Premiê iraquiano promete libertar país do EI em 2016
28 de dezembro de 2015
Ao felicitar o Exército do Iraque pela retomada de Ramadi, Haider al-Abadi garante que "Estado Islâmico" será expulso do país no próximo ano: a libertação de Mossul será o golpe final contra o grupo extremista.
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O Iraque estará livre dos extremistas do "Estado Islâmico" (EI) em 2016, declarou o primeiro-ministro Haider al-Abadi, após ter comunicado que as forças de segurança iraquianas haviam retomado o controle sobre a cidade de Ramadi, nesta segunda-feira (28/12). Esta foi a primeira vitória militar do Iraque desde a derrocada frente aos combatentes jihadistas há 18 meses.
"Se 2015 foi um ano de libertação, 2016 será o ano de grandes vitórias, acabando com a presença do Daesh [acrônimo de EI em árabe] no Iraque e na Mesopotâmia [denominação antiga para o planalto localizado entre os rios Tigres e Eufrates, que atualmente engloba o norte da Síria e boa parte do Iraque]", disse o premiê, em discurso televisionado à nação. "Estamos chegando para libertar Mossul, que será o golpe fatal ao Daesh."
O premiê iraquiano não deixou claro, no entanto, se a cidade de Mossul será a próxima batalha ou se as forças iraquianas tentaria recuperar outras localidades primeiro. Mossul, a principal cidade no norte do Iraque, é de longe o maior centro populacional dentro da área do autoproclamado "Califado" do EI no Iraque e na Síria.
Abadi felicitou o Exército iraquiano pela recaptura de Ramadi, nas mãos do EI desde maio, após um ataque jihadista devastador. Ele disse que a cidade poderia ter sido libertada "muito mais cedo", mas as forças iraquianas avançaram com cautela para restringir as baixas civis.
O governador da província de Anbar, Sohaib Alrawi, afirmou que 80% de Ramadi, localizada cerca de 70 quilômetros a oeste de Bagdá, está livre dos jihadistas. Imagens de televisão mostraram veículos militares nas ruas devastadas da cidade. A coalizão anti-EI liderada pelos EUA divulgou imagens de drones que mostram a bandeira do Iraque sendo hasteada num complexo governamental no centro de Ramadi.
O especialista em militar iraquiano, Safaa al-Obeidi, disse à agência de notícias DPA que a recaptura de Ramadi abre o caminho às forças do governo para retomar outras áreas da província de Anbar, possivelmente começando com a cidade de Fallujah, a oeste de Bagdá.
PV/dpa/rtr/afp
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.