Indicação de Mark Rutte como novo secretário-geral da aliança militar recebe apoio de EUA, Alemanha e Reino Unido. Troca de comando marcará fim de uma década de liderança do norueguês Jens Stoltenberg.
"Com sua imensa experiência, seu grande conhecimento em política de segurança e suas fortes habilidades diplomáticas, ele é um candidato excepcional", disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, que acrescentou que Rutte tem o apoio do chanceler federal, Olaf Scholz.
O presidente dos EUA, Joe Biden, também apoia "fortemente" o premiê holandês, de acordo com uma autoridade americana. "O primeiro-ministro Rutte tem uma profunda compreensão da importância da aliança, é um líder e comunicador nato, e sua liderança serviria bem à aliança neste momento crítico", disse a repórteres.
Paralelamente, um porta-voz do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, disse que Rutte era muito respeitado entre os membros da Otan e "tem sólidas credenciais em defesa e segurança".
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Posição delicada
O atual secretário-Geral da Otan, Jens Stoltenberg, vai encerrar seu mandato em outubro, após permanecer uma década no posto.
Seu sucessor terá que procurar equilibrar o apoio dos membros da Otan à Ucrânia e, ao mesmo tempo, evitar qualquer escalada que possa levar a aliança a uma guerra contra a Rússia.
Fundada em 1949 para contrabalancear a força da União Soviética durante a Guerra Fria, a Otan é uma aliança política e militar de países da América do Norte e da Europa.
Consagrado no Artigo 5 de seu tratado de fundação está o princípio da defesa coletiva - a ideia de que um ataque a um membro é considerado um ataque a todos.
Indicação precisa de apoio de todos os 31 países-membros
A indicação para o cargo de secretário-geral da Otan é escolhida por consenso, o que significa que todos os membros devem concordar com a decisão final. No entanto, os EUA costumam exercer mais peso na escolha. Atualmente, a aliança tem 31 membros - em breve ela deve ser expandida com a entrada da Suécia.
Rutte tem sido um rosto conhecido na política europeia após completar 13 anos como primeiro-ministro da Holanda - o mais longo mandato na história do país.
No ano passado, Rutte disse à mídia holandesa estar aberto à ideia de assumir chefia da Otan, algo que ele classificou como "um trabalho muito interessante".
Além de Rutte, a lista de aspirantes confessos ao cargo inclui a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, e o ministro das Relações Exteriores da Letônia, Krisjanis Karins. O nome do presidente romeno Klaus Iohannis também tem sido mencionado em discussões informais recentemente.
Espera-se que o sucessor de Stoltenberg seja anunciado em Washington, o mais tardar, em julho, para coincidir com a reunião que vai marcar o 75º aniversário da aliança.
jps/le (Reuters, dpa, AFP)
História da presença militar americana na Alemanha
Desde a Segunda Guerra, o território alemão é ponto estratégico para as Forças Armadas americanas. Mas a parceria transatlântica, antes quase inabalável, ficou estremecida com a chegada de Trump à Casa Branca.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Parceria em xeque
Quase 35 mil soldados americanos estão estacionados na Alemanha - a maioria deles no oeste e no sul do país. Nenhum outro país da Europa tem tantos soldados dos EUA em seu território. Mas isso está prestes a mudar: Donald Trump (na foto acima na base de Ramstein) quer retirar 12 mil militares da Alemanha. Uma ruptura para a aliança militar entre os dois países.
Foto: Reuters/J. Ernst
De inimigo a protetor
O ponto de partida da presença militar americana na Alemanha foi a Segunda Guerra Mundial. Os americanos haviam libertado a Alemanha do nazismo em 1945 junto com três outros aliados. Mas o antigo aliado de guerra, a União Soviética, rapidamente se tornou um novo inimigo. Na Berlim dividida, tanques americanos e soviéticos ficavam frente a frente.
Foto: picture-alliance/dpa
O soldado Elvis
Com os soldados americanos, a cultura americana também veio para a República Federal da Alemanha. O rei do rock, como Elvis Presley viria a ser chamado mais tarde, já foi um simples soldado americano. Em 1958, ele começou seu serviço militar na Alemanha. Na foto, ele acena aos fãs na estação de trem em Bremerhaven.
Foto: picture-alliance/dpa/L. Heidtmann
Residências próprias
Na foto, um militar americano em uma rua da área residencial do Exército dos EUA no aeródromo de Wiesbaden-Erbenheim. No entorno das bases americanas, há conjuntos habitacionais só para os soldados americanos e suas famílias. Isso muitas vezes dificultou a integração deles na população alemã. Em 2019, o Exército americano empregava 17 mil civis americanos na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Festas de rua
Apesar de os conjuntos habitacionais estarem relativamente isolados, havia encontros entre famílias americanas e alemãs desde o início. Nos primeiros anos, festas nas ruas de Berlim eram organizadas no verão. E no inverno, por exemplo, o Exército americano fazia festas de Natal para crianças alemãs. Houve também Semanas de Amizade Alemanha-EUA.
Durante a Guerra Fria, a localização da Alemanha Ocidental tornou-se particularmente importante: na foto, em 1969, os exercícios anuais da Otan na Alemanha estão em pleno andamento. Na época, os americanos realizavam extensas manobras militares em conjunto com a Bundeswehr. A Alemanha estava dividida. O inimigo era a União Soviética e os Estados do Pacto de Varsóvia.
Foto: picture-alliance/K. Schnörrer
Tensão nuclear
Em 1983, os mísseis Pershing 2 foram levados para a base americana em Mutlangen sob guarda pesada. Os mísseis com ogivas nucleares evoluíram para uma questão política: eles se destinavam a preencher uma lacuna na dissuasão do Pacto de Varsóvia por parte da Otan. O movimento pela paz, por outro lado, via tudo isso como uma ameaça e reagia com grandes manifestações.
Foto: picture-alliance/dpa
Discordância sobre Iraque
Cerca de 20 anos depois, o presidente dos EUA, George W. Bush, iniciava uma guerra contra o Iraque alegando que o país do Oriente Médio tinha armas de destruição em massa. O chanceler Gerhard Schröder rejeitou a participação de soldados alemães no conflito – e sabia ter o apoio da maioria dos eleitores. A disputa abalou a relação entre os dois governos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpa_pool/A. Altwein
Alemanha: ponto estratégico
Mesmo após a retirada de 12 mil soldados americanos, como Trump pretende, a Alemanha permaneceria importante para os interesses estratégicos dos Estados Unidos. A base americana em Ramstein desempenha um papel-chave como a sede da Força Aérea dos EUA na Europa. As controversas missões de combate com drones contra supostos terroristas na África e na Ásia também são controladas a partir de Ramstein.