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Premiê da Turquia troca dez ministros em meio a protestos contra corrupção

26 de dezembro de 2013

Na sequência do escândalo que levou à renúncia de três ministros, Erdogan anuncia reformulação de gabinete e enfrenta protestos em importantes cidades do país, a três meses das eleições locais.

Foto: picture-alliance/dpa

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan trocou dez ministros de seu gabinete na noite desta quarta-feira (25/12). A reformulação vem na esteira da renúncia, horas antes, dos titulares das pastas da Economia, Interior e Meio Ambiente, envolvidos num escândalo de corrupção.

Erdogan, que vive uma de suas piores crises políticas em 11 anos no poder, anunciou a nova composição do gabinete após uma reunião de quase uma hora e meia com o presidente, Abdullah Gül, e apareceu diante das câmeras visivelmente abatido e sem sua habitual eloquência.

Ao mesmo tempo, foram registrados protestos nas cidades de Ancara, Istambul e Izmir. A população pede a renúncia de todo o Executivo. A polícia dispersou com gás lacrimogêneo centenas de pessoas no bairro de Kadiköy, em Istambul, mas outra manifestação já está marcada para esta sexta-feira.

As horas de incerteza entre a renúncia e as novas nomeações mostraram que o escândalo deixou Erdogan em situação difícil, inclusive entre seus correligionários, principalmente depois de o ex-ministro do Meio Ambiente e Urbanismo, Erdogan Bayraktar, acusar o premiê de ter responsabilidades no caso e sugerir sua renúncia.

O escândalo de corrupção no país levou a União Europeia a pedir que a independência do Poder Judiciário turco seja preservada. O valor da moeda local, a lira turca, caiu a um mínimo histórico de 2,1025 em relação ao dólar na última segunda-feira.

Os ministros Zafer Çaglayan, Muammer Güler e Erdogan Barayktar deixaram seus cargos após um juiz decretar a prisão preventiva de seus filhos, acusados de participação em uma rede de suborno e fraude em contratos urbanos. Os três ministros negaram qualquer envolvimento no escândalo.

Erdogan vive uma de suas piores crises políticas em mais de 10 anos no poderFoto: picture-alliance/AP Photo

Justificativas oficiais

Ao anunciar a mudança dos titulares das pastas – que atingiu 10 de seus 25 ministros –, Erdogan se referiu ao escândalo somente de forma indireta, dizendo que "alguns dos meus amigos pediram para ser dispensados devido aos recentes acontecimentos".

Em seguida, comentou que uma parte dos ministros está deixando o governo para disputar as eleições locais de março e "outros são alterações propostas ao presidente dentro do meu critério e aprovadas por ele".

Em declarações publicadas nas edições desta quinta-feira dos jornais Hürriyet e Yeni Safak, o premiê turco afirma ser o alvo final das investigações de corrupção que envolvem seus aliados. Ele disse a jornalistas que qualquer um que tentar emaranhá-lo no escândalo será "deixado de mãos vazias".

"Estado obscuro"

Entre os dez novos ministros nomeados na noite desta quarta-feira está Efkan Ala, o ex-governador da província de Diyarbakir, que vai comandar a poderosa pasta de Interior e supervisionar a segurança doméstica.

"Ele [premiê Erdogan] está tentando montar um gabinete que não ofereça qualquer oposição. Neste contexto, Efkan Ala desempenha um papel importante", disse Kemal Kilicdaroglu, chefe do partido CHP, o maior de oposição, em entrevista à imprensa turca.

Ele afirmou, ainda, que Erdogan tem um "Estado obscuro", tal como seu partido. Kilicdaroglu usou um termo que, para os turcos, denota uma sombria estrutura de poder sem impedimentos por controle democrático ou oposição.

Entre os novos nomes não está nenhum peso pesado do AKP, o partido governista, exceto Bekir Bozdag, até então vice-primeiro-ministro e agora ministro da Justiça. Mevlüt Çavusoglu, presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa entre 2010 e 2012, será o novo titular de Assuntos Europeus, substituindo Egemen Bagis, que foi até agora um dos ministros mais influentes do gabinete.

A polícia dispersou um protesto em Istambul com gás lacrimogêneoFoto: picture-alliance/dpa

Também foram trocados os nomes das pastas de Família, Transportes, Infraestrutura e Ciência, e nomeado um novo vice-primeiro-ministro. O escândalo de corrupção foi um duro golpe no governo a apenas três meses das eleições locais, marcadas para 30 de março.

FC/efe/rtr/ap/afp/dpa

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