Bill de Blasio ajuda a pintar o famoso slogan antirracismo em frente ao edifício que abriga a sede das empresas de Trump. Presidente afirmou se tratar de um "símbolo de ódio", que "denigre a luxuosa Quinta Avenida".
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O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, participou de um ato antirracismo e ajudou a pintar o slogan "Black Lives Matter" (Vidas negras importam) em frente ao edifício Trump Tower, de propriedade do presidente dos EUA, Donald Trump, na famosa Quinta Avenida.
Acompanhado da esposa, Chirlane McCray, e do reverendo Al Sharpton, De Blasio ajudou a pintar no asfalto enormes letras amarelas com a frase que se tornou símbolo da luta contra o racismo e a violência policial.
"Quando dizemos 'vidas negras importam', não há declaração mais americana, não há outra mais patriótica, porque não existe América sem a América negra", disse de Blasio. "Reconhecemos a verdade de nós mesmos como americanos ao dizermos 'vidas negras importam'. Estamos corrigindo um erro", disse o prefeito.
De Blasio anunciou a decisão de pintar o slogan em frente à Trump Tower no mês passado, depois de dizer que a frase seria pintada em vários locais da cidade.
Trump recorreu ao Twitter para dizer que a pintura iria "denegrir a luxuosa avenida" com um "símbolo de ódio", além de "antagonizar ainda mais" a elite de Nova York. De Blasio retrucou na rede social, afirmando que o Black Lives Matter é um movimento para "reconhecer e proteger as vidas das pessoas negras".
A Trump Tower era residência do presidente antes de ele assumir o cargo na Casa Branca. No ano passado, ele mudou seu endereço para a Flórida, enquanto o edifício em Nova York permanece sendo a sede de suas empresas.
Washington foi a primeira cidade americana onde a frase com gigantescas letras amarelas foi pintada, com o apoio da prefeita Muriel Bowser, em uma rua que leva à Casa Branca. Ela disse que o objetivo da ação era demonstrar solidariedade com os americanosindignados com a morte de George Floyd , homem negro morto numa ação policial em Minneapolis, no fim de maio. Desde então, várias cidades do país tiveram o slogan pintado em ruas ou avenidas.
Milhares se manifestaram nos Estados Unidos e até no Canadá contra o maltrato sistêmico de negros pela polícia, redundando em confrontações violentas. Trump contribuiu para acirrar os ânimos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Cortez
"Não consigo respirar"
Protestos tensos contra décadas de brutalidade policial perante cidadãos negros se alastraram rapidamente de Minneapolis a outras localidades dos Estados Unidos. As manifestações começaram na cidade do centro-oeste após a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos: em 25/05/2020, um policial o algemou e pressionou o joelho em seu pescoço até ele parar de respirar.
Foto: picture-alliance/newscom/C. Sipkin
De pacífico a violento
No sábado, os protestos foram basicamente pacíficos, mas se tornaram violentos com o avançar da noite. Em Washington, a Guarda Nacional foi mobilizada diante da Casa Branca. Tiroteios no centro de Indianápolis deixaram pelo menos um morto: segundo a polícia, não havia agentes envolvidos. Policiais ficaram feridos em Filadélfia. Em Nova York, dois veículos da polícia avançaram contra uma multidão.
Foto: picture-alliance/ZUMA/J. Mallin
Saques e destruição
Em Los Angeles, manifestantes enfrentaram com brados de "Black Lives Matter!" (Vidas negras importam) os agentes da lei armados de cassetetes e revólveres com balas de borracha. Na cidade, assim como em Atlanta, Nova York, Chicago e Minneapolis, os protestos se transformaram em revoltas de massa, com saques e destruição de estabelecimentos comercias.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Pizello
Provocador de Estado
O então presidente Donald Trump ameaçou enviar militares para abafar os protestos: "Minha administração vai parar a violência de massa, e de uma vez só", anunciou, acirrando as tensões nos EUA. Apesar de ele ter culpado supostos grupos de extrema esquerda pelas agitações, o governador de Minnesota, Tim Walz, citou diversos relatos de que supremacistas brancos estariam incitando o conflito.
Foto: picture-alliance/ZUMA/K. Birmingham
Mídia na mira da polícia
Diversos jornalistas que cobriam os protestos foram atacados por policiais. Na sexta-feira (29/05), o correspondente da CNN Omar Jimenez e sua equipe foram presos em Minneapolis. A polícia local também atirou na direção de Stefan Simons, da DW, quando ele se preparava para transmitir ao vivo, na noite de sábado. Outros repórteres foram alvejados com projéteis ou detidos quando estavam no ar.
Foto: Getty Images/S. Olson
Além das fronteiras
As manifestações chegaram até o Canadá: no sábado milhares marcharam pelas ruas de Vancouver e Toronto. Nesta cidade, os participantes também lembraram a morte da afro-canadense Regis Korchinski-Paquet, de 29 anos, na quarta-feira (27/05), caída da varanda de seu apartamento no 24º andar, onde se encontrava só com policiais.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Shivaani
#GeorgeFloyd
Milhares também desfilaram diante da embaixada dos Estados Unidos em Berlim, manifestando indignação contra o homicídio de Floyd e o racismo sistêmico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M:.Schreiber
Casa Branca cercada
A Força Nacional fez um cordão de isolamento, no domingo, para proteger a Casa Branca. O presidente Trump chegou a ser levado para um bunker na sede do Executivo, que foi alvo de manifestações por dias.
Foto: Reuters/J. Ernst
Soldados em Washington
Após Trump anunciar o uso de soldados para conter as manifestações, o Pentágono deslocou cerca de 1.600 militares para a área de Washington para apoiar as forças de segurança da capital caso seja necessário, diante dos protestos que marcaram uma semana da morte de Floyd. Na Alemanha, o ministro do Exterior, Heiko Maas, criticou a ameaça de Trump de usar militares armados contra os manifestantes.
Foto: Getty Images/AFP/W. McNamee
Recado de Obama
No dia em que a procuradoria endureceu as acusações contras os quatro policias envolvidos na ação, o ex-presidente dos EUA Barack Obama disse que protestos refletem "mudança de mentalidade" no país e incentivou os jovens a continuar realizando as manifestações. "Espero que (os jovens) sintam esperança, ao mesmo tempo que estão indignados, porque eles têm o poder de mudar as coisas", afirmou.
Foto: Reuters/J. Skipper
Funeral reúne centenas em Minneapolis
Centenas participaram de uma cerimônia fúnebre em homenagem a George Floyd em 04/06. Elas ficaram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, tempo em que Floyd ficou com o pescoço prensado pelo joelho de um policial. "É hora de nos levantarmos em nome de Floyd e dizer: tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirmou o reverendo e ativista pelos direitos civis Al Sharpton (foto) durante o funeral.