Premiê canadense pede desculpas por foto considerada racista
19 de setembro de 2019
Revista divulgou imagem de 2001 em que Justin Trudeau, candidato à reeleição, aparece com o rosto pintado de marrom numa festa à fantasia. Primeiro-ministro se apresenta como defensor de minorias étnicas do país.
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O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reconheceu nesta quarta-feira (18/09) que posou em 2001 para um foto em que estava fantasiado de Aladdin com o rosto pintado inteiramente de marrom, algo que ele próprio considerou "racista". A imagem foi divulgada faltando cerca de um mês para as eleições gerais do país.
A imagem em preto e branco, revelada pela revista americana Time, causou uma crise na campanha de reeleição do premiê. Depois do escândalo, Trudeau foi obrigado a reconhecer que a foto foi tirada há 18 anos durante uma festa à fantasia numa prestigiada escola particular de Vancouver, onde ele era professor.
Na foto, Trudeau aparece sorridente, com um turbante na cabeça, como o usado pelo personagem do filme da Disney, e o rosto pintado com uma tinta marrom. Na época, o hoje primeiro-ministro, que tentará a reeleição, tinha 29 anos.
"Em 2001, quando era professor em Vancouver, fui a uma festa. O tema era as 'As Mil e Uma Noites'. Eu me fantasiei de Aladdin e me maquiei. Não deveria tê-lo feito", afirmou Trudeau. "Deveria ter sabido que não era adequado, mas o fiz e realmente sinto muito. Lamento profundamente."
Questionado por jornalistas, Trudeau reconheceu que a imagem tem profundas conotações racistas, mas disse que não considerou o gesto como preconceituoso na época. O primeiro-ministro também admitiu que esta não foi a única vez que usou uma maquiagem do tipo (brownface). "Foi algo estúpido que desejaria não ter feito, mas fiz e por isso me desculpo", afirmou.
Nesta quinta-feira, a pressão sobre Trudeau aumentou quando uma emissora de TV revelou um novo vídeo do premiê com o rosto pintado de preto, em uma ocasião distinta da foto. No vídeo, que foi registrado no início dos anos 1990, segundo a emissora Global News, o premiê aparece com jeans rasgados e uma camiseta, os braços para o alto e maquiagem escura no rosto.
Os termos brownface e blackface se referem à prática de pintar o rosto para aparentar ser alguém com uma cor da pele diferente. No século 19, atores brancos o faziam para representar estereótipos racistas e desumanizar afro-americanos.
A primeira foto foi fornecida por um empresário de Vancouver, Michael Adamson, e faz parte do anuário da escola. A notícia acrescentou incerteza à carreira política do primeiro-ministro, que lançou sua campanha à reeleição há uma semana e tem se apresentado aos eleitores como um defensor das minorias étnicas do Canadá.
Trudeau: "Não achei que fosse racista na época"
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Apesar da pressão, o primeiro-ministro descartou a hipótese de não disputar as eleições do próximo mês. Vários candidatos a deputado no país foram obrigados a desistir das candidaturas depois da revelação de antigas mensagens com conteúdo racista postadas nas redes sociais.
Um dos adversários de Trudeau, Jagmeet Singh, que lidera o terceiro partido com maior representação no parlamento do Canadá, o Novo Partido Democrata, é de origem sikh e sempre usa um turbante. Depois da divulgação da foto, ele afirmou que o comportamento de Trudeau é um insulto para muitos canadenses.
"O racismo é real. As pessoas nesta sala o sentiram. Eu experimentei isso na minha vida. Ele tem que responder por essas questões", disse Singh.
Trudeau é admirado pelos liberais de todo o mundo pelas suas políticas progressistas na era Trump, com o Canadá aceitando mais refugiados do que os EUA. Seu governo liberal também defende fortemente o livre-comércio e legalizou o uso recreativo da maconha em todo o país. Trudeau é um fervoroso defensor do multiculturalismo, e pelo menos seis membros do seu gabinete têm origem asiática ou africana.
Mas o político, que é filho do ex-primeiro-ministro Pierre Trudeau, está envolvido em um dos maiores escândalos da história política canadense, que surgiu quando a ex-procuradora-geral do Canadá afirmou que ele a pressionou indevidamente para arquivar um processo criminal contra a SNC-Lavalin, uma das maiores empresas de engenharia e construção do mundo.
O premiê afirma que estava defendendo empregos, mas o escândalo abalou o governo e levou a várias demissões no início deste ano, causando uma queda na popularidade do líder canadense.
Enquanto chilenos ocupam o primeiro lugar na lista dos deputados mais bem pagos da América Latina, italianos são os mais bem remunerados da Europa. Mundialmente, no entanto, o congressista americano é o de maior custo.
Foto: Getty Images/AFP/S. Loeb
Brasil
Somente de salário, um congressista brasileiro ganha 33.763 reais, o que equivale a mais de 35 salários mínimos. Essa cifra mais que duplica, porém, quando se somam outros benefícios. Segundo recente estudo do Centro Latino-Americano de Políticas econômicas e Sociais (Clapes UC) da PUC do Chile, o ganho bruto de um deputado brasileiro perfaz em média 16.462 dólares mensais.
Foto: picture-alliance/robertharding/I. Trower
México
O México não é somente a segunda maior economia da América Latina, mas também ocupa o segundo lugar quando se trata dos ganhos parlamentares: ali, de acordo com o Clapes UC, um deputado federal ganha em média 20,6 mil dólares, o que equivale a 69 salários mínimos mexicanos. Essa é, de longe, a maior proporção entre os países latino-americanos.
Foto: picture-alliance/R. Ben Ari
Chile
Com pouco mais de 23 mil dólares de salário mensal, os deputados chilenos são os mais bem pagos da América Latina. O ganho parlamentar corresponde a 34 salários mínimos no Chile. O Clapes UC ressalta que sua pesquisa se refere apenas à renda livre disponível, não incluindo despesas de representação, diárias ou despesas de transporte, entre outros.
Foto: Getty Images/AFP/M. Goldman
Argentina
Com um salário mensal equivalente a 10.516 dólares, os congressistas argentinos ocupam a quarta posição entre os colegas da América Latina, ganhando pouco acima da média salarial dos deputados latino-americanos, que é 10.205 dólares, de acordo com o Clapes UC.
Foto: picture alliance/Demotix/F. Fiorini
Itália
Segundo pesquisa de maio de 2016 do site suíço "swissinfo.ch", os parlamentares italianos eram os mais bem pagos da União Europeia, com um salário básico anual de mais de 167 mil euros (192 mil dólares). Em segundo lugar estão os austríacos, seguidos pelos alemães.
Foto: Getty Images/AFP/A. Pizzoli
Alemanha
Atualmente, um parlamentar alemão recebe mensalmente por volta de 9,5 mil euros (cerca de 11 mil dólares mensais ou 132 mil dólares anuais) de salário básico bruto. Os deputados também têm direito a voos internos e passagens de trem dentro do país. Na Alemanha, o salário mínimo perfaz 8,84 euros por hora.
Foto: picture-alliance/R. Goldmann
França
De acordo com o site da Assembleia Nacional, um deputado francês recebe um salário bruto mensal de pouco mais de 7,2 mil euros (cerca de 8,3 mil dólares) . Eles têm, entre outros, direito a táxis gratuitos em Paris e acesso grátis à primeira classe em trens franceses, além de dezenas de passagens aéreas entre Paris e seu distrito eleitoral. Na França, o salário mínimo perfaz 9,88 euros por hora.
Foto: picture-alliance/Maxppp/J. Mattia
Reino Unido
Segundo o governo britânico, o salário anual básico de um deputado é de 77.379 libras (cerca de 99 mil dólares) anuais. Os deputados também recebem benefícios, entre outros, para cobrir os custos de uma moradia em Londres ou no seu distrito eleitoral, como também viajar entre o Parlamento em Londres e seu distrito eleitoral.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/N. Economou
Austrália
Na Austrália, o salário básico de um deputado federal gira em torno de 150 mil dólares americanos anuais. Dependendo da função do parlamentar, no entanto, essa remuneração pode variar. Um chefe de bancada pode ganhar 60 mil dólares anuais a mais que seus colegas. No país da Oceania, a média salarial gira em torno de 58 mil dólares americanos anuais.
Foto: picture-alliance/Arcaid/J. Gollings
Quênia
No ano passado, os deputados quenianos tiveram uma redução salarial de 15%, passando a ganhar o equivalente a 6,1 mil dólares mensais. Além disso, os parlamentares do país africano tinham direitos a diversos outros benefícios, empréstimo para carro pessoal e hipoteca até 190 mil dólares. Só para lembrar: o salário médio no Quênia é de 150 dólares mensais.
Foto: Imago/Peter Widman
Japão
No Japão, um membro da Câmara dos Representantes ganha o equivalente a 143 mil dólares anuais. Eles também têm direito a três funcionários de gabinete pagos com direito público, passagens gratuitas em trens de alta velocidade e quatro passagens de ida e volta de avião entre Tóquio e seu distrito eleitoral.
Foto: Imago/Kyodo News
Estados Unidos
Desde 2009, o salário básico de um congressista americano é 174 mil dólares anuais (14,5 mil dólares mensais). Um estudo da ONU em parceria com a UIP (União Interparlamentar), divulgado em 2013, apontou que o custo anual total de cada parlamentar americano, no entanto, era o mais alto do mundo (9,57 milhões de dólares).