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Terrorismo

"Precisamos de um FBI europeu", diz especialista

Rahel Klein rc
4 de janeiro de 2017

Em entrevista à DW, presidente da Conferência de Segurança de Munique defende medidas de grande porte na Alemanha e na Europa e dá voto de confiança a Donald Trump.

Wolfgang Ischinger, presidente da Conferência de Segurança de Munique
Wolfgang Ischinger, presidente da Conferência de Segurança de MuniqueFoto: picture-alliance/dpa/A. Gebert

O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, gerou uma série de debates no país ao sugerir nesta terça-feira (03/01) que o governo federal deve ter maior controle sobre o aparato de segurança do país, que, segundo ele, deveria ser reestruturado. A resistência às propostas do ministro veio sobretudo dos governos estaduais.

Wolfgang Ischinger, presidente da Conferência de Segurança de Munique, apoia a ideia de conceder maiores competências ao governo federal, e pede que se vá além disso. "Na Alemanha, não vivemos numa cápsula espacial. Vivemos numa União Europeia essencialmente sem fronteiras. Por isso, temos que pensar grande e não apenas em doses homeopáticas", disse em entrevista à DW.

O especialista em segurança defende que as autoridades tomem medidas de grande porte, ao invés de anunciarem a cada mês "um pouquinho mais de trocas de dados" entre os países da Europa. "Precisamos realmente é de uma espécie de FBI europeu", afirmou, se referindo à agência federal de investigações dos Estados Unidos.

Ele lamenta que as sugestões do ministro do Interior tenham gerado tanta indignação. "Essas propostas devem ser discutidas detalhadamente e não simplesmente rejeitadas por completo."

Assimo como De Maizière, Ischinger considera importante discutir a questão da deportação de indivíduos que representem perigo à sociedade, afirmando que essas práticas devem ser reforçadas.

Trump, Otan e Rússia

O especialista diz que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, merece um voto de confiança no que diz respeito à situação da segurança na União Europeia (UE) e ao futuro da Otan. Ele afirma que prefere esperar para ver o que o futuro presidente dirá após assumir a presidência, no dia 20 de janeiro.

"Não tenho dúvidas de que seu governo confirmará o compromisso com a Otan", disse o especialista. Seria um "gravíssimo erro de principiante lançar dúvidas sobre a única aliança que liga os EUA a uma parte significativa do mundo".

Em relação ao futuro relacionamento entre Washington e Moscou, Ischinger diz ver no novo presidente americano uma oportunidade. Não houve nos últimos anos contatos aprofundados entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Barack Obama, e de uma perspectiva europeia há o interesse de que as conversações sejam restabelecidas.

O especialista ressalta, porém, que as decisões acordadas pelas duas grandes superpotências devem ser tomadas com cautela, como nas questões envolvendo os países dos Bálcãs, a Ucrânia e a própria Europa. "Se os EUA, com base num compromisso renovado com a Otan, sentarem à mesa de negociações com Putin e discutirem seriamente sobre acordos estratégicos, acho que seria algo bastante desejável."

A Conferência de Munique reúne anualmente na capital bávara chefes de Estado e de governo e autoridades internacionais de segurança.

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