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Crise na Irlanda

22 de novembro de 2010

Após pedido de ajuda, premiê irlandês anuncia que dissolverá Parlamento assim que o orçamento de 2011 for aprovado. UE e FMI pressionam Dublin para reestruturar sistema bancário, promover cortes e elevar impostos.

Primeiro-ministro Cowen, agora na mira dos próprios aliadosFoto: AP

Nesta segunda-feira (22/11), o primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, anunciou que antecipará as eleições parlamentares em seu país. Cowen disse que irá dissolver o Parlamento em Dublin assim que o orçamento de 2011 for aprovado. A votação do orçamento está planejada para janeiro de 2011. Cowen descartou, todavia, um pedido de renúncia imediata de sua parte.

Após o pedido de ajuda financeira, também o governo irlandês passou a estar em crise. Dois deputados independentes da coalizão do primeiro-ministro irlandês ameaçaram negar apoio ao orçamento de 2011, o que poderá colocar em risco o pacote de resgate europeu, que determina um rígido corte de gastos.

Além disso, os verdes, também parceiros na coalizão governamental, se disseram a favor de novas eleições para janeiro próximo. “As pessoas se sentem enganadas e traídas”, afirmou o presidente dos verdes irlandeses, John Gormley.

Reivindicação europeia

A União Europeia (UE), os países da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) reivindicaram nesta segunda-feira, por sua vez, que Dublin reestruture seu sistema bancário em crise, enxugue seu orçamento e aumente impostos, como condição para o empréstimo de resgate financeiro.

Um dos principais motivos de críticas é o imposto sobre corporações, que na Irlanda é de 12,5%, o mais baixo de todos os países industrializados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Muitos países-membros da UE acusam a Irlanda de "dumping" na competição internacional para atrair empresas ao país.

No entanto, Dublin continua resistindo, apesar de os bilhões injetados pelo governo irlandês nos bancos em dificuldades terem levado o orçamento público ao limite de sustentabilidade financeira. O ministro irlandês das Finanças, Brian Lenihan, voltou a desmentir especulações de que seu país esteja à beira de falência.

Crise interna ameaça governo

Após o entusiasmo inicial com o pedido de ajuda da Irlanda, a iminente crise política no país aumentou o nervosismo dos mercados. O euro caiu sensivelmente e as bolsas europeias apresentaram queda, assim como as ações de bancos irlandeses.

Os detalhes sobre o pacote de resgate serão tema de negociações em Dublin com um grupo de peritos da UE, dos países da zona do euro e do FMI. O comissário de Assuntos Monetários da UE, Olli Rehn, afirmou que as negociações poderiam durar até o final de novembro.

Ajuda não ultrapassaria os 100 bilhões de euros

"Vamos consultar os nossos amigos irlandeses sobre os passos futuros", disse o representante da Alemanha, Werner Hoyer, vice-ministro no Ministério do Exterior. O montante exato do crédito a ser disponibilizado para a Irlanda ainda não é conhecido. "Há uma margem que é possível", disse Hoyer. O governo irlandês havia falado em uma quantia "abaixo dos 100 bilhões de euros".

Ajuda bilionária a bancos obrigou Dublin a recorrer ao pacote de resgate para evitar o colapsoFoto: picture alliance/dpa

Em entrevista à TV, o ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, elogiou as medidas a serem tomadas pela UE. "Podemos dizer claramente que a notícia não nos pega desprevenidos, como ocorreu no início do ano com a Grécia", afirmou.

Por sua vez, o ministro alemão da Economia, Rainer Brüderle, pede à Irlanda que faça esforços consequentes, para que a economia do país se torne mais competitiva. Ele afirmou, ainda, não ter dúvidas de que isso será conseguido e também não vê perigo para a economia alemã.

Governo britânico prometeu auxílio

Uma oferta de ajuda para a Irlanda veio do país vizinho. O ministro britânico das Finanças, George Osborne, garantiu que seu governo auxiliará a Irlanda com bilhões adicionais. Foi mencionada uma assistência bilateral de cerca de sete bilhões de libras.

O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, deixou claro que não existe atualmente outra alternativa para a Irlanda. Ele afirmou, em entrevista a uma rádio alemã, que se os irlandeses não cortarem nos próximos quatro anos cerca de 15 bilhões de euros de seu orçamento, conforme planejado, não será possível uma ajuda à Irlanda. Ele ressaltou, no entanto, que os irlandeses estão dispostos a fazer tal esforço.

Muitos bancos irlandeses enfrentaram sérias dificuldades devido à crise financeira e imobiliária, tendo que receber empréstimos bilionários do Estado irlandês e do Banco Central Europeu. O orçamento irlandês explodiu devido à crise bancária e seu déficit ultrapassou, neste ano, em mais de dez vezes o limite de 3% do PIB estipulado pelo Tratado de Maastricht.

Devido ao pacote de resgate, os irlandeses têm que se preparar para um período de sacrifícios e cortes drásticos no sistema de seguridade social.

MD/rtr/dpa/dapd
Revisão: Carlos Albuquerque

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