uma plataforma aberta, em que os nomes dos usuários não são registrados como nas bibliotecas tradicionais e o anonimato é garantido. "Qualquer um é bem-vindo e pode participar", diz Aubermann. E, considerando o sucesso do projeto, parece ter muita gente participando mesmo.

O sucesso até inspirou os organizadores a ampliarem a ideia para além da literatura, expandindo o projeto para as artes visuais. Estudantes de escolas da cidade exibem ali seus trabalhos, nas laterais da "caixa" de prateleiras, em um sistema rotativo que prevê novos trabalhos expostos a cada mês. "Esperamos encorajar também os artistas locais a participarem", diz Aubermann.

Expansão rápida

Projetos parecidos existem há algum tempo em diversas cidades alemãs. Em Colônia, a iniciativa começou em 2007 sob o nome Eselsohr (literalmente "orelha de mula" - um termo que tem, em alemão, o sentido de "orelha", a dobradura feita pelo leitor no canto da folha para marcar uma página).

De início, a associação da cidade tentou estabelecer a ideia nas instalações de uma grande loja de móveis, que disponibilizou as prateleiras, enquanto a atriz Annette Frier protagonizou uma campanha publicitária para divulgar o projeto.

No ano passado, passaram a ser usadas prateleiras mais amplas, com design do arquiteto Hans-Jürgen Greve: elas são mais fortes, impermeáveis e também mais caras, o que forçou os organizadores a procurar patrocínio. Desde que a prateleira pública foi inaugurada na praça GoldsteinForum, próxima ao rio Reno, em Colônia, mais duas outras foram colocadas na cidade e 24 estão sendo planejadas. 

Respeito pela propriedade pública

"A GoltsteinForum é uma localização prefeita. É uma área comercial, lotada de gente, onde as pessoas podem se encontrar e conversar sobre os livros", diz Aubermann. Os colaboradores voluntários que cuidam do projeto visitam regularmente as prateleiras, a fim de arrumar os livros e retirar os que estiverem estragados. "Há também muitos voluntários que nem conhecemos", acrescenta Aubermann.

Livros infantis e infanto-juvenis entre as ofertasFoto: DW

A equipe nunca teve experiências negativas com vandalismo ou coisa parecida. Para fazer com que o projeto funcione, não basta, porém, apenas manter a prateleira em segurança, mas é preciso também contar com a generosidade dos moradores da região.

Aubermann não diria que esse tipo de "prateleira pública" deva ser considerado um fenômeno tipicamente alemão. "Isso funciona aqui porque, no norte da Europa, existe a tradição da propriedade pública. A maioria das pessoas cuida dos bens públicos", completa ele, lembrando que projetos parecidos iriam, obviamente, funcionar também em outros países, mesmo que demorasse mais tempo para fazer com que a ideia desse realmente certo.

Autora: Eva Fritsch (sv)

Revisão: Carlos Albuquerque 

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