Premiê polonês vence moção de confiança no Parlamento
11 de junho de 2025
Centrista Donald Tusk pediu voto após o conservador Karol Nawrocki vencer eleição presidencial. Primeiro-ministro prometeu concluir seu mandato, apesar do crescimento da oposição.
Donald Tusk (sentado, na primeira fileira) evita possível eleição antecipada com vitória na moção de confiançaFoto: Rafal Guz/PAP/dpa/picture alliance
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O governo pró-europeu do primeiro-ministro polonês Donald Tusk ganhou um voto de confiança no Parlamento nesta quarta-feira (11/06), em um movimento iniciado pelo próprio para demonstrar que ainda tem o apoio da maioria do Legislativo apesar da derrota de sua coalizão na eleição presidencial no início do mês.
A votação foi convocada por Tusk após o nacionalista conservador Karol Nawrocki vencer a apertada disputa presidencial contra o liberal Rafal Trzaskowski. A derrota da coalizão governamental aumentou a pressão sobre o premiê para convocar eleições parlamentares antecipadas, apesar de um novo pleito não estar previsto até 2027.
"Estou pedindo um voto de confiança porque tenho convicção de que temos um mandato para governar", disse Tusk na quarta-feira, no início da sessão parlamentar.
O governo precisava de uma maioria simples e, após várias horas de debate parlamentar, 243 deputados de um total de 460 assentos votaram a favor da permanência de Tusk – 210 votaram contra.
Tusk prometeu permanecer no cargo, mas enfrenta tensões dentro de sua coalizão governamental, especialmente de siglas que defendem valores conservadores e querem mais restrições à imigração.
Base parlamentar deu voto de confiança a Tusk, apesar de disputas internasFoto: Omar Marques/Anadolu/picture alliance
Novo presidente deve barrar reformas
A Polônia, membro da União Europeia (UE) e da Otan, com 38 milhões de habitantes, tem uma economia em rápido crescimento e se torna um ator regional cada vez mais importante desde a invasão russa da Ucrânia em 2022.
O país desempenha um papel crucial como aliada política e militar da Ucrânia, e serve como importante centro logístico para o apoio militar ocidental ao país invadido pela Rússia.
Ex-presidente do Conselho Europeu, Tusk chegou ao poder em 2023 sob uma coalizão centrista e com a promessa de aprovar reformas como a liberalização do aborto e voltadas à despolitização do Judiciário.
No entanto, embora possua maioria parlamentar, sua base enfrentará um desafio maior quando Nawrocki tomar posse em agosto.
O conservador deve tentar barrar reformas e impulsionar seu partido de oposição, o Lei e Justiça (PiS), assim como fez seu antecessor, Andrzej Duda. Os presidentes poloneses têm alguma influência sobre a política externa e de defesa, mas sua principal prerrogativa é vetar qualquer legislação aprovada pelo Parlamento.
Nawrocki é um opositor ferrenho, e já alertou que Tusk pode esperar "forte resistência do palácio presidencial."
Vitória de Karol Nawrocki foi comemorada por ultradireita europeiaFoto: Jakub Porzycki/Anadolu/picture alliance
Em nível internacional, isso também pode dificultar os laços com Bruxelas, principalmente em relação a questões de Estado de Direito. Nawrocki apoia as polêmicas reformas judiciais implementadas pelo governo anterior do PiS (2015 a 2023), que entraram em choque com as diretrizes da UE.
Tusk destaca segurança de fronteira e avanços diplomáticos
Em seu discurso no Parlamento em defesa da sua manutenção no cargo, Tusk destacou o que chamou de principais conquistas de seu governo nos últimos 18 meses.
Ele enfatizou o fortalecimento da fronteira da Polônia com Belarus como uma realização importante no combate à migração irregular, lembrando que a Polônia conseguiu apoio da UE para o projeto, e reiterou acusações de que o líder belarusso Alexander Lukashenko está deliberadamente enviando migrantes de regiões em crise para a fronteira polonesa.
Ele mencionou ainda um recente acordo assinado com a França, que inclui disposições para colaboração na defesa, e elogiou os fortes laços com os Estados Unidos. E anunciou uma reforma ministerial prevista para julho, prometendo "novas caras" e um foco maior em melhorar a estratégia de comunicação do governo.
gq/bl (afp, dpa)
O mês de junho em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
Israel e Irã trocam agressões em escalada militar
Israel lançou um ataque contra instalações nucleares do Irã, matando 78 pessoas, incluindo três dos chefes militares do país e dezenas de civis. A ofensiva desencadeou uma troca de agressões sem precendentes entre os países. Em retaliação, a República Islâmica disparou dezenas de mísseis contra Tel Aviv e Jerusalém, furando o Domo de Ferro israelense e ferindo 34 pessoas. (13/06)
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
Queda de avião na Índia deixa mais de 200 mortos
Um avião da Air India com 242 pessoas a bordo caiu em uma área residencial logo após decolar perto do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia. Apenas um dos passageiros a bordo sobreviveu. A polícia indiana contabiliza ainda outras 24 vítimas que estavam no solo e morreram no momento do acidente. A causa do acidente está sendo investigada (12/06)
Foto: Ajit Solanki/AP Photo/picture alliance
Ajuda humanitária em Gaza na mira de militares israelenses
Pelo menos 21 palestinos morreram enquanto se dirigiam a locais de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Entidades denunciam, além da violência, quantidade insuficiente de alimentos, após meses de bloqueio à entrada de itens básicos por Israel. O exército israelense alegou que disparou "tiros de advertência". O número de palestinos mortos em 20 meses de guerra já supera 55 mil. (11/06)
Foto: Saeed Jaras/Middle East Images/AFP/Getty Images
Réu no STF, Bolsonaro é interrogado em processo da trama golpista
Ao longo de dois dias, ex-presidente e outros sete ex-auxiliares acusados de integrar "núcleo crucial" da trama golpista depuseram na Primeira Turma. Político negou ter discutido planos de golpe após perder a eleição e disse que só debateu medidas constitucionais com militares, mas que não editou "minuta do golpe". (10/06)
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Israel detém barco que levava Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila
A Marinha de Israel interceptou um barco que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. O veleiro Madleen, da iniciativa internacional Flotilha da Liberdade, levava 12 ativistas a bordo. Eles foram escoltados até um porto e, segundo o governo israelense, serão deportados. (09/06)
Trump chama militares para reprimir protestos na Califórnia contra prisão de imigrantes
O presidente americano Donald Trump enviou militares da Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos que eclodiram na esteira de uma série de operações de detenção de supostos migrantes irregulares. A medida não tem apoio do governo do estado da Califórnia, que acusou Trump de tentar provocar uma crise. (08/06)
Foto: Frederic J. Brown/AFP
Rússia amplia ataques contra 2ª maior cidade da Ucrânia
A Rússia executou diversos ataques no centro de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, deixando cinco civis mortos e mais de 61 feridos, incluindo um bebê e uma adolescente de 14 anos. Bombas planadoras, um míssil e 53 drones atingiram prédios residenciais. O prefeito do município classificou a ação como o ataque mais severo desde o início da guerra. (07/06)
Foto: Sofiia Gatilova/REUTERS
Marcelo livre
Um juiz americano determinou a libertação do estudante brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, que chegou aos Estados Unidos com cinco anos de idade e foi detido pelo Serviço de Imigração (ICE) a caminho de um treino de vôlei. Ele ficou preso por cinco dias, durante os quais dormiu em chão de concreto, sem acesso a chuveiro, acompanhado de homens com o dobro da sua idade. (06/06)
Foto: Rodrique Ngowi/AP
Musk e Trump trocam insultos e rompem relações
Bilionário que atuou como conselheiro da Casa Branca criticou projeto de lei de Orçamento de Trump que prevê cortes de impostos e aumento de gastos batizado pelo presidente como "Big Beautiful Bill". Musk chegou a endossar impeachment de Trump e associou presidente ao pedófilo Jeffrey Epstein. Trump reagiu dizendo que Musk "enlouqueceu" e ameaçou cortar contratos da SpaceX com governo. (05/06)
Foto: Nathan Howard/REUTERS
Moraes ordena prisão de Carla Zambelli após deputada deixar o país
O ministro do STF acatou pedido da PGR de prisão preventiva contra a deputada federal e determinou a inclusão dela na lista de procurados da Interpol. Moraes determinou bloqueio de salários, bens, contas bancárias e perfis em redes sociais. Parlamentar deixou o país após ser condenada a 10 anos de prisão e à perda de mandato por envolvimento na invasão do CNJ. (04/06)
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Governo da Holanda desmorona após saída de ultradireitista
Alegando insatisfação com a política migratória, Gert Wilders – também conhecido como "Trump holandês" – e seu partido deixaram coalizão de governo, levando primeiro-ministro Dick Schoof (foto) à renúncia após menos de um ano de mandato. Sem maioria no parlamento, Schoof permanecerá interinamente no cargo até a realização de novas eleições e formação de um novo gabinete. (03/06)
Foto: Peter Dejong/AP/picture alliance
Conservador Karol Nawrocki vence eleição presidencial na Polônia
Resultado é derrota para o governo do primeiro-ministro Donald Tusk e deve dificultar andamento de políticas pró-União Europeia. Apoiado pelo partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), Nawrocki poderá vetar leis e desgastar o governo com bloqueios no Parlamento. Aliança frágil de Tusk pode não resistir até 2027. (02/06)
Foto: Czarek Sokolowski/AP/dpa/picture alliance
Ucrânia destrói aviões de guerra da Rússia em ataque massivo de drones
Na véspera de uma nova rodada de negociações de paz, Ucrânia e Rússia intensificaram sua ofensiva militar e protagonizaram ataques sem precedentes. Enquanto, Kiev destruiu 41 aviões militares na Sibéria, ofensiva de maior alcance no território russo em três anos de guerra, Moscou lançou número recorde de drones contra território ucraniano. (1º/06)