Prefeita alemã demite estagiária por usar véu islâmico
25 de agosto de 2016
Prefeita de Luckenwald argumenta que uso da vestimenta viola caráter de neutralidade da administração pública. Palestina de 48 anos é demitida após primeiro dia de trabalho, mas recebe outra oportunidade.
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A prefeita de Luckenwalde, no leste da Alemanha, demitiu uma mulher palestina de 48 anos que se negou a retirar seu véu no trabalho. Ela trabalharia como estagiária por seis semanas e acabou demitida após seu primeiro dia de trabalho, nesta segunda-feira (22/08).
A prefeita Elisabeth Herzog-von der Heide, do Partido Social-Democrata (SPD), disse que, como a palestina se recusava a retirar o véu na presença de homens, não foi possível encontrar um local de trabalho adequado para ela, que participava do projeto "Perspectivas para refugiados".
"O véu islâmico é a expressão de uma visão de mundo religiosa", afirmou Herzog-von der Heide, segundo o jornal Märkische Allgemeine. Ela argumentou que a prefeitura precisa se apresentar neutra e lembrou que não há crucifixos nas paredes do prédio.
O político Sven Petke, da União Democrata Cristã (CDU), criticou a decisão. "Não há base legal para essa decisão", declarou Petke, acrescentando que o Tribunal Constitucional Federal decidiu que itens pessoais que expressam uma crença religiosa, como roupas, não podem ser proibidos. "Isso é diferente de um crucifixo na parede."
A decisão foi elogiada pelo partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD). "Se o crucifixo não é permitido nas instalações da prefeitura, então não deve haver qualquer tratamento especial para muçulmanos", disse o deputado Thomas Jung. "A prefeita, portanto, merece respeito e não ser repreendida por sua desconfortável decisão."
Após a polêmica, a prefeita afirmou nesta quinta-feira que a palestina recebeu outra oportunidade de estágio da administração pública, mas não no prédio da prefeitura. Ela trabalhará como intérprete na empresa imobiliária municipal.
FC/dpa/epd
O véu islâmico
Conheça os diferentes tipos de véus utilizados no mundo muçulmano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
O hijab
Apesar de a palavra "hijab" se referir à ação de cobrir-se, hoje em dia ela é usada principalmente para designar o véu muçulmano ocidental, que cobre a cabeça e o colo das mulheres, mas deixa o rosto descoberto. A cor e o estilo do hijab variam segundo as tradições e costumes do país ou da comunidade religiosa.
Foto: (c) picture-alliance/dpa/H&M
A burca
A burca é o mais conservador entre os véus muçulmanos. Trata-se de uma túnica larga de uma só peça que cobre completamente o rosto e o corpo das mulheres. Na altura dos olhos, há uma espécie de rede através da qual ela pode enxergar. A burca é usada sobretudo no Afeganistão, onde geralmente é azul, e no Paquistão.
Foto: picture-alliance/dpa
O niqab
O niqab também cobre completamente o rosto da mulher, mas, diferentemente da burca, deixa os olhos descobertos. Esse tipo de véu muçulmano é muito popular entre os países árabes do Golfo Pérsico. O preto é sua cor mais comum. Ele é usado com um vestido longo, chamado abaya.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
O chador e o khimar
O chador é uma variante da burca que se usa principalmente no Irã. Ele cobre as mulheres dos pés à cabeça, com exceção do rosto e das mãos. Geralmente é preto e disfarça as curvas femininas. O khimar é parecido com o chador: cobre o cabelo, o colo e os ombros, mas vai só até a cintura. Este véu em forma de capa também deixa o rosto descoberto.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Taherkenareh
A shayla
A shayla é um véu retangular que cobre a cabeça e se fixa nos ombros , deixando descoberto o rosto da mulher. É muito usado nos países do golfo Pérsico. Em geral se usam tecidos leves de cores alegres. Na foto se vê a blogueira e jornalista turco-alemã Kübra Gümüsay.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Schindler
A al-amira
A al-amira é composta de duas peças: um véu mais apertado que cobre os cabelos, parecido com um gorro, e outro que se coloca sobre o primeiro, de forma mais folgada. Pode ser complementado com broches ou diademas. Devido à sua praticidade, muitas atletas muçulmanas preferem esse modelo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/P. D. Josek
O burquíni
Em 2003, a australiana Aheda Zanetti desenhou o primeiro traje de banho para mulheres muçulmanas: o burquíni. Este modelo cobre todo o corpo, com exceção do rosto, mãos e pés. O burquíni causou polêmica no verão europeu e foi proibido em diversas cidades da França.